Comitê busca gerar trabalho para pessoas LGBTQIA+; CE tem 40% da comunidade desempregada
A comissão terá representantes de 15 entidades entre empresas, órgãos públicos e sociedade civil. No Ceará, cerca de 40% dessa população não está trabalhando
17:26 | Jun. 28, 2023
O dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, lembrado anualmente no dia 28 de junho, simboliza a luta diária dessa comunidade por direitos essenciais, como segurança e trabalho. Este ano, a data trouxe um marco especial para o Ceará, com o lançamento do Comitê da Empregabilidade e Empreendedorismo LGBTI+, realizado nesta quarta-feira, no auditório do Ministério Público do Trabalho (MPT).
O grupo, promovido pela Secretaria da Diversidade do Estado do Ceará (SedivCE), vai reunir instituições das esferas civil, pública e privada, para criar medidas que facilitem a entrada e permanência da comunidade no mercado de trabalho. Segundo a titular da pasta, Mitchelle Meira, cerca de 40% dessa população não está trabalhando e aproximadamente 5% já desistiu de procurar emprego.
Entre as medidas planejadas, estão o preparo e o norteamento dos profissionais responsáveis pelos processos de contratações nas empresas. O objetivo do grupo é estabelecer protocolos que facilitem o acesso desse público às vagas de emprego.
“Os protocolos vêm para que a gente possa orientar as empresas que muitas vezes não sabem, por exemplo, como tratar a travesti ou a transexual pelo seu nome social por exemplo. E nome social no nosso Estado é uma lei”, explica o secretário executivo da Secretaria da Diversidade, Narciso Júnior.
Comitê da empregabilidade LGBTI+: É preciso empregar essas pessoas
Para a empresária e jornalista Lena Oxa, uma das convidadas do evento, é necessário a adoção de medidas que assegurem a contratação desses trabalhadores.
“As empresas têm que ter um selo, uma cota e dar oportunidade para as pessoas trabalharem. Os LGBTs são grandes profissionais. Autodidatas, com diplomas ou sem diplomas, elas têm que trabalhar. Faz parte da nossa vida trabalhar”, afirma a artista.
Diante desse cenário, é preciso traçar metas e ações efetivas para combater a LGBTfobia que por muitas vezes não permite que as empresas efetivem candidatos da comunidade. Segundo Júnior, uma das ações do Comitê junto às empresas será “sensibilizar e realizar seminários e simpósios” para garantir o emprego para os LGBT’s.
Comitê da empregabilidade LGBTI+: Capacitação também é essencial
Uma das maneiras de facilitar a entrada de pessoas LGBTQIAP+ no mercado de trabalho é através da capacitação. Preparar esses profissionais para um bom desempenho nas empresas, possibilita não só a inserção, mas também o seu crescimento em diversas áreas.
Quem seguiu este caminho foi Mharinnes Gomes, 25, mulher trans que já realizou diversos cursos profissionalizantes por meio da SedivCE. Ela afirma que se sente preparada para ingressar no mercado: “Eu quero novas oportunidades, tanto para mim, quanto para outras pessoas trans”.
Para Lena Oxa, é preciso trabalhar melhor na divulgação para que essas oportunidades cheguem ao máximo de pessoas. “É muito complicado pela forma de comunicação. ‘Como eu posso me cadastrar? Como eu posso me inserir dentro daquela história?’ Às vezes as meninas estão ociosas, esperando uma oportunidade que elas nem escutam”, afirma Oxa.
Comitê da empregabilidade LGBTI+: evento traz feira de empreendedores
Além das discussões sobre empreendedorismo, o lançamento do comitê realizou a Feira Empreendedora LGBT. Durante o evento, foram comercializadas roupas e acessórios. A iniciativa surgiu há 14 anos, como uma feira que antecedia a Parada LGBT, na época, ainda chamada de parada gay.
Com o passar dos anos, o grupo passou a frequentar outros eventos da cidade e, atualmente, funciona de forma itinerante. Interessados em participar da feira podem contatar o grupo pelo Instagram @feira_empreendedora_lgbt_for ou no ponto fixo da feira, no North Shopping Jóquei.