Gêmeas siamesas de Fortaleza relatam vidas separadas nas redes sociais
Ruth e Ruthiellen Pereira de Lima foram separadas 1 ano e três meses após nascerem. Hoje, lidando com questões de saúde, as irmãs relatam nas redes sociais a vida pós-separação
06:00 | Jul. 10, 2023
As gêmeas fortalezenses Ruth e Ruthiellen Pereira de Lima, de 21 anos, nasceram siamesas: eram ligadas pelo abdome. Elas dividiam aparelhos urinário, reprodutor e digestivo até 1 ano e três meses, quando ocorreu a cirurgia de separação. Hoje, compartilham nas redes sociais suas vidas separadas.
“Eu falo de tudo muito abertamente e não tenho vergonha da minha deficiência. Eu sofro bullying desde que nasci e ignoro, porque senão eu não vivo”, afirmou Ruthiellen ao portal Uol.
Ela afirma que sua família ouviu dos médicos que elas poderiam não sobreviver: “Sempre soube que a gente era um milagre. Minha mãe conta que, desde que nascemos, os médicos falavam que nosso caso era grave”.
Ruth e a irmã não lembram de quando estavam conectadas, mas convivem até hoje com condições de saúde consequentes.
Ela não possui a perna esquerda, passou por reconstrução vaginal e usa bolsa de colostomia. Além disso, tem escoliose e precisa de cadeira de rodas.
Já Ruthiellen não possui a perna direita e usa prótese para se locomover. Ela tem apenas um rim e também usa bolsa de colostomia.
Ruth e Ruthiellen: estudos interrompidos
Ambas as irmãs deixaram o ambiente escolar no Ensino Médio. Ruthiellen, que hoje mora com marido e sogra, tem endometriose e as dores a afastaram da escola no segundo ano. Ainda entrevista ao Uol, ela relatou que pretende “retomar e concluir o colegial”.
Ruth deixou a escola porque o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) atrapalhava seu rendimento.
“Se um dia eu voltar, gostaria de cursar Psicologia porque gosto muito de ouvir as pessoas e dar conselhos. Me identifico com a profissão”, afirma ela.
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Ruth e Ruthiellen: presença nas redes sociais
A escola foi um dos ambientes em que as gêmeas ouviram comentários preconceituosos. O bom humor, no entanto, tem sido uma forma de lidar.
Em seu canal no YouTube, as irmãs comentam sua separação, suas rotinas e o preconceito das pessoas. Segundo Ruthiellen, a maioria das perguntas que recebe tratam da vida sexual dela com o marido.
“Tem gente que critica e diz que não sou uma mulher completa, mas não deixo esse tipo de comentário me abalar”, conta Ruthiellen.
Enquanto ela usa a plataforma para gerar conscientização, Ruth exibe seu talento com canto. Desde criança, canta em igrejas e, apesar de ser mais tímida que a irmã, sonha com a carreira de modelo.
“Eu amo cantar música gospel. É como eu me sinto bem e feliz. Não gosto muito de gravar por vergonha, sou faladeira, mas sou tímida”, diz.