Chacina do Curió: última ré a depor nega tortura contra vítima

Policiais contrariaram versão da vítima e negaram que houve tortura psicológica durante abordagem. Julgamento seguirá para a fase de debates antes da votação do júri

11:24 | Set. 15, 2023

Por: Cotidiano O POVO
Oito PMs são réus nesta fase do julgamento da chacina (foto: J. Paulo Oliveira / TJCE)

A fase de interrogatórios dos oito réus do terceiro julgamento da Chacina do Curió foi encerrada na manhã desta sexta-feira, 15, após o depoimento da última ré, Maria Bárbara Moreira. Os oito policiais militares estão sendo julgados pelo crime de tortura.

Maria Bárbara Moreira, que é primeira sargento da Polícia Militar do Batalhão de Choque, era patrulheira da viatura EPM007 da Cavalaria na época da Chacina. No mesmo veículo, estavam o então comandante Francisco Helder de Souza Filho e Igor Bethoven de Sousa, motorista do veículo.

De acordo com os depoimentos dos outros réus, a viatura teria seguido com outros carros descaracterizados da Coordenadoria de Inteligência Policial (CIP) e da equipe de inteligência do Batalhão em direção ao Beco dos Doze, onde teriam abordado uma das vítimas que aponta ter sofrido tortura psicológica.

Bárbara relatou que, naquele dia, estava na viatura por conta de uma cólica menstrual e, por isso, não estava montada. A ré também destacou que o veículo da Cavalaria não teria transportado a vítima e, divergindo do que foi relatado pelo sobrevivente, afirmou que não fez nenhum tipo de contato com ele e que não existiu tortura durante a abordagem.

“Não cheguei nem a ver ele [o sobrevivente]. Ele diz que me viu [...] Nunca vi esse menino”, afirmou.

A depoente acrescentou que não escutou barulhos de tiros na região e que ninguém da viatura dela utilizava balaclava. 

Maria Bárbara também relatou que, após o caso, passou quase um ano presa em casa e utilizou tornozeleira eletrônica. Durante esse período, ela apontou que perdeu a mãe, um irmão e uma gestação e que as filhas pararam de estudar.

A ré ficou visivelmente emocionada em alguns momentos do depoimento e se recusou a responder as perguntas da acusação.

Com o fim dos interrogatórios dos réus, teve início a etapa de debates entre acusação e defesa, que antecede a votação dos jurados