Ceará apresenta redução de 5% no número de mortes violentas, em setembro

Conforme a SSPDS, os números caíram de 255 casos em agosto para 240 em setembro. Fortaleza apresentou redução de 21% nas notificações

21:11 | Out. 09, 2023

Por: Cotidiano O POVO
A nova configuração pelo domínio do tráfico causou impacto nos número de CVLIs (foto: Mateus Dantas em 14/02/2019)

Os números de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) registrados no mês de setembro foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), nesta segunda-feira, 9, e apontam para uma redução de 5,1% das notificações no Estado. Fortaleza também apresentou redução nos registros no mesmo período, de 21,4%. Em outros pontos do Ceará, os números subiram, puxados por brigas entre facções, como é o caso de Caucaia.

O conflito entre facções estabelecido em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, pela disputa de territórios para o tráfico de drogas, impactou nos números CVLIs, em setembro. De acordo com os dados da SSPDS, 25 homicídios foram registrados na Área Integrada de Segurança (AIS) 11. Levando em consideração todo o ano, já são 167 notificações.

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A região tem sido prejudicada pelo avanço de uma facção, nascida na cidade, denominada Massa. A organização criminosa trava uma disputa com o Comando Vermelho (CV), para monopolizar os pontos de vendas de drogas. A facção local já predomina no Parque Potira, Araturi, Parque Leblon e está avançando contra o Residencial José Lino da Silveira, ainda dominado pela Guardiões do Estado (GDE).

Durante o mês de setembro, a cidade registrou ataques com múltiplas mortes, como um triplo homicídio, no dia 10 de setembro, durante uma festa rave, na localidade de Barra Nova; e uma chacina com quatro vítimas, no dia 18, no bairro Mestre Antônio.

Como O POVO tinha noticiado, desdobramentos deste mesmo conflito se agravaram no Grande Jangurussu, em Fortaleza. Segundo os registros da SSPDS, o número de CVLIs na área foi o mais alto deste ano, com 18 mortes. A AIS 3, que compreende os bairros do Grande Jangurussu, é a mais violenta da Capital, com 100 mortes violentas registradas no ano de 2023.

Um oficial da PM afirma que o aumento de execuções em pontos da Capital, em Caucaia e em algumas cidades do Interior são consequência da nova configuração que as facções ganharam no Estado, com o enfraquecimento da GDE e o surgimento da Massa.

"A Massa tem investido em alguns lugares que eram dominados pela GDE, por entender que a facção está fragilizada e está muito mais fácil expulsá-la de determinadas áreas. Os conflitos se intensificaram com o CV, que é um inimigo histórico da GDE, e também quer ocupar esses espaços deixados por ela. Tanto em Caucaia, quanto no Grande Jangurussu é a Massa que tem piorado o número de execuções", explicou o militar, que preferiu não se identificar.

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Queda no geral

Ainda conforme os números tabulados pela SSPDS, houve uma queda no número geral de mortes violentas no Ceará. Enquanto em agosto foram registrados 255 casos, em setembro foram 240. Os números se mostram altos no decorrer de todo o ano, com mais de 200 registros de CVLIs no Estado em todos os meses. O total de casos de janeiro a setembro já chega a 2.124.

Somente em Fortaleza, são 513 casos, nestes nove primeiros meses do ano. O mês de setembro apresentou leve queda na Capital em relação a agosto, com 65 e 62 casos, respectivamente. 

O interior do Estado tem 2.124 notificações de mortes violentas neste ano. No mês de setembro, a AIS 17, que engloba a região de Itapipoca, onde O POVO também já tinha antecipado que a violência estava aumentando por conta da morte de um traficante, foi a que apresentou os maiores índices de CVLIs, com 25 casos.