Mães de vítimas aguardam resultado do terceiro julgamento da Chacina do Curió

Enquanto aguardam a decisão do júri marcada para este sábado, 16, mães das vítimas da Chacina pedem condenação dos réus. Votação dura mais de sete horas

19:30 | Set. 16, 2023

Por: Gabriel Gago
Mães do Curió em frente ao Fórum Clovis Bevilaqua (foto: Samuel Setubal)

As “Mães do Curió” estão concentradas em frente ao portão do Fórum Clóvis Beviláqua, no fim da tarde deste sábado, 16, enquanto aguardam o fim da votação secreta do terceiro julgamento da Chacina do Curió. O corpo de júri decide, há mais de sete horas, pela culpabilidade ou absolvição de oito policiais militares.

Edna Carla Souza, mãe do Alef — morto na Chacina do Curió — acredita que o resultado deste julgamento será positivo. “Vamos conseguir sim, porque não podemos continuar pagando as balas que matam nossos filhos. Nossa luta é justa, por igualdade aos jovens da periferia”.

O amor de mãe é um amor sem limites. Transpassa qualquer limite nessa vida. A dor que sai de dentro do nosso útero é a mesma de quando nós enterramos nossos filhos, foi rasgado nosso útero. Só que esse útero nunca foi fechado, só irá fechar no dia que tivermos Justiça", ressalta.

Para a mãe do Jardel Lima dos Santos — também morto na Chacina, Suderly de Lima, esta é uma luta que perdura há 8 anos e a força para continuar lutando surge "da união, do amor pelos filhos, e do aguardo pela Justiça”. “Estamos aqui para dignificar e limpar o nome dos nossos filhos”, acrescenta.

Luta não acabará, afirmam Mães do Curió

Desistir não passou pela cabeça de Silvia Helena Pereira de Lima, mãe de dois sobreviventes, e irmã de Suderly (portanto, tia de Jardel - morto na Chacina), em nenhum dos julgamentos. Pelo contrário, a vontade de buscar por Justiça só é reforçada dia após dia, confirma a mãe. 

"Essa inocência só será coroada quando tivermos todos esses julgamentos concluídos e os assassinos condenados".

A luta das mães do Curió é um símbolo de luta contra todos os assassinatos nas periferias de Fortaleza e no restante do Brasil. 

Por isso, Silvia pede, que as mães não se calem perante a situação. "Tem um provérbio que diz 'uma andorinha sozinha não faz verão'. Mas quando elas se juntam, elas chegam. Não fiquem só. Uma mãe veio a mídia, e começou a chegar as outras de Fortaleza e do país inteiro".

Ana Lucia Costa Santos, esposa de um dos homens mortos, reflete que, neste momento, é preciso "erguer a cabeça tenha para os próximos confrontos no Judiciário no próximo ano".

"Pelos nosso filhos, pela minha filha, pelos filhos que se foram, as vezes a gente tem que engolir o choro", conta, engolindo o choro.

Independente do resultado, ela afirma, também em nome das demais mãe, que não irão parar. "Eles tem o direito deles e nos temos o direito de lutar. Transformamos o nossos luto em luta, para que a gente seja forte, corajosa, perseverantes, e todo esse povo, toda a vigilia, a gente agradece", encerra.