Furto de cabos nos semáforos de Fortaleza gera prejuízo de R$ 1,1 milhão em 2023
A cada 24 horas, capital cearense registra ao menos três furtos de cabeamento na rede semafórica
11:17 | Jun. 27, 2023
Encontrar semáforos apagados nos cruzamentos de Fortaleza tem se tornado cada vez mais recorrente nos últimos meses. A causa do problema, geralmente, é a mesma: furto de cabos. Por dia, a Capital registra cerca de três ocorrências do tipo, segundo balanço fornecido ao O POVO pela Autarquia Municipal de Trânsito (AMC).
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Nos cinco primeiros meses de 2023, foram 449 ocorrências. O recorde foi em janeiro, com 181 casos. A consequência imediata do problema é percebida nas ruas pelos motoristas, que enfrentam maior lentidão no trânsito e são expostos a um risco iminente de acidentes. Mas o problema também gera dor de cabeça a quem administra os cofres públicos.
Somente neste ano, a cifra desembolsada pela Prefeitura de Fortaleza para a reposição de cabos furtados na rede semafórica da cidade ultrapassou R$ 1,1 milhão. A quantia expressiva seria suficiente para custear aproximadamente 1.290 cirurgias de catarata no Sistema Único de Saúde (SUS). O gasto médio é de R$ 231 mil por mês, segundo cálculo da AMC.
Os números deste ano seguem a tendência observada em 2022, quando a capital cearense registrou uma verdadeira explosão de furtos no cabeamento dos semáforos operados pela Prefeitura. De janeiro a dezembro do ano passado, foram 1.248 casos reportados. O total é quase o dobro da estatística computada nos nove anos anteriores (2012 a 2021), cujo acumulado foi de 641 casos.
Segundo a AMC, o prejuízo aos cofres públicos, no ano passado, ficou na casa dos R$ 2,5 milhões. Diante dos números sem precedentes, a Autarquia adotou uma resposta preventiva: a substituição da fiação de cobre pela de alumínio, de menor valor comercial.
A estratégia tem dado resultados positivos, segundo o coordenador da Central da Mobilidade para Preservação de Vidas no Trânsito da AMC, Lélio do Vale. “Em 90% dos locais que receberam a troca, os furtos diminuíram consideravelmente”, frisa. Ele ressalta, contudo, que a simples substituição não é garantia de que os equipamentos estarão imunes aos furtos.
A mudança do tipo de fiação não é a única providência implementada. A cor da capa plástica dos cabos também foi alterada. Antes, todos eram revestidos de material preto. Desde meados de janeiro deste ano, os fios de alumínio têm cobertura com coloração cinza.
“Quanto mais a gente puder deixar claro que aquilo não é um material de interesse para eles [criminosos], menos eles vão furtar”, justifica o coordenador da AMC. Ele acrescenta que os furtos são mais recorrentes no Centro e em bairros com acentuadas áreas periféricas, tais como Serrinha, Papicu e Álvaro Weyne.
Nas áreas com maior concentração de renda, a exemplo do Meireles, Cocó e Aldeota, a incidência é “muito baixa”, conforme destacou o coordenador. O tempo médio para a reposição dos fios e o restabelecimento do funcionamento de semáforos alvos de furto é de aproximadamente três horas. O serviço é realizado por uma empresa terceirizada contratada pela AMC.
Durante a instabilidade, o controle do tráfego é feito manualmente pelos fiscais de trânsito da Autarquia. Em caso de ausência dos agentes nos locais, a orientação é que os condutores obedeçam às normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que determina preferência na passagem aos veículos que circulam pela direita.
Furto de cabos nos semáforos de Fortaleza: prevenção e combate
O furto de fiação semafórica em Fortaleza originou a prisão de 12 pessoas entre janeiro e maio deste ano, segundo informou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Em 2022, um total de 26 pessoas tinham sido capturadas cometendo esse mesmo crime na capital cearense. Além das prisões, cerca de 6,2 mil metros de fios foram recuperados entre janeiro do ano passado e maio de 2023.
A Secretaria destaca que mantém ofensivas permanentes para coibir tanto o furto quanto a receptação dos fios. O trabalho investigativo é conduzido pela Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), unidade especializada da Polícia Civil.
Outra frente de prevenção é o Núcleo de Videomonitoramento (Nuvid), da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), por meio do qual imagens captadas nas ruas são usadas para a identificação de suspeitos.
Quantidade de furtos de cabos por mês em Fortaleza
Janeiro - 181
Fevereiro - 99
Março - 31
Abril - 51
Maio - 87