Chacina do Curió: depoimentos das testemunhas terminam e réus começarão a ser ouvidos
Policiais militares acusados de omissão serão ouvidos nesta tardeO julgamento dos oito PMs, acusados de omissão do dever de agir, na noite em que se deu a Chacina do Cúrio, foi retomado no Fórum Clóvis Bevilaqua, neste sábado, 2, com o depoimento da última testemunha da defesa. A sessão foi suspensa por 30 minutos para que os advogados façam entrevistas com os réus, antes de serem iniciados os interrogatórios.
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A testemunha de defesa foi o agrônomo com pós-graduação em geoprocessamento e georreferenciamento, Daniel de Goes Nepomucemo. Ele foi contratado para fazer um laudo sobre a localização da viatura 1069, citada nos autos como uma das que não teria atendido aos chamados da população na noite da chacina.
Nepomuceno disse que iniciou o trabalho no dia 8 de dezembro e terminou no dia 31 de dezembro de 2016. Ele afirma que levou em conta para a elaboração dos laudos as mesmas plataformas internacionais de rastreamento, que também são usadas pela PM, apesar de nunca ter tido acesso ao sistema da Policia Militar propriamente dito.
O laudo trata das ruas Santa Rita, Neném Arruda e dos entroncamentos ao redor. O especialista considera que o ponto o cruzamento tem pontos intrafegáveis por veículos do porte de uma viatura e que intervenções, como construções nas vias públicas, dificultam o deslocamento de veículos.
“Estive lá para ver se o que estava disposto no Google Street View era parecido com o a realidade e constatei que a situação das ruas é a mesma”, disse o especialista.
Rastreamento
Sobre o sistema de rastreamento usado pelo PM do Ceara, Autotrac, ele diz que considera seguro. “Os satélites trabalham em constelação. Todos esses satélites emitem sinais abertos para os equipamento terem acesso ao sinal. Dos fabricantes de equipamentos de rastreio, a Autotrac é reconhecida como muito boa e tem clientes exigentes. Eu não compro para os meus equipamentos por serem mais caros, mas não tenho nada que desabone a Autotrac”, declarou.
Em resposta à promotoria, sobre a possibilidade de muitos chamados terem “congestionado” a Ciops, hipótese levantava em uma outra pergunta da defesa, Nepomuceno disse que é possível que aconteça com redes telefônicas, mas desconhece que possa acontecer com redes de rádio.
Perguntado também se existe chance de burlar sistemas de rastreamento, ele disse que “acha muito difícil, porque eles são parte de uma grande equação matemática”. “É uma coisa que eu nunca tive notícia que tenha acontecido ou mesmo que alguém tenha tentado”, afirmou.
O especialista também afirmou, baseado em seu laudo, que não há possibilidade de interferência de comunicação sobre a plotagem de um local em que tivesse 10, 12 viaturas. “A plotagem é precisa e, no caso da PM, é feita a cada três minutos. Um rastreamento desses é denso demais. Temos veículos de carga, por exemplo, que fazem uma por hora”.
Segundo o profissional, dentro do intervalo de tempo que foi analisado para o laudo, a probabilidade é de menos de 1% de que a rota esplanada como provável da viatura 1069 tornasse possível a chegada dos militares em menor tempo ao ponto em que os chamados estavam sendo feitos.
A última testemunha de defesa arrolada no processo, Luiz Alcântara Pereira Neto, foi dispensada. “Tentamos contato com ele e não seguimos. Não vamos parar o júri por causa disso, excelências”, justificou um dos advogados para o colegiado de juízes.
O plenário se prepara agora para que sejam iniciados os depoimentos dos policiais militares acusados de omissão.
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