CE: combate às facções é necessário para "restabelecer autoridade do Estado", diz secretário do MJSP
Tadeu Alencar esteve em Fortaleza para participar de um evento e ressaltou a necessidade de integração de forças de segurança no enfrentamento à criminalidadeO secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, esteve em Fortaleza nesta sexta-feira, 29, para participar do Fórum Nacional de Segurança Cidadã e Defesa Civil e destacou a necessidade de intensificar o combate às organizações criminosas. O representante do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) disse que é preciso "restabelecer a autoridade do Estado", durante seu discurso no evento.
Depois da solenidade, Tadeu Alencar disse ao O POVO que a Segurança Pública é uma atividade coletiva, que reclama atuação integrada do Governo Federal, dos estados e dos municípios. Segundo ele, na próxima segunda-feira, 2, será lançado um programa nacional de enfrentamento às organizações criminosas.
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"É um programa que trabalha com diversos eixos, mas principalmente com uma estruturação de uma polícia nacional, com interação com o Poder Judiciário, o Ministério Público, que restaure a autoridade do Estado brasileiro e possa trazer um clima de mais tranquilidade para nossa população", afirmou.
O secretário disse que é necessário que as informações de inteligência sejam integradas e que considera um absurdo o País não ter uma banco de mandados de prisão acessível entre os estados. Alencar afirma que é preciso avançar no controle das fronteiras e na fiscalização dos portos.
"Temos que olhar o Brasil por inteiro. As regiões mais pobres do Brasil, por suas vulnerabilidades crônicas, continuam sendo as mais atingidas por essa criminalidade violenta. As facções criminosas acharam espaço de disseminação. O Ministério da Justiça tem clareza que a Segurança Pública é de responsabilidade integrada e a criminalidade precisa ser atacada com esse olhar", explanou.
Tadeu Alencar declarou que as facções ganharam potência nos últimos anos e têm demonstrado capacidade de enfrentamento com as forças de segurança com equipamentos poderosos, como armas de grosso calibre e carros blindados.
"Isso reclama uma resposta enérgica do Estado brasileiro. Quando eu falo enérgica não é uma resposta que atue sem os mecanismos e os valores humanísticos de uma polícia democrática e republicana. Temos que pensar em padrões que no mundo civilizado são internacionais, de uso progressivo da força, observância da lei, respeito aos direitos humanos, mas isso não pode ser confundido com uma fraqueza do Estado", considerou.
Segurança pública no Brasil: indicadores altos de mortes violentas
O secretário de Segurança Pública disse que o Brasil responde por 20% dos homicídios de todo o mundo e só no ano passado registrou mais de 50 mil mortes violentas.
"Esse é o tamanho do nosso desafio. Essa vulnerabilidade crônica está mais aguda pelas organizações criminosas. Se isso já foi um problema de um estado ou outro, hoje é um problema de todo o Brasil", continuou. "Quando olhamos a parte de cima do mapa, onde ficam as regiões Norte e Nordeste, esses números ganham ares de tragédia".
Tadeu Alencar criticou quem entra na política falando em sanar problemas de Segurança Pública e ressaltou que "não há uma solução local para o problema".
"Não se pode fazer da segurança das pessoas uma bandeira política. Um governador tem todo direito de ser oposição, não podemos separar o Brasil entre quem é situação e oposição. Temos que caminhar. O Brasil precisa pensar deixar de lado o extremismo, os debates que nos enfraquecem, nos dividem. Precisamos voltar ao normal", concluiu.
Conflitos entre facções no Ceará
Titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará, Samuel Elânio também esteve no evento e conversou com exclusividade com O POVO.
Perguntado sobre os conflitos entre facções no Ceará, que ganharam força recentemente e ficaram mais evidentes em cidades como Caucaia, ele disse que "não há um agravamento, é uma situação de muito tempo, com as devidas oscilações".
"Está tudo já devidamente identificado, quais são os locais mais críticos, onde devemos atuar e estamos com alguns trabalhos pontuais e cirúrgicos nesses locais. Os devidos alvos estão sendo identificados e as prisões estão acontecendo. Tivemos a prisão recente de uma pessoa responsável pela morte de quatro pessoas, em Caucaia", afirmou o titular da Pasta.
O secretário disse que a Segurança Pública tem agido à medida em que as coisas acontecem. "A ideia é melhorar. É um trabalho lento, gradativo, a gente sabe que precisa melhorar muito, mas estamos caminhando e a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Perícia forense do Ceará têm trabalhado bastante para que possamos evitar esse tipo de problema", pontuou Samuel Elânio.