Cozinhas comunitárias do Bom Jardim fazem caravana para cobrar apoio do poder público
Evento busca diálogo com autoridades para firmar compromissos a curto e médio prazo no combate à fomeOcorreu na manhã desta segunda-feira, 7, a segunda edição da Caravana à Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim. O evento percorre seis cozinhas comunitárias de Fortaleza para cobrar medidas de apoio do poder público.
As unidades visitadas durante a caravana fazem parte da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim (RCCGBJ), movimento que surgiu a partir de um estudo sobre a fome no bairro, onde foram registradas mais de 14 mil pessoas em situação de insegurança alimentar.
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Essa pesquisa foi realizada em maio do ano passado pelo Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) e buscou mapear entidades de combate à fome no Grande Bom Jardim. O levantamento, feito em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), detalhou 24 projetos sociais e estabeleceu medidas para potencializar os serviços na região.
As ações foram divididas no “Mapa Participativo De Enfrentamento à Fome Do Grande Bom Jardim”, em dois grupos: as imediatas e as de médio e longo prazo.
“No mapa nós constituímos o que a gente chamou de reivindicações que o poder público e a iniciativa privada poderiam realizar. Ações de curto prazo, porque a fome tem pressa, e ações que possam ser feitas a médio e a longo prazo. Todas nesse processo voltadas para a constituição de uma política mais efetiva de enfrentamento à fome”, explica a coordenadora do CDVHS, Lúcia Albuquerque.
Pesquisa resultou no agrupamento das cozinhas comunitárias
Uma das medidas que vieram como consequência do "Mapa Participativo De Enfrentamento à Fome Do Grande Bom Jardim" foi o trabalho em conjunto das cozinhas comunitárias. Os locais, que antes da pesquisa atuavam de forma separada, unificaram-se por meio da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim (RCCGBJ).
Uma das unidades que fazem parte do projeto é a Criart, cozinha de um movimento social de empreendedorismo que gera emprego e renda para mulheres por meio do artesanato. A iniciativa começou na pandemia, quando além da arte, o projeto decidiu fornecer também apoio material para as alunas, com ganharam cestas básicas e materiais de higiene.
Hoje, cerca de 300 famílias são atendidas pela Criart com sopões e doações de alimentos feitas por voluntários e membros do projeto, além insumos como gás de cozinha, doado pelo governo estadual.
“Quando a gente aparece no Mapa, dá essa visibilidade para o nosso trabalho comunitário. A gente começa a receber doações. Até então era a gente com os moradores ao redor e quando a gente aparece neste mapa, a gente começa a ter visibilidade perante as autoridades”, afirma a coordenadora da Criart, Cristina Nascimento.
Caravana busca diálogo com autoridades
Além dos membros da Rede de Cozinhas, autoridades da política municipal e estadual foram convidados para participar da Caravana. O objetivo é acompanhar o andamento de compromissos já assumidos por eles e reforçar a cobrança por mais medidas de combate à fome.
“A Assembleia Legislativa se comprometeu a lançar um tipo de edital que pudesse colaborar com equipamentos para essas cozinhas. Esse edital ainda não saiu. A Prefeitura de Fortaleza não se apresentou ainda no combate à insegurança alimentar. Nós temos um edital a nível de estado, mas nós não temos nada a nível de prefeitura”, conta Lúcia.
Um dos principais objetivos do ato é dar seguimento à certificação das cozinhas a nível municipal e estadual. Padronizar o tamanho das cozinhas, equipamentos e insumos básicos.
Ao todo, 28 autoridades públicas devem comparecer ao evento, como representantes da Defensoria Geral do Ceará e do Ministério Público do Trabalho no Estado do Ceará (MPT-CE), além de parlamentares com mandatos ativos.