Chuvas em agosto? Entenda as precipitações das últimas semanas
Ao contrário da quadra chuvosa, influenciada pela ação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), chuvas do segundo semestre são causadas por instabilidades isoladas
11:12 | Ago. 09, 2023
Mesmo passado o início do segundo semestre, Fortaleza continua a registrar chuvas fracas, principalmente pela madrugada. Essas chuvas são comuns no Ceará e são causadas por zonas de instabilidade vindas do mar. Das 7 horas de terça-feira, 8, até as 7 horas desta quarta-feira, 9, foi registrado 0.2 milímetro na Capital.
O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Vinícius Oliveira, explica que essas precipitações devem ocorrer principalmente nas primeiras duas semanas de agosto e diminuir gradativamente até o fim do mês.
Leia mais
“É normal que nós tenhamos chuvas. Chuvas mais fracas, porque os sistemas não são tão intensos. Brisas podem causar essas chuvas, instabilidades vindas do oceano, fluxos de vento com umidade, tudo isso pode causar essas chuvas isoladas que a gente está vendo”, informa.
Ao contrário do que ocorre durante a quadra chuvosa, quando a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é a principal causadora de chuvas no Ceará, essas precipitações acontecem de forma fraca e isolada.
De acordo com o calendário de chuvas da Funceme, em 18 dos últimos 23 anos (2000-2022) o mês de agosto teve registro de chuvas em menos da metade dos 182 municípios cearenses. As exceções foram os anos de 2000 (138), 2008 (125), 2009 (131), 2011 (111) e 2022, quando foi registrado o maior número de cidades com chuva em agosto (165).
“Nós temos períodos que nós chamamos de pré-estação, estação chuvosa e pós-estação. A pós-estação costuma ser em junho, julho e até mesmo em agosto. Agosto está no finalzinho da nossa pós-estação. Quando ela vai um pouquinho mais ela acaba entrando no mês de agosto, então agosto pode ser, sim, com chuvas em alguns municípios”, aponta Oliveira.
Média de chuvas no Estado em agosto gira em torno de 5 milímetros (mm). Em Fortaleza, a média é de cerca de 10 mm.
Chuvas de agosto não são consideradas “chuvas do caju”
Por coincidir com o período de colheita do caju, as chuvas que ocorrem no segundo semestre foram popularmente apelidadas de “chuvas do caju”. O fenômeno, que não está diretamente ligado à floração da fruta, costuma acontecer anualmente entre os meses de setembro e novembro.
Causadas por fatores como a entrada de massas de ar mais úmidas que entram em contato com o calor do continente, ou mais umidade vinda do oceano, essas precipitações não são necessariamente relacionadas às chuvas que chegaram à Capital nas últimas semanas, porque, segundo o meteorologista da Funceme, Vinícius Oliveira, “são sistemas praticamente diários” que atuam de forma isolada.