Com pagamentos atrasados, Santa Casa suspende serviços de anestesia e cirurgias são afetadas

Dívida passa de R$ 745 mil e, caso a situação se estenda, mais de 38 cirurgias podem ser prejudicadas por dia. Sesa afirma estar com o repasse financeiro em dia

A Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza suspendeu, desde a última sexta, 1º de setembro, os serviços de anestesiologia. A paralisação ocorre devido ao atraso salarial de quatro meses dos profissionais que atuam na Instituição.

Por causa disso, as cirurgias que já estavam programadas foram suspensas. Segundo o provedor da Santa Casa, Vladimir Spinelli, a dívida com a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Ceará (Coopanest) passa de R$ 745 mil e, caso a situação se estenda, mais de 38 cirurgias serão prejudicadas por dia.

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Conforme Spinelli, a situação "está complicada já há muito tempo por conta da tabela SUS, que cobre apenas 60% das despesas" — o provedor faz referência à defasagem dos valores tabelador para repasses por procedimentos realizados. "A gente busca outros recursos, como de emendas parlamentares, mas lamentavelmente isso vem se agravando a cada mês, porque continuamos com déficits mensais."

Anteriormente, os atendimentos estavam previstos para serem paralisados no início do mês de agosto, mas o provedor solicitou recursos extras para suprir as necessidades.

“Isso é uma questão muito séria. A gente, para repor isso, obviamente que vai ser depois de regularizada a questão do pagamento. vamos ter que negociar essa reposição tanto com os médicos anestesistas como com os próprios cirurgiões. E também dentro das condições do hospital, de atender essa cirurgia”, explica Spinelli.

Além disso, ele ressalta que o problema é muito maior do que o que parece. Isso porque a dívida da instituição vai além dos funcionários e perpassa fornecedores e prestadores de serviços. O provedor expõe ainda que há um risco de não atingir os limites impostos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Como a gente tem uma contratualização do SUS, os valores que vamos receber serão menores se não atingirmos aqueles limites que estão contratualizados", diz. "Portanto, essa suspensão pode implicar, dependendo do período, em prejuízos em todo tipo de atendimento que a Santa Casa tem para os mais carentes.”

Sindicato dos Médicos lamenta situação na Santa Casa

Sendo referência no tratamento e acompanhamento de pacientes não só de Fortaleza, como também do interior, o hospital filantrópico é um dos mais relevantes no Estado.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Dr. Leonardo Alcântara, lamenta a situação que vem ocorrendo com a Santa Casa de Fortaleza devido à ausência de recursos.

“A nossa entidade reafirma a necessidade para que os entes públicos sejam sensíveis ao subfinanciamento existente da Santa Casa e tenham a responsabilidade em corrigir essa distorção. A Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS) e a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) precisam disponibilizar mais recursos”, afirma.

Em resposta, a Sesa afirma em nota que "está em dia o repasse financeiro do Estado para a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza".

"A unidade, que é de gestão municipal, possui convênio com a Sesa, por meio da Política Estadual de Incentivo Hospitalar, sendo classificada como Hospital Estratégico. O valor mensal do repasse do Estado é de R$ 329.062,50, para manutenção dos serviços cirúrgicos, traumato-ortopedia, oncologia e clínica médica”, completa a secretaria.

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