Frequentadores convivem com obras na Praia de Iracema
Transeuntes e ciclistas precisam desviar de intervenção em trecho da Praia de Iracema, em Fortaleza, neste sábado, 17. Obras de revitalização na orla começaram em abril; veja fotosA Praia de Iracema, em Fortaleza, tem mais um fim de semana movimentado, perto das férias e da alta estação. Desde abril, o espaço passa por revitalização, e as intervenções causam diferentes reações. O POVO visitou o trecho da avenida Historiador Raimundo Girão, entre a avenida Rui Barbosa e a rua Carlos Vasconcelos, para conversar com a população. A maioria daqueles com quem a reportagem conversou aprova as melhorias.
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A enfermeira Daisy Leite, 49 anos, fica feliz com as mudanças, mas afirma que o barulho das máquinas e a reorganização da calçada incomodam. No sábado, trabalhadores executam serviços de drenagem e troca do asfalto por piso intertravado. Metade do calçadão e a ciclofaixa foram interditados; pedestres e ciclistas precisam desviar pelo restante da calçada.
Policiamento é outro tópico levantado por transeuntes, como o maceioense Bruno Rafael, 32, que considera baixa a presença de agentes de segurança; e Anne Beatriz, 19, que enxerga a ronda mais branda em certos horários. “Quando chegamos, mais cedo de manhã, [o calçadão] estava mais esvaziado e perigoso”, conta a técnica de enfermagem.
Em nota, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) informou que o patrulhamento da região ocorre 24 horas por dia com viaturas, bicicletas, motocicletas e agentes a pé. A corporação reforçou a importância do acionamento por meio do telefone 190 e do registro de Boletim de Ocorrência (BO) em caso de delitos.
Adriana Holanda, 53, sublinha que a vigilância do bairro está centrada na orla. “Principalmente na Beira Mar, a cada quarteirão você vê um guarda. Se você subir um pouco, para a Monsenhor Tabosa, por exemplo, está rendido”, analisa. Para a assistente financeira, a Prefeitura deve redirecionar parte da atenção à Beira Mar para outros locais, como o Poço da Draga.
Além de melhorias paisagísticas no calçadão da Praia de Iracema, o pacote de obras realizado pelo Município inclui novo mirante e plataforma de salto no mar, no Poço. O projeto é orçado em cerca de R$ 27 milhões, com prazo de execução de 15 meses. Conforme o prefeito José Sarto (PDT), as obras devem ser concluídas até o fim de sua gestão, no próximo ano.
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Drielly Maria, 20, questionou a escassez de sinalização. “Senti falta de avisos de que tem obra a tantos metros, onde entrar e onde sair”, relata a estudante, que pedalava com uma amiga e foi pega de surpresa pelas mudanças. Placas apontando para a parte do calçadão que não está em obras foram afixadas nas extremidades do trecho interditado.
Gabriel Rodrigues, 21, achou dificultoso o acesso ao mar, pois as barreiras das obras forçam as pessoas a caminharem mais para contorná-las. Em paralelo, o corredor disponível para a locomoção no calçadão foi dito como estreito pelo varejista Antônio Bruno, 24, inclusive devido à circulação de ciclistas.
Naturais do Rio de Janeiro e moradores da Praia de Iracema há três anos, o casal Rodrigo, 46, e Luciene dos Santos, 38, entendem que a revitalização chegou em momento oportuno, por isso não se importam com as alterações provisórias no local. “É necessário, precisamos abrir mão de certas coisas para melhorias no futuro”, diz Luciene. “A obra traz um pouco de transtorno, mas não tem como fazer progresso sem atrapalhar”, acrescenta Rodrigo.
Fábio Anderson, 44, compartilha da visão. Vendedor de barraca na orla há 17 anos, ele diz que o fluxo de pessoas no trecho em que trabalha não diminuiu com as obras. Segundo ele, as consequências das intervenções são inevitáveis: “Faz parte, o progresso só vem com interdição e um pouco de dificuldade”.
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O projeto de requalificação pode repetir erros de obras anteriores na mesma área, segundo o professor e arquiteto Romeu Duarte. Ele critica a atribuição de muitas funções a um só espaço e a ocupação de atividades de comércio e serviço em lugares dedicados a contemplação.
“Quanto a Ponte dos Ingleses foi restaurada há alguns anos, colocaram sorveterias e restaurantes e tudo aquilo fracassou. O que esses espaços precisam é de segurança garantida”, sublinha o pesquisador e professor de Arquitetura na Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Não dá para você fazer arquitetura e urbanismo trancado dentro de casa e idealizando as coisas”, argumenta. Para ele, os profissionais que trabalham com urbanismo em Fortaleza precisam andar pela cidade e ver os espaços.
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