Defesa vai recorrer da decisão contra PMs condenados pela chacina do Curió
Advogado argumenta que policiais condenados são inocentes e critica atuação do MPCE. "Ninguém ganha no tribunal do júri. Não se fará justiça para as mães do Curió nunca", diz
11:48 | Set. 17, 2023
A defesa afirmou que vai recorrer do resultado do terceiro julgamento da chacina do Curió, que condenou dois policiais militares — José de Oliveira do Nascimento e José Wagner Silva de Souza — na noite deste sábado, 16. O primeiro foi condenado por 11 homicídios, além de tentativas de assassinato e torturas. O segundo por torturas físicas e mentais. Os outros seis réus foram absolvidos.
“Ninguém ganha no tribunal do júri. Nada que seja feito trará justiça para as mães. Nada. Porque quem perde seu filho não encontra consolo em nenhuma situação que seja posta”, diz o advogado João Mota, que representou todos os oito réus deste 3º júri do caso.
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“Não existe consolo para as mães do Curió na condenação de inocentes. Essas pessoas que foram inocentadas hoje, são inocentes”, continua. "O que ficou [condenado] também é. Tem família, filho, passou a vida toda trabalhando na polícia e nunca foi condenado por qualquer crime. Foi sempre um policial exemplar", argumenta sobre Nascimento.
O advogado ainda fez críticas ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE); "lançaram uma rede de arrasto. Quem puxou, ele denunciou". "Não teve a cautela e o cuidado de averiguar verdadeiramente a culpabilidade dessas pessoas. [O Ministério] quer dar à sociedade apenas pessoas condenadas”, alega.
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Com informações da repórter Jéssika Sisnando
Sentenças do terceiro júri da Chacina do Curió
- Antônio Carlos Matos Marçal - teve crime de tentativa de homicídio desclassificada para crime militar; foi absolvido das demais acusações
- Antônio Flauber de Melo Brazil - absolvido de todas as acusações
- Clênio Silva da Costa - absolvido de todas as acusações
- Francisco Helder de Sousa Filho - absolvido de todas as acusações
- Igor Bethoven Sousa de Oliveira - absolvido de todas as acusações
- José Oliveira do Nascimento - condenado a 210 anos e 9 meses em regime inicial fechado e perda de cargo. A condenação se deve aos crimes de homicídio qualificado (9 vezes), homicídio simples (2 vezes), tentativa de homicídio qualificado (2 vezes), tentativa de homicídio simples (1 vez), três torturas físicas e uma tortura mental.
- José Wagner Silva de Souza - condenado a 13 anos e 5 meses pelo cometimento de duas torturas físicas e uma mental, além da perda do cargo de policial militar, após o trânsito em julgado. Ele terá o direito de apelar em liberdade
- Maria Bárbara Moreira - absolvida de todas as acusações