Conferência das Juventudes: jovens debatem aumento de políticas públicas em Fortaleza

Na manhã deste sábado, 23, os jovens de Fortaleza estiveram reunidos para discutir o aumento e a criação de políticas públicas a partir de 12 temas para pensar o futuro da juventude da Capital. O encontro aconteceu através da 4ª Conferência Municipal da Juventude, promovida pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal da Juventude, sediado no Cuca José Walter, em Fortaleza.

No encontro, que teve como tema “Reconstruir o presente, Construir o Futuro: Desenvolvimento, Participação e Bem-viver”, os jovens pontuaram quais as principais demandas nos territórios para debater e melhorar a Política Nacional da Juventude e construir um futuro com mais oportunidades e ações que atendam suas necessidades.

“É uma oportunidade para gente debater várias ideais. É um momento para gente analisar as políticas públicas e propor ideias e sugestões e pensar novas ideias para colocar no centro nacional”, diz o secretário Municipal da Juventude, Davi Gomes.

Ainda segundo Davi, a juventude mudou ao longo dos anos, por meio do acesso a novas ferramentas, principalmente digitais, ao mesmo tempo que vivem em um cidade desigual. Diante disso, debater as demandas em 12 temas, que inclui eixos importantes para o futuro da juventude, é essencial para a criação de novas políticas públicas.

"A juventude mudou o mundo de várias formas, a gente está com muita tecnologia, muito conhecimento, mas ao mesmo tempo, estamos em uma cidade desigual, que é Fortaleza. A gente ainda vive uma onda de violência muito forte que afeta a nossa juventude. Isso será debatido para que possamos pensar em soluções e novos projetos para que a gente consiga executar no ano que vem", espera o titular da Secretaria da Juventude.

Élcio Batista, vice-prefeito de Fortaleza, comenta que não dá para fazer uma política pública sem os jovens e que esta acaba tornando-se uma grande oportunidade de ouvi-los.

"A conferência de juventude é um espaço de debate, de encontro, de oportunidades para tornar mais transparente à política pública, cocriar e desenhar com os jovens uma política pública, de acordo com as ambições, esperanças, desejos com as realidades locais de cada bairro da cidade de Fortaleza", aponta o vice-prefeito.

As propostas discutidas pelos jovens durante a conferência municipal serão levadas para o âmbito estadual e nacional. Para representar a juventude de Fortaleza, com objetivo de levar as urgências da população, serão escolhidos, por meio de votação, representantes para os próximos encontros. A escolha dos representantes serão tirados dos grupos de trabalho presentes na conferência. Ao todo, serão escolhidos 30 representantes.

De acordo com o presidente da comissão da juventude da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Hiago Marques, o encontro marca a urgência do debate da juventude, visto que a conferência acontece após oito anos da última edição, que ocorreu em 2015. Hiago destaca que, durante o período, novas demandas foram surgindo e que é preciso o debate para a reconstrução e construção de novas políticas públicas.

"É nessas conferências que a juventude podem trazer seus dilemas para construir políticas que possam resolver esse dilemas. A gente tem um desmonte de quase uma década sem a conferência e esse retorno é para a gente construir futuro, mas pensando também nos dilemas anteriores e os de hoje da juventude", pontua.

Ele ressalta que todo o debate é um direito dos jovens, visto que devem atender o Estatuto da Juventude no Brasil, lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013. A legislação brasileira dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude.

Conferência da Juventude: a voz dos jovens sobre as políticas públicas em Fortaleza

Para Emily Barbosa, estudante de economia ecológica na Universidade Federal do Ceará (UFC), 21 anos, está participando pela primeira vez e debate mais sobre temas ambientais. Ela ressalta a importância do evento para definir quais políticas são as mais desejadas pelos jovens.

"Quem formula política, não formula para os jovens de verdade e acaba formulando apenas para um grupo bem separado, mas queremos incluir todos e eu vejo aqui hoje diversos perfis."

Além disso, ela denuncia a falta de investimento na parte ambiental, por exemplo, em relação às bolsas. Isso porque estas não conseguem abranger todos os participantes do projeto.

"Então, acho que falta investimento para que a gente possa exercer essas atividades e a pauta ambiental, hoje, está sendo muito debatida, principalmente porque estamos em uma época de grandes crises climáticas."

Quem também participa é Lirrane Cavalcanti, de 24 anos, e explica que sua primeira pauta é a juventude negra que "quer viver, e viver tranquilamente, com assistência nas periferias. Por isso, é importante ter esses encontros para poder escutar o que, muitas vezes, não é escutado pelo poder público."

Morador do Curió, ele também fala sobre a segurança publica no Ceará. "Eu venho de um bairro que teve a maior chacina do Estado, ainda tá no processo de julgamentos dos réus. Então, acho que faltas segurança pública dentro de Fortaleza. [...] Essa violência policial contra os nossos jovens negros periféricos é o principal ponto aqui nesse espaço, procurar alternativas para salvar os nossos."

Para o sociólogo e mestrando em políticas públicas pela UFC, Paulo Victor da Silva, 27, discutir as demandas com jovens de diversos territórios de Fortaleza é pensar na urgência da coletividade. "É penas enquanto pessoa e enquanto grupos que estão construindo um novo direcionamento de políticas públicas para a juventude de Fortaleza. É importante ouvir, mas também executar essas urgências", destaca.

A conferência contou com um momento de abertura, com a presença da secretária de Juventude do Ceará, Adelita Monteiro, o secretario Municipal da Juventude, Davi Gomes, a vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE-CE), Amanda Bernardo, o presidente da comissão da juventude da OAB-CE, Hiago Marques e demais representantes da juventude de Fortaleza.

Na programação, os jovens se reuniram no período da tarde por meio de Grupos de Trabalhos (GTs) para discutir as demandas territoriais e propor ideias para criação das políticas. Ao todo 12 grupos discutiram os 12 temas propostos na conferência.

Ainda durante a conferência, foram expostos os programas da Secretaria da Juventude. Entre eles o Bolsa Jovem, Academia Enem, Voa Juventude, Cuca Ambiental, Juventude na Pista, Juventude na Onda e Juventude Digital. Para a coordenadora do programa Juventude Digital, Ianna Brandão, o mercado tecnológico tem déficit de vagas e pensando nesse cenário de oportunidade para a juventude, o programa foi articulado.

"A gente começou capacitando em programação, design, dados, jogos, uma série de áreas da tecnologia que podem ser caminhos profissionais para os nossos jovens quando ele recebe uma capacitação e descobre que isso é para ele", explica Ianna.

O Juventude Digital foi criado em outubro de 2021 e é coordenado pela Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova) em parceria com as Secretarias da Juventude e da Educação. (Colaborou Fabiana Melo/Especial para O POVO)

Veja os 12 temas discutidos na Conferência

- Direito à Cidadania, à Participação Social e Política e à Representação Juvenil;
- Direito à Educação;
- Direito à Profissionalização, ao Trabalho e à
Renda;
- Direito à Diversidade e à Igualdade;
- Direito à Saúde;
- Direito à Cultura;
- Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão;
- Direito ao Desporto e ao Lazer;
- Direito à Sustentabilidade e ao Meio Ambiente;
- Direito ao Território e à Mobilidade;
- Direito à Segurança Pública e ao Acesso à Justiça
- Sistema Nacional de Juventude (Sinajuve).