Projeto prevê levar universidade à periferia de Fortaleza

Iniciativa, chamada de "Universidade da Periferia", é uma colaboração entre IFCE, MTST e Centec e deve ofertar cursos a população do conjunto José Euclides Ferreira Gomes

Um esforço conjunto entre organizações cearenses sociais e de ensino pretende levar a universidade até a periferia de Fortaleza, promovendo diversos cursos para a população. Iniciativa prevista para ser lançada em outubro próximo é idealizada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), o Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Inicialmente chamada de "Universidade da Periferia", ação tem como proposta levar o ensino universitário aos moradores do José Euclides Ferreira Gomes, conjunto situado na região do Grande Jangurussu.

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De acordo com Wally Menezes, reitor do IFCE, a iniciativa adotada pelos três órgãos teve como base uma estratégia que o IFCE tem adotado de "sair da corte da academia" e ir para onde o instituto federal e outras instituições de ensino "precisam ir", pacificando territórios por meio da educação.

"(É uma oportunidade de mostrar) Que a cultura de paz pode ser levada, ampliada, amplificada, revigorada e implementada não só no José Euclides mas em outros espaços onde a violência pode ser combatida com acesso a educação (...) É uma divida social que todas as instituições têm, porque não há nada mais integrador, mais libertador que a educação, do que a geração de oportunidades para as pessoas, do que a demonstração de outros mundo necessários que devem ser discutidos", diz. 

Os cursos serão ofertados em galpões que estavam sem uso e vão receber adaptações para a realização das atividades. O lançamento do projeto deve acontecer na segunda quinzena de outubro próximo, permitindo a realização da primeira etapa de formações.

Segundo Wally, o conjunto habitacional José Euclides vai receber uma espécie de piloto do programa, que pode servir como modelo e ser futuramente aplicado em outros bairros da periferia fortalezense. 

"Existem outras unidades mapeadas (...) Nossa intenção, mais uma vez, é montar os territórios da paz pela Universidade da Periferia, mas esses outros territórios precisam ser pensados não só na perspectiva do Centec e do IFCE, mas na perspectiva do MTST e da população desses territórios (...) Nós estamos, sim, planejando (levar o programa a outros lugares), mas estamos fazendo com muita prudência, muita calma e principalmente com muita assertividade", destacou o reitor.

"A Universidade da Periferia nasce como um grito de soberania dizendo que nós também sabemos fazer, construir educação e oportunidade de emprego, oportunidade de acesso à saúde, de termos dignidade e transformarmos também a nossa economia", disse o reitor. "Nós não somos um território violento, um território que precisa demonstrar para a sociedade, para o Estado, para a academia, para todos que temos a oportunidade de crescer e construir coletivamente", frisou ainda. 

Programa busca "impulsionar potências periféricas"

A colaboração firmada entre os três órgãos tem como base ideais do educador brasileiro Paulo Freire e busca "reunir e valorizar os diversos saberes existentes na periferia". Para isso, os próprios moradores da área devem atuar a frente de alguns cursos oferecidos, compartilhando o conhecimento com os demais.

"Para nós é fundamental esse conjunto de saberes. Juntar o saber popular, os autodidatas que existem dentro do conjunto juntamente com a produção do conhecimento mais elaborado (...) A gente construiria um conjunto de ações formativas entendendo que esse é o principal ponto de partida para a pacificação do território", diz Acrisio. 

Sérgio Farias, coordenador do MTST e morador da área, também reforça a importância do projeto: "A ideia é trazer cursos de tecnologia primeiro para o José Euclides Ferreira Gomes e conseguir desenvolver essa região, que é tão estigmatizada. A gente quer transformar esse espaço em um centro de tecnologia".

O programa ainda está em fase inicial e deve funcionar como uma espécie de piloto. Na última semana, o senador Cid Gomes destinou uma emenda parlamentar para financiar a aplicação do projeto no conjunto José Euclides Ferreira Gomes, que leva o nome de seu pai.

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