Coreto da Praça dos Leões, no Centro de Fortaleza, é danificado após queda de árvore
Em nota, a Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (Urbfor) informou que recolheu a árvore e que realiza ações preventivas durante todo o anoParte da escadaria de um coreto da Praça General Tibúrcio — mais conhecida como Praça dos Leões —, localizada no Centro de Fortaleza, foi danificada no último dia 1º de setembro após a queda de uma árvore. Apesar da situação, trabalhadores e frequentadores da região entrevistados pelo O POVO acreditam que a estrutura da praça está adequada e que não apresenta muitos problemas.
Antonio Holanda Garcia, 68, costuma ficar sentado nas praças do Centro enquanto trabalha. Ele atua como consultor de vendas e gosta de aproveitar a sombra das árvores para ligar para os clientes. Sobre os problemas estruturais, ele afirma que existiam no passado. “Hoje não tem. Mas, essa estrutura, com certeza é antiga. Precisa ser reforçada e reformulada”.
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Em nota, a Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (Urbfor) informou que recolheu a árvore e que realiza ações preventivas durante todo o ano. “As podas são feitas de acordo com a necessidade da planta, seja para correção, manutenção, limpeza, tratamento de parasitas ou para desobstrução dos semáforos e placas de trânsito. Podas irregulares podem tirar o balanceamento da árvore e oferecer risco de queda”, diz o documento.
José Euzimar, 53, trabalha com a venda de livros. Ele está na praça há cerca de 17 anos e, assim como Antonio, também enxerga a estrutura física da praça como adequada. Ele afirma que situações como a deste final de semana são raras. “Foi só esse acidente mesmo. Caiu uma árvore e quebrou uma coluna”, diz o vendedor.
“A praça tá faltando o que?”, questiona. “Segurança. Não tem mais militares, mas é tranquilo”, diz José, que também afirma perceber uma melhora na gestão da praça nos últimos anos. Sua preocupação, no entanto, é sobre o preço dos aluguéis pelo bairro. De acordo com ele, são muito caros e acabam prejudicando os comerciantes. “Estão fechando. O Centro tá se acabando”.
Na mesma nota, a Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger) afirma que a execução dos serviços de manutenção da praça já estão programados. A pasta ainda informa que a limpeza do local — e de todo o centro — ocorre diariamente.
Igreja do Rosário está há 19 anos sem reformas
Em agosto, O POVO noticiou que a Igreja do Rosário, localizada em frente ao coreto, estava com a estrutura deteriorada. O equipamento apresentava paredes descascando, estruturas de madeira quebradas, além de um piso de tábuas frouxas. A igreja é um patrimônio tombado de Fortaleza e está sem reformas desde 2004.
“Ela é de 1730”, explica Edilberto de Oliveira, 54, funcionário do equipamento. “Foi feita por escravizados. Tem 54 corpos de escravos enterrados no chão, no piso. A padroeira é Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Também tem o Major Facundo enterrado ali dentro”.
“Quem organiza [a reforma] é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A gente tá procurando o órgão para endireitar [a igreja], mas até agora…”, adiciona.
A Secretaria Municipal da Cultura (Secultfor) disse pretende lançar, ainda neste ano, um processo de licitação para a contratação do serviço de Conservação e Restauração dos bens integrados da Praça dos Leões.
Fortaleza e memória
Em uma postagem no Instagram sobre a queda do coreto, um usuário disse que “Fortaleza [está] como sempre deixando sua história se acabar”. É comum encontrar declarações parecidas. De pessoas que dizem que a Capital não preserva a própria história.
“Particularmente, acho delicado esse tipo de colocação”, diz Marina Fontenele, gerente de gestão do patrimônio histórico cultural material da SecultFor. “Primeiro porque isso não é verdade, segundo porque essa é uma narrativa que a gente precisa ter muito cuidado porque ela acaba legitimando determinadas tratativas ao patrimônio que negligenciam a sua preservação”.
“Por mais que muito já tenha realmente se perdido ao longo do tempo, sejam com as demolições ilegais ou mesmo com as demolições legais (legais que digo autorizadas pelos órgãos competentes, conforme a lei), nós ainda temos muitos exemplares arquitetônicos que ainda estão aqui para contar a história e para preservar a memória de Fortaleza”, continua.
De acordo com ela, as estruturas estão sendo mapeadas, catalogadas e preservadas: “A Coordenação do Patrimônio Histórico Cultural tem empenhado esforços neste sentido, inclusive atuando ativamente na Revisão do Plano Diretor Participativo, pensando políticas de preservação do nosso patrimônio e indicando os instrumentos que nós usaremos na gestão dessas políticas, [para] que nós não venhamos de fato a perder a memória de Fortaleza”.
Serviço
A população pode solicitar o recolhimento de árvores caídas em logradouros públicos por meio do número de WhatsApp (85) 98682-2269
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