Eclipse solar: cearenses formam filas para pegar óculos especiais e assistir fenômeno; veja imagens

O POVO acompanhou os principais locais para acompanhar o eclipse e mostra como foi a movimentação

O eclipse solar anular começou e os cearenses se reuniram em grupos para acompanhar o fenômeno que acontece na tarde deste sábado, 14 de outubro. A expectativa é de que toda a sobreposição do Sol pela Lua dure cerca de 2 horas. O POVO acompanhou os principais locais de observação e conta, com imagens, como está.

No evento, a maior parte do Sol é coberta pela Lua, mas o satélite natural não consegue bloquear completamente a luz do astro, deixando uma borda brilhante ao redor. A aparência pode lembrar um “anel de fogo”.

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O último eclipse anular aconteceu em 2021, mas não foi visível em território brasileiro. Após outubro de 2023, a população só conseguirá avistá-lo novamente no País em fevereiro de 2028, segundo informações do Observatório Nacional (ON).

Uece com público maior do que o esperado

Na Universidade Estadual do Ceará, os organizadores não esperavam tantas pessoas. Ao todo, foram distribuídos 300 óculos para a observação, mas a orientação, agora, é de que as pessoas revezem o uso das lentes para que todos possam conferir o acontecimento.

O POVO apurou que alguns dos presentes estão na Universidade desde 12 horas. E ainda estão chegando grupos para acompanhar a sobreposição do Sol pela Lua.

O professor Vladimir Spinelli, provedor da Santa Casa e professor aposentado da Uece, é um deles. Juntamente com o neto, o plano dele é fotografar o eclipse.

"A gente tem que aproveitar a oportunidade. É a primeira vez que eu vou ver realmente um eclipse. Lembro de como foi quando criança, no eclipse total, que eu não lembro muito bem. Eu que fotografo a lua em todos os ciclos dela, tenho uma ligação. Nesse momento em que ela vai se sobrepor a ele, eu não posso perder", contou.

Praia de Iracema reúne grupos

Outro local no qual as pessoas também estão se reunindo para observar o eclipse em Fortaleza é a Praia de Iracema. O ponto turístico e onde o sol sempre é o principal atrativo também promete ser bom para a observação.

Vivyane Ferreira, 34, corretora de imóveis, e Wendel Gomes, 40, funcionário público, vieram para a praia só para ver o evento astronômico. Viram no jornal que a Praia de Iracema era um dos pontos para a visualização e escolheram PI porque era mais próximo.

"Fomos ao Dragão do Mar para tentar o óculos mas esgotou em 1 hora. Passamos em quatro lojas de material de construção e até a número 12 não tinha mais", contou Vivyane. Eles compraram a lente no local.

O empreendedorismo também é observado no dia do eclipse. O representante de vendas Marcio Santos viu a oportunidade de faturar com o evento. Ele está vendendo as lentes para a observação por R$20, cada. O preço das lentes, ao longo da semana, era de R$ 3. "Consegui comprar hoje na distribuidora e vim vender". Em 15 minutos já vendeu 15 unidades", contou.

Já Israel Soares, 25, auxiliar administrativo, veio com a família. Ele também teve a preocupação de ter uma das lentes que protegem os olhos para observar o fenômeno. "Compramos em um depósito de construção perto de casa, no Conjunto Ceará". Eles fizeram um suporte com papelão de caixa de sapato.

Ariadne Sampaio é ex-aluna de Ciências Sociais da Uece disse que conseguiu o filtro perto de casa por R$ 5, mas que conhece pessoas que compraram por até R$ 30.

Eclipse solar: cuidados para observar o fenômeno

“A quantidade de luz que chega do Sol até aqui é muito alta, muito mais alta do que a nossa estrutura ocular consegue suportar. Então tentar observar o eclipse sem uma proteção, sem algo que filtre esse excesso de luz solar, é extremamente perigoso”, começa o professor de astronomia do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará, Romário Fernandes.

O profissional também é editor do canal Astronomicamente e descreve os potenciais danos à retina ao O POVO. “Dependendo do grau de exposição (da luz solar), é algo que pode vir a ter consequências mais pra frente. (...) A gente pode sintetizar dizendo que o risco é a cegueira”, diz.

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Com a chegada do eclipse, Fernandes apresenta métodos ao observador interessado. O primeiro, da projeção, inclui produzir uma “caixinha”, fazer um pequeno orifício em um lado do objeto “e deixar que os raios luminosos se projetem do outro lado”, completa.

Olhar diretamente para o Sol, ao invés de sua projeção na caixa adaptada, ainda é possível, desde que o indivíduo se equipe com a proteção adequada. Entre os sistemas mais indicados está o vidro de solda número 14.

Eclipse solar: proteção extra para o observador

Os filtros solares normalmente possuem estrutura de papelão, com uma lente que aparenta ser de papel celofane. Nas “pernas do óculos”, costuma-se encontrar a indicação da certificação, comprovando sua autenticidade.

“O ideal seria olhar (para o eclipse) 20, 30 segundos, aí descansar a vista e depois de um minuto ou dois olhar de novo. Porque mesmo eles (os óculos) não vão proteger 100%”, destaca Romário.

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Eclipse solar: o que não vale usar

O professor de astronomia ainda alerta para o uso de óculos de sol, vidro escuro ou até mesmo a observação do Sol refletido em uma bacia de água. Nenhum deles são métodos recomendados ou seguros para a população em geral.

“Todos esses métodos podem ser extremamente prejudiciais, porque eles reduzem o brilho, a luz visível que chega aos nossos olhos. (...) Mas nenhum deles bloqueia o infravermelho, o ultravioleta”, completa.

Com informações de Ana Rute Ramires e Karyne Lane

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