Advogado esperava indicação a cargo na Companhia Docas

Di Angellis Morais teria até tentado apagar postagens em redes sociais, para não ser descartado no cargo na empresa portuária

O advogado Francisco Di Angellis Duarte de Morais, 41, vivia a expectativa de ser indicado para um cargo na Companhia Docas do Ceará (CDC), estatal federal que administra o porto do Mucuripe, em Fortaleza. Pelo menos vinha falando disso a amigos mais próximos, até poucos dias antes de ser assassinado. A informação consta em trechos do inquérito sobre o homicídio, concluído pela Polícia Civil. Vários depoimentos destacam que essa indicação estaria iminente.

Uma das testemunhas disse que o advogado teria até tentado excluir uma de suas contas do Instagram, pois temia que postagens feitas com teor político pudessem prejudicá-lo para a nomeação que almejava. Morais foi morto no dia 6 de maio deste ano, um sábado, e a projeção era a de que deveria assumir o tal cargo, sem especificar qual, já no dia 8, a segunda-feira seguinte.

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Não há nenhuma relação entre o crime e a indicação ao cargo. O fato, porém, ajuda a entender a influência de gente com quem Morais se cercava. Procurada pelo O POVO, a CDC respondeu que não teria como confirmar a informação sobre a suposta indicação política de Morais porque a diretoria da empresa foi recentemente renovada.

Lúcio Gomes, um dos irmãos do clã Ferreira Gomes, assumiu como diretor-presidente da estatal na primeira semana de julho deste ano. Entrou no lugar do ex-deputado federal Denis Bezerra (PSB), que havia permanecido no posto por pouco mais de dois meses, entre a segunda semana de maio e a chegada de Lúcio. Antes deles, a presidência interina, após a saída da engenheira Mayhara Chaves em março deste ano, foi exercida por Mário Jorge Cavalcanti, funcionário de carreira.

No seu último dia de vida, mesmo sendo fim de semana, Morais manteve uma rotina de reuniões pela manhã e à tarde. Antes das 10h, já estava na torre comercial onde trabalhava, no Cocó, onde permaneceu por cerca de duas horas. De lá foi almoçar num restaurante na Aldeota. No fim daquela tarde, nova reunião de mais duas horas com um político para quem também prestava serviço, até por volta das 19h. Durante essa reunião, Morais chegou a falar com a esposa por telefone.

De lá, o advogado saiu para pagar uma dívida a um outro amigo - com quem também teria comentado sobre o cargo na Companhia Docas. Morais ficou em outra ligação por vários minutos até desligar e descer do carro chegando em casa, na Parquelândia. Foi o momento em que foi atingido a tiros. Os criminosos, em motos e usando capas pretas, já haviam sido notados por vizinhos rondando o local do crime mais cedo. (Com Lucas Barbosa)

 

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