Chacina do Curió: MP mostra vídeo de viatura em rua onde ocorreram 4 homicídios; réu nega ter passado pelo local

Imagens mostraram a viatura RD1069 na rua Lucimar de Oliveira. Em depoimento, sargento José Haroldo Uchôa Gomes negou ter estado no endereço

13:34 | Set. 05, 2023

Por: Cotidiano O POVO
Foto de apoio ilustrativo (pessoas começam a ocupar a sala do segundo julgamento da Chacina do Curió). Acusação do MP é de que testemunhas acenaram para viatura (foto: J. Paulo Oliveira / TJCE)

Durante o debate entre a acusação e a defesa dos acusados de omissão na Chacina do Curió, o Ministério Público do Ceará (MPCE) exibiu nesta terça-feira, 5,  imagens de duas viaturas passando pela rua Lucimar de Oliveira, onde quatro pessoas foram mortas na tragédia. O sargento José Haroldo Uchôa Gomes, que estava em uma dos carros (RD1069), negou em depoimento ter passado pelo local.

As filmagens exibidas pelo MPCE ainda mostram o veículo em que supostamente estavam os réus Uchôa, Gaudioso Menezes de Matos Brito Goes e Francinildo José da Silva Nascimento, em avenida paralela a um dos locais do crime, um minuto antes de três execuções.

Outros dois carros, a RD1307, em que estavam os PMs Gerson Vitoriano Carvalho, Thiago Veríssimo Andrade Batista Carvalho e Josiel Silveira Gomes, e a RD1072, composta por Thiago Aurélio de Souza Augusto e Ronaldo da Silva Lima, também tiveram partes de seus trajetos mostrados.

A primeira também teria passado pela rua Lucimar de Oliveira, enquanto a segunda trafegava pela Avenida Odilon Guimarães, 1h19min, mas sem entrar na rua Elza Leite Albuquerque, onde várias casas foram invadidas e duas pessoas mortas por policiais.

Membro da acusação, a promotora Mônica Nobre exibiu depoimentos de testemunhas do massacre que afirmaram acenar para uma viatura, que não parou. Durante a fase de interrogatório, os policiais negaram ter visto vítimas ou qualquer situação suspeita.

Para Mônica, a inércia dos policiais (tese defendida pela acusação) foi essencial para as 11 mortes ocorridas naquela noite. “[A chacina] Só foi possível porque contou com a omissão dos policiais de serviço”, disse a promotora.

Segundo ela, “enquanto a população ligava desesperada, ela [a PM] se omitia dizendo que não encontrou nada”.