Peixe-leão: espécie marinha venenosa é avistada na Sabiaguaba

Segundo o biólogo e vereador de Fortaleza, Gabriel Aguiar, três animais da espécie foram capturados; no local, pescadores apontam existir diversos peixe-leão

A região da Boca da Barra da Sabiaguaba registrou nesta sexta feira, 30, o aparecimento de uma espécie marinha venenosa: o peixe-leão. Segundo o biólogo e vereador de Fortaleza, Gabriel Aguiar, três da espécie foram capturadas, mas, no local, havia a presença de muito mais.

A informação foi passada para ele por um pescador nativo, da comunidade tradicional da região. Com a captura do peixes pelo pescador, Aguiar foi ao local para registrar a ocorrência e entender a situação. Depois, levou os animais até o Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará.

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Conforme o biólogo, a comunidade que vive no entorno da Sabiaguaba está preocupada com a aparição. A preocupação também se dá entre os cientistas, pois é incomum que o peixe-leão apareça em águas rasas — o mais comum é que esteja presente nas áreas mais fundas.

"É uma ameaça, sobretudo, para mergulhadores e pescadores que comumente estão na profundidade que o peixe aparece. Mas, como é um animal de altíssima resistência, não seria surpreendente se ele saísse dessas profundidades e fosse para locais mais rasos", explica Aguiar.

O peixe-leão é nativo da Ásia e já conhecido por causar grande impacto marinho no Caribe. No litoral brasileiro, o animal está avançando significativamente, especialmente no Ceará, que já registrou um acidente com um pescador.

No Estado, o peixe-leão é uma espécie invasora e preocupa os ambientalistas: como não possui um predador natural nas águas marinhas do Brasil, ele consegue ter uma reprodução acelerada e isso, consequentemente, desequilibra o ecossistema regional.

De acordo com o vereador de Fortaleza, é preciso tomar precauções caso aviste algum peixe-leão.

"Primeiro, não se aproximar, não pegar nele. Segundo, se for pescado por acaso algum peixe como esse, não devolver ao mar. Com os animais coletados, é preciso informar para a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Labomar ou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, para que eles coletem esse animal", recomenda. 

Cerca de 80% dos registros de aparição são em currais de pesca e em marambaias, estruturas artificiais lançadas ao mar para servir como nicho e atrair peixes. O animal não costuma se estabelecer em terrenos arenosos, como a areia da praia, preferindo superfícies duras e rochosas.

Além disso, por possuir veneno em seus 18 espinhos, o peixe-leão é capaz de provocar náusea, dor e convulsões nos seres humanos.

Peixe-leão: caça com o apoio de mergulhadores é uma das opções para controle

Um dos planos para evitar a propagação do peixe-leão é a caça com o apoio de mergulhadores

No fim de 2022, quando foi registrada a aparição desta espécie na costa marinha de Fortaleza, a Secretaria de Meio Ambiente do Ceará (Sema), informou sobre a possibilidade da caça ao peixe ocorrer por meio de escolas de mergulho, em parceria com o Labomar.

"Essa é uma área que tem muita fauna, tem muita flora, precisa ser preservada da maneira que ela está. Nós vamos criar um plano de manejo e fazer esse trabalho conjunto com outras instituições. (...) É muito complicado, porque ele se reproduz com uma certa facilidade, mas nós vamos ver essa possibilidade de apreendê-lo ou de buscar diminuir a sua quantidade", disse o então titular da Secretaria, Arthur Bruno.

Peixe-leão: acidente com pescador marinho foi em Barroquinha

primeiro acidente no Brasil com a espécie foi registrado na Praia de Bitupitá, no município cearense de Barroquinha. O pescador Francisco Mauro da Costa Albuquerque, de 24 anos, foi atingido pelos espinhos do animal enquanto trabalhava em um curral de pesca no final de abril de 2022.

O jovem teve o pé perfurado pelos espinhos do animal e o veneno provocou dores, febre e convulsão. Com isso, o pescador foi levado ao hospital do município de Camocim. 

Francisco Mauro precisou, ainda, ir outras vezes ao hospital, por continuar sentindo sintomas após o contato com o animal.

Peixe-leão: o que fazer quando for encontrado?

Caso o peixe-leão seja avistado, informações podem ser passadas para o Sistema Integrado de Manejo de Fauna (Simaf), por meio do site, ou, ainda, pelo e-mail da Secretaria do Meio Ambiente (Sema): cientistachefesema@gmail.com.

Além disso, a Sema pode ser acionada pelo número (85) 3108 2768.

Fora contatar as entidades responsáveis, um aplicativo para inserir informações em casos onde o peixe-leão for avistado no litoral cearense também foi desenvolvido pelo Labomar, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O “Monitoramento Participativo do Peixe-Leão no Brasil” permite que a população forneça informações quando a espécie invasora for vista e capturada, além de permitir notificar casos de acidentes.

Além do aplicativo, o Labomar também criou uma base de dados que apresenta, em tempo real, os principais resultados alcançados durante o monitoramento do peixe-leão.

Mergulhadores, pescadores, cientistas, secretários municipais e estaduais, órgãos federais e ONGs podem contribuir com informações por meio das ferramentas.

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