Chacina do Curió: debates entre acusação e defesa começam hoje

Antes de a sessão ser iniciada, o grupo 11 do Curió, que defende a memória das vítimas, realizou um ano na entrada do Fórum Clóvis Beviláqua, onde ocorre o julgamento

O segundo julgamento da Chacina do Curió chega ao oitavo dia. Ouvidos sobreviventes, testemunhas e réus ao longo da última semana, os debates entre acusação e defesa começam nesta terça-feira, 5, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza.

A fase antecede a votação dos jurados, que irão decidir pela culpa ou absolvição dos acusados de omissão perante os crimes cometidos na madrugada do dia 12 de novembro de 2015, quando 11 pessoas foram mortas na região da Grande Messejana.

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Antes de promotoria e defesa falarem, os integrantes do grupo 11 do Curió fizeram um ato para relembrar a memória dos mortos na chacina. Assim como no primeiro dia de julgamento, o grupo levou cartazes, placas com fotos e nomes das vítimas acompanhadas dos dizeres “Presente, hoje e sempre!”.

Honrar a memória tem sido o grande apego dessas famílias, que ao longo de oito anos, têm convivido com a falta dos jovens, como afirma o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), Renato Roseno.

“Uma das mães que me emociona muito, ela diz isso: ‘Nunca mais eu vou abrir a porta pro meu filho, nunca mais eu vou cantar parabéns pra ele, nunca mais eu vou fazer a comida que ele gostava'. Nenhuma sentença pode fazer superar essa dor que essa mãe tem. Mas não ter sentença, não ter resposta, é muito pior”, diz ele.

Mesmo após oito anos de luta por esse momento, reviver tudo o que aconteceu naquela madrugada tem sido um grande desafio para as famílias, conforme Mara Carneiro, coordenadora geral do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca-CE).

“Quando passam as imagens, quando tem depoimentos muito duros de negativa de socorro, essas testemunhas do que aconteceu com as vítimas sobreviventes, é muito sofrido para essas mães. Muitas vezes, elas se emocionam e são retiradas pela equipe de acompanhamento psicossocial para fazer atendimento. É, de fato, um momento muito duro para elas”, explica Mara.

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