Mães do Curió têm expectativa positiva para o 2º júri dos acusados de chacina

O primeiro julgamento ocorreu em junho deste ano e resultou na condenação dos quatro policiais militares a penas de mais de 200 anos de prisão

Com o resultado do primeiro julgamento dos réus da Chacina do Curió, que condenou quatro policiais militares em junho deste ano, as mães e os familiares das vítimas têm expectativas positivas para o segundo júri que se iniciou nesta terça-feira, 29, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza.

Nesta etapa, oito policiais acusados de participação serão julgados pelo caso que aconteceu em novembro de 2015: Thiago Aurélio de Souza Augusto, Thiago Veríssimo Andrade Batista Carvalho, Gerson Vitoriano Carvalho, Gaudioso Menezes de Matos Brito Goes, Josiel Silveira Gomes, José Haroldo Uchoa Gomes, Ronaldo da Silva Lima e Francinildo José da Silva Nascimento.

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Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã, integrantes do Movimento Mães do Curió falaram sobre a confiança em mais um resultado favorável para elas. O julgamento deve ter cerca de oito dias de duração. 

“Nós estamos confiantes, não só porque nós conseguimos o primeiro julgamento favorável aos nosso filhos e familiares, mas sim porque nós temos a certeza de que estamos buscando a nossa justiça, porque onde há prova, não há injustiça e argumentos”, afirmou Edna Souza, mãe de Alef Sousa Cavalcante, assassinado aos 17 anos.

Ana Costa perdeu o marido, José Gilvan Pinto Barbosa, na Chacina. Apesar do impacto do processo de julgamento, acredita que a segunda fase será favorável, assim como ocorreu em junho.

“Hoje, a minha filha é órfã. A gente encontrou forças e transformou o nosso luto em luta para que não haja injustiça na periferia [...] É o segundo júri, é estressante, são oito dias e vai emendar com setembro. Mas, a gente está confiante, porque temos provas. A gente não dorme, a gente tem pesadelos, mas a gente está aqui porque acredita em uma justiça, que já aconteceu no primeiro [julgamento]”, disse.

Chacina do Curió: autoridades acompanham o julgamento

Representantes de movimentos e organizações também acompanham o julgamento, considerado o maior da Justiça Estadual do Ceará. O membro do Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), Luis Pederneira, está no Fórum e afirmou que o Estado tem a oportunidade de mandar uma mensagem contra a impunidade.

“Estou aqui convidado pelas organizações que estão fazendo essa luta histórica contra a impunidade policial [...] Hoje, o Nordeste do Brasil tem a grande responsabilidade de dar uma mensagem de que a violência policial contra crianças não pode acontecer mais e que a justiça deve predominar nesse assunto, que a reparação às famílias e às vítimas é de primeira ordem e que fatos como o da Chacina do Curió não podem voltar a se repetir”, considerou. 

A ativista e diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, a vereadora e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Fortaleza, Adriana Gerônimo, e o deputado estadual Renato Roseno, membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, também acompanham o julgamento.

Roseno destacou que, apesar de ter dialogado recentemente com o governador Elmano de Freitas, o Governo do Estado do Ceará ainda não fez um pedido formal de desculpas às mães das vítimas.

A segunda fase do julgamento contará com oito interrogatórios dos réus e 26 depoimentos (seis de vítimas sobreviventes e 12 de testemunhas de acusação e defesa. É possível acompanhar a sessão ao vivo pelo site do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).

O terceiro julgamento está marcado para ocorrer no dia 12 de setembro.

Com informações de Kleber Carvalho/Especial para O POVO

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