Dia de São Pedro: pescadores celebram padroeiro em procissão marítima no Mucuripe

A celebração ocorre há mais de 90 anos e é passada de geração em geração nas famílias de pescadores do bairro

Fé e regionalidade. Esses são os pilares de um dos mais tradicionais eventos religiosas de Fortaleza, a festa de São Pedro dos pescadores. A celebração, encerrada nesta quinta-feira, 29, com missa seguida de procissão marítima, reúne devotos e moradores do Mucuripe para agradecer a proteção do santo para quem trabalha no mar.

Realizada pela primeira vez em 1930, a comemoração perpassa gerações de famílias de pescadores do Mucuripe, que a consideram um rito não só religioso, mas sagrado.

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“Isso é uma festa histórica. Vem do passado do meu pai e dos meus avós. Nessa parte aqui não tinha nem Beira-Mar. Eu era criança, e todo mundo tinha essa obrigação. O Mucuripe todo parava para a festa de São Pedro", relembra, saudoso, Marcelo Cordeiro, 72, que acompanha anualmente a procissão marítima dos pescadores.

 

A população do bairro, de maioria composta por pescadores e pessoas que de outras formas também tiram o sustento do mar, confia na ajuda do santo padroeiro para combater os desafios do dia a dia.

Pescadores de outras localidades também foram prestigiar o santo nesta quinta, 29, em missa na Igreja de São Pedro dos Pescadores.

De acordo com a Colônia de Pescadores Z8, responsável pela realização da procissão marítima de São Pedro após a missa, a comemoração atrai trabalhadores dos bairros Barra do Ceará, Pirambu, Mucuripe e Serviluz, entre outros.

Durante a caminhada até a água, foi possível ver os fiéis se amontoarem, todos tentando chegar próximos à imagem do santo. Pessoas de todas as idades acompanharam São Pedro ser levado ao mar pelos pescadores, seguido por diversas jangadas, até retornar à igreja.

Para Salete Paiva, São Pedro não é só um protetor, mas alguém em quem ela se inspira cotidianamente. “Ele foi um dos maiores apóstolos que acompanhou Jesus e nos deu grandes exemplos para que a gente possa se espelhar. Hoje, nós somos os apóstolos que Jesus chama para seguir essa missão”, acrescenta a devota.

Dia de São Pedro: Patrimônio de Fortaleza

A festa de São Pedro dos pescadores foi registrada como o primeiro bem imaterial da Cidade, a partir do decreto N°13.030, publicado em dezembro de 2012. Esse status é um instrumento para a manutenção e incentivo de celebrações, lugares, saberes e expressões que ajudaram na construção da sociedade de determinado local.

O registro está em fase de renovação pela Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor).

“Esse registro é muito importante porque garante a perenidade do bem, mantém a história dos pescadores viva e obriga o poder público a fomentar. É um processo que a gente não pode perder de vista de jeito nenhum”, explica a gerente do patrimônio imaterial da Secultfor, Graça Martins.

A Secretaria prepara um dossiê com fotos do evento e depoimentos dos participantes para registrar a história da festa de São Pedro dos pescadores. Segundo o secretário da cultura, Elpídio Nogueira, a expectativa é de que o documento esteja pronto até os festejos do ano que vem.

Dia de São Pedro: evento ocorre de forma presencial pelo segundo ano consecutivo após pandemia

Assim como diversos outros eventos de grande público, a procissão marítima dos pescadores não pôde acontecer em 2020 e 2021 devido à pandemia de Covid-19.

Nesses anos, a festa foi realizada de forma virtual, em uma tentativa de manter viva a tradição e a fé dos pescadores em um momento tão delicado.

O tão esperado retorno se deu em 2022, quando a Igreja de São Pedro dos Pescadores voltou a receber os fiéis de forma segura. 

“Agora que voltou, nós vemos a força dessa festa em que as pessoas vêm para comemorar e reforçar para as gerações futuras que é uma grande festa”, pontua o titular da Secultfor, Elpídio Nogueira.

Dia de São Pedro: programação durou mais de uma semana

Realizados entre 20 e 29 de junho, os festejos de São Pedro em Fortaleza tiveram missas e celebrações em todos os dias da novena.

Enquanto a imagem do santo estava no mar, alguns fiéis aproveitaram para se divertir com shows ao vivo das bandas "Os Muringas" e "Veteranos do Forró".

Do lado de fora da igreja, foram montadas barracas com comidas, organizadas pela própria igreja em parceria com os moradores. O local também foi todo enfeitado com bandeirinhas e outros elementos de decoração junina.

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