Chacina do Curió: fase de interrogatório dos réus chega ao fim

Segundo julgamento do caso chegará ao oitavo dia nesta terça-feira, 5

A fase de interrogatório dos réus, acusados de omissão do dever de agir na Chacina do Curió, foi encerrada na noite desta segunda-feira, 4, com o depoimento dos PMs que estavam nas viaturas 1007, 1072 e 1069, na noite/madrugada em que os 11 homicídios aconteceram nos bairros Curió, Lagoa Redonda e no Conjunto São Miguel. O júri agora segue para a reta final, com o debate entre defesa e acusação, a votação dos jurados e a sentença.

Os oito réus foram ouvidos durante três dias e foram unânimes em dizer que atenderam ocorrências repassadas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) e que não se depararam com tráfego incomum de veículos, pessoas usando balaclavas, nem ouviram disparos de armas de fogo.

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Todos também confirmaram que estiveram em um cerco na Lagoa da Precabura, dando apoio a um chamado da viatura RD1005, que buscava os suspeitos de matar o soldado Valtemberg Chaves Serpa, horas antes de começar a chacina.

“O senhor ou alguém de sua viatura tem problema de audição ou de visão”, perguntou a representante do Ministério Público do Estado (MPCE), Alice Iracema Aragão, ao réu Gaudioso Menezes de Mattos Brito Góes, motorista da RD1069, após ele dizer que não ouviu tiros e não viu nenhuma movimentação estranha de veículos. O réu respondeu que “não”, mas reconheceu que a frequência estava “agitada” naquele turno.

Relatos

O cabo PM Ronaldo da Silva Lima relatou que foi até a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) acreditando que estava sendo chamado como testemunha, não como investigado. E que quando foi expedido o mandado de prisão, ele se surpreendeu. “Vocês não têm ideia do que eu passei. Passei nove meses preso sem saber o porquê”, afirmou.

O sargento José Haroldo Uchoa Gomes se emocionou ao falar dos mais de 32 anos de Polícia Militar e descreveu que era um profissional de boa conduta, que em muitos anos nunca teve contra si qualquer processo disciplinar, não costumava se atrasar no trabalho e que sempre cumpriu as determinações que eram passadas.

Já Gaudioso Góes, se solidarizou com as famílias das vítimas e disse que a condenação representaria mais uma injustiça no episódio conhecido como "Chacina do Curió".

“Se a minha dor é grande, a dessas mães é milhões de vezes maior e eu sei disso. Não consigo pensar na revolta, no sentimento de impotência, na dor delas. Elas merecem a Justiça e não que se faça mais uma injustiça”, declarou.

Francinildo Nascimento é militar desde 1994 e foi o último a ser ouvido. Ele ressaltou que tinha o comportamento considerado “excepcional” na PM, até a chacina. O réu não quis responder às perguntas do MPCE e foi breve nas respostas que a defesa lhe fez. “Tudo muito infeliz”, afirmou.

Falhas

A defesa dos réus sustenta que há uma falha nos mapas apresentados pelo MPCE em que os trajetos das viaturas estão pontuados no mesmo espaço em que os crimes aconteceram.

“Era preciso que o horário em que os homicídios aconteceram e que as viaturas passaram fossem expostos também. As viaturas passaram por aqueles pontos em momentos diferentes dos crimes. Não tinha como evitar, se eles não viram, não sabiam e estavam atendendo outras ocorrências em outros lugares”, disse o advogado Daniel Nogueira, representante dos réus da viatura 1069. (Com informações das repórteres Jéssika Sisnando e Márcia Feitosa)

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