Terapia com cavalos ajuda no desenvolvimento de crianças com necessidades especiais

O Equoterapia usa o contato com cavalos para estimular a coordenação motora e a sociabilidade de crianças com autismo, síndrome de down, entre outras condições

A Equoterapia é um método terapêutico que estimula o desenvolvimento físico e mental de seus praticantes. O processo acontece através do contato com cavalos, trabalhando a prática de sociabilidade, cuidado e desenvoltura. A atividade é recomendada para indivíduos com traumas físicos graves gerados por acidentes e para pessoas com necessidades especiais, como o autismo e a síndrome de down.

No Ceará, esse serviço é disponibilizado no Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Ceará (PMCE). A atividade é realizada no Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont) da PMCE, localizado no bairro Cambeba, onde cerca de 45 crianças entre 2 e 12 anos de idade são atendidas semanalmente.

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No espaço, os pequenos são acompanhados por uma equipe de três profissionais da Polícia: o auxiliar-guia, que direciona o cavalo; o auxiliar lateral, que garante a segurança do praticante e o mediador, que coordena os exercícios.

 

As sessões geralmente ocorrem no ritmo mais leve da montaria, conhecido como passo. Uma vez por semana, cada criança realiza um percurso de 30 minutos ao redor do regimento, por diferentes tipos de terreno.

“A gente tem diversos tipos de piso, asfalto, pedra, terra, o campo com grama, areia do picadeiro… a gente utiliza esses terrenos que modificam ali na andadura do cavalo e vão dar o estímulo para os praticantes. Esse é um dos benefícios para a parte motora, como flexibilidade e alongamento”, explica o coordenador da Equoterapia da PMCE, tenente Leonardo Moura.

Sociabilidade

 

A melhoria na sociabilidade é um dos principais benefícios destacados por quem acompanha o projeto de perto. Uyara Girão, 40, é mãe do Eduardo, um dos praticantes da Equoterapia. Ela afirma que o filho está cada dia mais à vontade, tanto no regimento, quanto em outros ambientes.

O jovem, que quando iniciou a montaria há cerca dois anos era bastante tímido, agora tem mais desenvoltura e facilidade para brincar e fazer amizade com outras crianças.

O projeto segue uma rotina rigorosamente respeitada para a melhor adaptação. Cada criança monta sempre o mesmo cavalo, no mesmo dia e horário da semana, com exceção de casos como adoecimento do cavalo ou do praticante.

“No dia que é pra acordar ele e a gente fala ‘hoje tem o Bubu’ [apelido do cavalo de nome Excalibur], ele levanta mais rápido da cama e mais feliz. A gente percebe essa alegria dele”, afirma a mamãe do Edu.

Afetividade

 

O processo às vezes pode ser demorado. Devido à condição das crianças e ao grande porte do animal, muitas sentem medo dos cavalos assim que os conhecem e precisam passar por etapas de adaptação antes de iniciar a montaria.

Nesses casos as crianças são pouco a pouco levadas para conversar com o cavalo, pentear, dar comida, entre outras ações que ajudam a estabelecer um vínculo com o animal.

Mais do que na adaptação, esse processo resulta no apego das crianças ao novo parceiro. Essa é uma das práticas mais importantes da Equoterapia, pois desenvolve o cuidado não só com o animal, mas também com as pessoas próximas aos pequenos.

“Eles começam a ter essa responsabilidade afetiva com o cavalo ‘Ai cadê meu docinho [apelido de outro cavalo]? Ele tá doente?’. É importante para a criança a afetividade. Diante dessa afetividade com o cavalo, ela vai reverberar para outras pessoas essa preocupação”, ressalta a psicóloga do Centro de Equoterapia, Natali Carvalho.

Montaria

 

Ao todo são desenvolvidos diversos programas, como a hipoterapia, processo guiado com mediador e a educação e reeducação, que constitui um processo mais elaborado para crianças com maior independência na montaria.

Uma vez ao ano, durante o aniversário do centro, comemorado no dia 14 de junho, acontecem provas hípicas, onde os praticantes simulam atividades de hipismo como saltos e arremesso de bambolês em cones.

Por causa da inexperiência das crianças, as provas são apenas uma atividade lúdica. No salto, por exemplo, as varetas são colocadas no chão para os cavalos não precisarem pular.

Como participar

 

As sessões acontecem de segunda a sexta, das 8h às 10h. Para participar, os interessados devem entrar em contato com o instagram do Centro para realizar a inscrição.

No entanto, é necessário apresentar documentos que atestem a participação da criança em outras terapias. “A Equoterapia é uma atividade complementar, precisa ter uma declaração de que estão em terapias primárias, porque aqui é uma terapia secundária”, explica o coordenador do projeto.

As inscrições são gratuitas e divididas em duas vertentes: a dos dependentes de policiais militares e a dos civis. A fila de espera para início da montaria tem a estimativa de dois a três anos.

Devido à grande demanda, o número de vagas será aumentado de 45 para 60 praticantes por semana. Quando surge espaço para uma nova criança, a equipe do Centro liga para as famílias da fila de espera e inicia o processo de avaliação do possível participante.

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