Menos de 2% dos policiais enfrentam acusações criminais por morte nos EUA, aponta procurador
Declaração foi feita por um dos líderes da investigação e da instrução processual que levou à condenação do policial Derek Chauvin pelo assassinato de George Floyd
20:57 | Jun. 30, 2023
“A probabilidade de um policial envolvido na morte de um suspeito enfrentar acusações criminais é menos de 2%, nos Estados Unidos”, aponta John Keller, procurador-geral adjunto do estado de Minnesota, nos Estados Unidos. A declaração aconteceu na manhã desta sexta-feira, 30, durante a VII Conferência Latinoamericana, onde o procurador deu uma palestra sobre "Investigação, processo e julgamento do caso George Floyd".
O evento, promovido pela Associação Internacional de Promotores (IAP), o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público Brasileiro (Conamp), foi sediado pela Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace), no bairro Aldeota, em Fortaleza.
John Keller foi um dos líderes da investigação e da instrução processual que levou à condenação do policial Derek Chauvin pelo assassinato de um homem afro-americano durante uma abordagem violenta, em Minneapolis. À época, a suspeita era de que a vítima teria utilizado uma nota falsa de 20 dólares. George Perry Floyd, de 46 anos, foi estrangulado pelo policial, que ajoelhou em seu pescoço, e veio a falecer no local, em 25 de maio de 2020.
O assassinato de Floyd deu origem a uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos e em várias outras partes do mundo. Conforme o procurador, a situação foi responsável por uma série de mudanças legislativas e administrativas no país.
"Algumas das técnicas usadas pelos ex-policiais agora são ilegais, como o estrangulamento do joelho no pescoço, alguns tipos de treinamento estilo 'warrior' [guerreiro] para policiais também são ilegais e uma mudança importante sobre o licenciamento de policiais também mudou. Se você violar políticas e procedimentos, pode perder sua licença como policial. No passado, você precisava ser acusado ou condenado por um crime primeiro para perder sua licença", detalha.
O procurador também salienta a importância que o caso George Floyd teve para a comunidade afro-americana dos Estados Unidos. "A investigação, a acusação e a condenação foram um processo único, nunca visto antes em Minnesota", diz John.
Com informações de Gabriel Damasceno/Especial para O POVO