Facções disputam territórios e acirramento é monitorado por forças de segurança

Pelo menos 12 áreas da Capital e Região Metropolitana estariam sendo disputadas pelas organizações criminosas, em embates que estariam sendo ordenados de dentro da cadeia. O receio das autoridades é de aumento da violência nas comunidades em observação

Setores de inteligência e operacionais, de órgãos da segurança pública e da administração penitenciária, estão com alertas disparados para monitorar o acirramento mais recente de conflitos entre facções criminosas em bairros de Fortaleza e áreas da Região Metropolitana. A atenção teria sido ampliada há pelo menos duas semanas, após episódios mais violentos confirmados ou por acontecer. Quatro grupos criminosos são apontados no caso - O POVO opta por não citar os nomes.

Leia também: Facção criminosa no Ceará: quais grupos atuam no Estado? Entenda

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

As fontes ouvidas, mais o que pode sintetizado no teor de mensagens de celulares e avisos dentro das comunidades, descrevem que as disputas são principalmente por tomadas de territórios. Pelo menos 12 pontos espalhados entre a Capital, Caucaia e Maracanaú tiveram ocorrências registradas ou cenas de embates e ameaças disparadas em redes sociais ou aplicativos de mensagens. As regiões da Grande Messejana, Barra do Ceará e Caucaia seriam as zonas em maior atrito.

Entre os episódios mais graves, o funcionamento de uma escola e um posto de saúde no Conjunto Palmeiras, na última quarta-feira (21), foi afetado diretamente. O expediente foi alterado e os pais buscaram os filhos antes do fim do horário letivo, com a tensão e a notícia espalhada entre os moradores. Numa outra escola, no conjunto habitacional Alameda das Palmeiras, vários alunos não compareceram na segunda-feira passada (19), depois de um fim de semana com troca de tiros e mais ameaças lançadas na região.

Para ler também: como se organizam as facções criminosas no Estado?

Na última quinta-feira, a Polícia Militar (PMCE) divulgou a captura de 11 suspeitos e a apreensão de oito armas de fogo em Caucaia, no que chamou de "ofensiva para identificar e capturar integrantes de um grupo criminoso" atuante no município. No armamento tomado estavam um fuzil calibre 556, um rifle calibre 22, quatro pistolas, duas armas de fabricação artesanal, 367 munições de diversos calibres, além de aparelhos celulares e drogas. Dois dos capturados eram adolescentes.

O POVO apurou que um dos grupos tenta se notabilizar avançando principalmente em pontos de venda de drogas e se aliando a organizações mais antigas e consolidadas. Outra dessas facções estaria num grande racha. Vários chefes e integrantes estariam "rasgando a camisa" (trocando de lado), mas sendo simultaneamente "decretados" (marcados para morrer) pelos rivais.

As outras duas organizações estariam se aproveitando do cenário para recuperar espaços perdidos e fazem novos operações consorciadas. Os "salves" (ordens) para os embates teriam partido de dentro das unidades prisionais - onde também estão alguns dos decretados. Havia informação de que, dentro das cadeias, alguns presos teriam sido transferidos para o isolamento, o que foi negado oficialmente pela Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP).

Em nota, o órgão informou que "no presente momento, nenhum interno identificado como 'líder' da organização criminosa de origem cearense encontra-se em caráter de isolamento". A SAP acrescentou que "todas as unidades prisionais do Ceará estão disciplinadas e sob total controle do Estado e que sua coordenadoria de inteligência atua de forma integrada com as outras forças de segurança no ininterrupto trabalho de prevenção e combate ao crime".

"Estão todos preocupados", descreveu uma das fontes, sobre os radares e as projeções feitas internamente a possíveis ocorrências. Num dos vídeos distribuídos em grupos de WhatsApp, na área do Parque Leblon, em Caucaia, na região próxima à ponte sobre o rio Ceará, os criminosos apontam armas de fogo, algumas delas artesanais, para residências e ambientes externos onde poderia haver rivais escondidos. É uma área vizinha ao mangue da região. Gritam e se gabam que passariam a ser "donos" do território. Picham paredes e muros com as siglas da facção. Um deles usa uma tornozeleira eletrônica e os rostos são fáceis de serem identificados.

Áreas em conflito

(Com casos já registrados ou ameaças anunciadas, monitoradas por agentes de segurança)

- Residencial Alameda das Palmeiras (Conjunto Palmeiras)
- Comunidade Cidade de Deus (Lagamar)
- Ancuri
- Sapiranga
- Jangurussu
- Planalto Pici
- Residencial Orgulho do Ceará (Maracanaú)
- Barra do Ceará
- Parque Leblon (Caucaia)
- Jurema (Caucaia)
- Icaraí (Caucaia)
- Cumbuco (Caucaia)

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

facções no Ceará organizações criminosas violência em Fortaleza

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar