Júri da Chacina do Curió inicia votação: réus se reúnem fora do fórum

Jurados se reuniram para votação às 9h39min deste sábado, 16. Expectativa é que sentença seja proferida até a madrugada de domingo

Teve início às 9h39min deste sábado, 16, a votação secreta do corpo de júri que deve decidir pela culpabilidade ou pela absolvição dos oito policiais militares acusados neste que é o terceiro julgamento da Chacina do Curió, ocorrida entre os dias 11 e 12 de novembro de 2015 na região da Grande Messejana, em Fortaleza.

Acusados de omissão no caso dos 11 homicídios, além de três tentativas de homicídio e de tortura psicológica e física, os réus deste processo chegaram cedo, por volta das 7h30min, acompanhados das respectivas famílias e advogados, ao Fórum Clóvis Beviláqua, onde são realizadas as sessões de Tribunal do Júri.

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Por orientação dos advogados, os acusados preferiram não falar com a imprensa antes do proferimento da sentença, que deve ocorrer entre o fim da tarde deste sábado e a madrugada de domingo. Elisiane Cruz, esposa do réu Antônio Flauber de Melo Brazil, contou ao O POVO sobre as expectativas pela sentença.

"Estamos tensos e ansiosos, porque achamos que ia acabar ontem, então saímos abalados. Mas estamos com muita esperança de que a verdade vai aparecer. O que mais queremos é que isso acabe. É um caso que não tem apenas 11 vítimas. Aqui também estão famílias de inocentes. Não desejo pra ninguém o que essas mães [das vítimas] passaram, mas que elas procurem os verdadeiros culpados. Estamos cheios de esperança e temos total certeza de sua inocência", afirmou.

As mães e familiares das vítimas da chacina — o grupo conhecido como "Mães do Curió" — não estiveram presentes no Fórum no momento de abertura da votação dos jurados, pela manhã. Segundo a assessoria de imprensa do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) do Ceará, que presta assistências às famílias, elas devem chegar ao local por volta das 14 horas de hoje.

Os sete jurados sorteados no início desta semana para compor o Conselho de Sentença do caso permaneceram incomunicáveis até a reunião de hoje, na qual devem decidir se os oito réus são culpados ou inocentes de uma série de quesitos listados pelo colegiado de juízes na noite de sexta-feira, 15.

As alegações da defesa

Os advogados de defesa dos PMs acusados dizem estar confiantes na absolvição dos seus clientes. "É impossível comprovar com qualquer tipo de materialidade a omissão de nossos clientes nas situações que aconteceram no Curió. Existe, sim, por parte de todos nós, o interesse de que a situação seja penalizada, mas não com a punição de pessoas inocentes", afirma o advogado João Mota.

O advogado Magno Aguiar, também da defesa, afirmou ter recebido com "paciência e serenidade" as alegações de contradição levantadas na sessão de ontem, 15, pelo Ministério Público e se mostrou confiante na sentença: "A defesa tem a ideia de que é possível uma absolvição hoje, a partir dos fatos levantados".

Os dois primeiros julgamentos da Chacina do Curió

Dividido em três júris pelo grande número de réus — chega a 30, mas 10 ainda aguardam recursos e não foram julgados ainda —, o julgamento da Chacina do Curió junta os três Tribunais do Júri mais longos da história da Comarca de Fortaleza.

O primeiro momento, voltado a apurar autoralidade dos 11 homicídios, decidiu pela condenação de quatro agora ex-policiais militares. Wellington Veras Chagas, Ideraldo Amâncio, Marcus Vinícius e Antônio José de Abreu Vidal Filho foram sentenciados a 275 anos e 11 meses de prisão cada. Os três primeiros foram presos já na madrugada de 25 de junho, quando o júri decidiu pela condenação, enquanto Vidal aguarda extradição de New Hampshire, nos EUA, onde mora.

Já no dia 4 de setembro, oito PMs foram absolvidos da acusação de omissão do dever de agir na noite do massacre. O júri considerou inocentes os policiais Gerson Vitoriano Carvalho, Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes, Josiel Silveira Gomes, que integravam a RD1069; Thiago Aurélio de Souza Augusto, Ronaldo Silva Lima, da RD1072; e José Haroldo Uchoa Gomes, Gaudioso Menezes de Mattos Brito e Francinildo José da Silva Nascimento, da RD1069.

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