Facção planejava invadir territórios e incendiou carros para despistar Polícia
O homem suspeito de ser o mandante das ações e mais 15 pessoas foram presos pelas forças da segurança do Ceará em Fortaleza
10:19 | Ago. 12, 2023
Criminosos planejavam invadir territórios na área Oeste de Fortaleza e incendiaram veículos para desviar a atenção da Polícia. É o que explica o secretário da Segurança, Samuel Elânio, em entrevista coletiva manhã dessa sexta-feira, 11.
Durante a última semana, as forças de segurança atuaram no combate dos ataques registrados nos bairros Pirambu e Carlito Pamplona, áreas que tiveram três veículos incendiados por criminosos e uma tentativa.
"O fator preponderante é que determinado grupo queria entrar em determinada área e a área possuía muito policiamento. A ideia era atear fogo em ações em veículos para despistar a Polícia e que eles pudessem ingressar em um território", informa o secretário.
Conforme o gestor da SSPDS, as inteligências especializadas capturaram 16 pessoas, sendo cinco adolescentes. Os maiores foram encaminhados para a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e os adolescentes para a Delegacia da Criança e Adolescente (DCA).
Há outras pessoas para serem presas, uma inclusive, com mandado de prisão em aberto, que não teve o nome revelado.
Francisco Barbosa de Sousa, conhecido como Turinga, apontado pela Polícia como o mandante dos ataques, foi preso. "Era investigado como um mero traficante. Ele era um traficante que dava ordens locais e já era alvo de investigação pela Draco (Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas) e pela Denarc (Delegacia de Narcóticos) ele teria sido o articulador dos ataques e foi debelado", ressalta Samuel Elânio.
De acordo com o comandante geral da PM, a orientação do governador Elmano de Freitas e do gestor da SSPDS é que a PM fique presente 24 horas nos locais onde há conflito.
O comandante orienta que a o população transite, vá a escola e que confie nas forças da segurança. "Estamos presentes para garantir a segurança do povo cearense", diz o comandante coronel Klênio.
Moradores voltam a rotina nas áreas do Carlito Pamplona, Pirambu e Barra do Ceará
Na manhã da sexta-feira, 11, O POVO percorreu as avenidas Francisco Sá, Doutor Theberge e Presidente Castelo Branco, áreas em que foram registrados ataques a veículos. Nesses trajetos, a equipe de reportagem se deparou com viaturas policiais nas proximidades do Conjunto Habitacional Dom Hélder Câmara, conhecido como Carandiru, localizado na avenida Francisco Sá, no Carlito Pamplona.
As instituições de ensino funcionavam normalmente, no entanto com a presença da Guarda Municipal de Fortaleza. Postos de saúde e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pirambu também atendiam pacientes, sob a vigilância de guardas municipais.
Na praça do Carlito Pamplona, aos poucos as pessoas iam chegando timidamente, ainda preocupados com as ações criminosas ocorridas na quinta-feira, 10.
A presença dos agentes da Guarda Municipal era intensa. Os profissionais que cuidavam do recolhimento dos resíduos sólidos, segundo moradores, não passaram pelas áreas de conflito. Na sexta-feira, pela manhã, alguns caminhões com profissionais que atuavam no recolhimento do material atuavam sob escolta da guarda.
Os comércios abriram, na avenida Doutor Theberge. Em um dos pontos com maior concentração de comércios, as lojas estavam funcionando normalmente, assim como bancas de frutas e os ambulantes seguiam os trabalhos.
Comunidade do Gueto
A equipe de reportagem passou nas ruas que dão acesso à comunidade do Gueto. Não havia viaturas na entrada da das vielas, que compreende a antiga fábrica Vilejack. Em 2017, O POVO entrou no reduto do Comando Vermelho (CV) durante uma ocupação policial.
A comunidade do Gueto surgiu na ocupação da antiga fábrica Vilejack. O principal criminoso que dominava o tráfico de drogas na área era Márcio Gledson Dias da Silva, o Márcio do Gueto, que em 2016 foi transferido para uma penitenciária federal, no Paraná.
O POVO também passou pela Barra do Ceará, onde havia presença de viaturas. Para alguns moradores, a quinta-feira foi de terror. A vizinhança mostrou áudios dos tiros que escutavam durante a madrugada.
As mães que estavam seus filhos em instituições de educação entraram em pânico. Homens em motocicletas passavam nas ruas avisando para "fechar tudo".
Apesar do medo, os equipamentos públicos privados funcionavam. Nessa sexta-feira, os pais buscavam informações sobre aulas. Aos poucos, os moradores, tão sofridos com a violência que recai sobre a periferia, retornavam suas vidas.