Viúvo de 92 anos aprende a costurar após sonho e faz sucesso nas redes sociais
Manuel da Costa, morador do bairro Passaré, aprendeu um novo ofício para honrar a memória da esposa que morreu durante a pandemia de Covid-19. Os panos de prato mudaram o cotidiano da família
15:00 | Ago. 09, 2023
Manuel Vieira da Costa, de 92 anos, aprendeu um novo ofício para continuar o legado da esposa, Joana, que morreu por complicações da Covid-19, em 2021. O viúvo produz panos de prato e encontrou na atividade uma forma de aliviar a dor da morte da esposa, com quem conviveu durante 67 anos.
As vendas começaram em novembro de 2021 e, a partir daí, o negócio só cresceu. A neta Joanizia criou um perfil no Instagram (@srneo2021), que já tem mais de 6 mil seguidores e mais 100 mil visualizações nos vídeos publicados.
Lá, o idoso divulga os modelos disponíveis para venda, bastidores da produção e a sua rotina.
A ideia veio de um sonho, diz viúvo que aprendeu a costurar
A ideia do negócio veio de um sonho com a esposa, que costurava. Depois, ele revelou a ideia para a filha mais nova, Nízia, e decidiu começar a produzir os panos de prato.
Para ele, além de manter viva a memória de Dona Joana, o trabalho “é um divertimento”.
“Eu tive um senso de fazer esses paninhos, pra esquecer do passado, do que aconteceu. Minha esposa faleceu e eu vivia muito preocupado aqui dentro de casa. Só na poltrona, na televisão, chorando, lembrando dela, porque 67 anos de casados é muito tempo”, explica Manuel.
A família toda embarcou junto. Hoje, Nízia é a responsável pelas compras e os pedidos que chegam pelo WhatsApp; a neta Joanizia cuida das redes sociais, onde Seu Manuel publica seu trabalho; e a filha Gesia auxilia no processo de costura.
Mas se engana quem acha que o trabalho não exige esforço do “Seu Néo” — como é conhecido pelos mais íntimos. Ele conta que leva cerca de 12 minutos para costurar uma peça. Nas palavras dele “dá um trabalhinho, não é comer papa, não”.
Das estampas às memórias: é tudo "pelo coração"
Os panos de prato têm uma variedade de estampas como flores, animais, frutas e até temáticas como churrasco e Natal. E todas são escolhidas por Seu Néo.
“Eu escolho, procuro onde tem a melhor. E só uma coisa bonita, que agrada meu coração. Eu compro tudo pelo meu coração”, explica o viúvo.
Manuel ainda mantém viva a paixão pela esposa que morreu e sempre publica declarações nas redes sociais. “Se o amor da minha vida estivesse viva, estaríamos completando 68 anos de casados. (...) Mas sei meu amor, que tudo que está acontecendo comigo hoje, é a sua luz irradiante que me guia todos os dias”, escreveu em uma postagem no Instagram.
Em entrevista ao O POVO, o viúvo relata, emocionado, que a relação com a esposa era baseada no respeito e educação. Segundo ele, os dois não discutiam e ele até saia de casa para não brigar com a esposa: “Eu ia pros vizinhos conversar, bater papo e mais tarde eu voltava.”
Seu Néo faz sucesso nas redes sociais e vende para todo o Brasil
No Instagram, Manuel acumula quase 6 mil seguidores e mais de 30 mil curtidas nos vídeos. Todo esse reconhecimento o deixa muito feliz e o incentiva a continuar o trabalho: “Eu sou feliz, e o produto vai alegrar a sua beleza na cozinha, porque eu trabalho e faço essas coisinhas só pra satisfazer a dona de casa, a princesa da família”.
Nízia, filha mais nova de Manuel, diz que o reconhecimento do trabalho do pai está sendo muito gratificante. O público das redes sociais manda mensagens e relata que a história inspira outros idosos. “A gente consegue passar (algo) além de uma mídia social, a gente consegue passar esse amor”, completa.
Ela relata ainda que as vendas do negócio só crescem. Com mais compartilhamentos nas redes sociais, chegaram encomendas de outros estados do País, como Rio Grande do Sul, Curitiba, Salvador, São Paulo e Recife.