Dia do Meio Ambiente: saiba como fazer descarte correto de lixo em Fortaleza

Apenas no período entre janeiro e abril de 2023, foram recolhidos 320 toneladas de materiais recicláveis nos pontos de entrega voluntária na Capital

Com o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado anualmente em 5 de junho, o debate sobre a questão ambiental é intensificado, incluindo a temática da gestão de resíduos sólidos. Atualmente, a população de Fortaleza conta com diferentes formas para fazer o descarte correto de todos os tipos de lixo.

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Neste ano, no período entre janeiro e abril, 212.867 toneladas de lixo foram recolhidas pela Prefeitura a partir da coleta domiciliar. Em 2019, o número de resíduos coletados no ano foi de 580.911 toneladas e, após esse período, a quantidade aumentou: 678.726 toneladas em 2020, 648.145 toneladas em 2021 e 639.477 toneladas em 2022.

Além da coleta domiciliar que ocorre semanalmente e em dias variados, dependendo do bairro, em Fortaleza há outras ações que promovem o descarte correto dos resíduos sólidos.

A partir do programa Re-ciclo, a coleta seletiva agendada é realizada em seis bairros da Capital: Aldeota, Centro, Dionísio Torres, Meireles, Mucuripe e Praia de Iracema.

Os catadores das associações credenciadas no projeto realizam o trabalho utilizando triciclos elétricos e passam pelas residências que solicitaram o serviço.

O programa coleta materiais recicláveis, como papel, plástico, vidro e metal, além de eletrodomésticos. Os resíduos coletados são enviados para associações de catadores, onde são reciclados e geram renda aos trabalhadores.

Segundo a Prefeitura, cerca de 223 toneladas de resíduos já foram reciclados, e R$ 301.699 em renda foram gerados desde o início do programa.

Para solicitar a coleta a partir do Re-ciclo, a população deve entrar em contato pelo telefone ou site do projeto.

O coordenador de Limpeza Urbana da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), Thiago Mafra, explica que o programa poderá ser ampliado para outras regiões da Capital.

“São seis bairros onde a gente começou e hoje nós estamos com um programa de ampliação desses equipamentos para, até 2024, a gente conseguir chegar em todas as regionais”, garantiu.

Os materiais coletados são levados aos ecopontos, equipamentos que também auxiliam logisticamente o Re-ciclo. Atualmente, Fortaleza conta com 90 ecopontos espalhados, e a população pode levar os itens para descarte em qualquer um dos locais.

De acordo com a SCSP, no período de janeiro a abril de 2023 foram recebidas 39.137 toneladas de materiais nos ecopontos da Capital. Em 2022, o número total foi de 131.833 toneladas, uma diminuição se comparado a 2021, com 155.010 toneladas.

Os ecopontos recebem materiais recicláveis, além de pequenas quantidades de entulho volumoso e restos de poda de pequenos geradores.

Pilhas, baterias e lâmpadas não são recebidas pelos equipamentos, pois são itens considerados perigosos por conterem materiais pesados.

Os itens se encaixam no sistema de logística reversa, em que o consumidor deve retornar os equipamentos inutilizáveis para as empresas e fabricantes responsáveis em pontos de coleta, onde,  posteriormente, o reaproveitamento ou o descarte ambientalmente correto será realizado.

A entidade sem fins lucrativos Green Eletron, fundada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), atua no auxílio da população e das empresas para o melhor funcionamento da logística reversa. No site da organização, é possível ver todos os postos de recebimento de pilhas descartadas no País.

Descarte do lixo: benefícios para a população

Há a possibilidade de bonificações para a população após o descarte dos materiais nos ecopontos em Fortaleza. De acordo com Thiago Mafra, o munícipe pode receber desconto na conta de energia, pelo programa Recicla Fortaleza, e o cadastro é realizado nos ecopontos.

Os carroceiros credenciados também podem receber benefícios a partir do programa E-carroceiro, em que os trabalhadores credenciados destinam o material volumoso ou o entulho acumulado e recebem uma bonificação na entrega desses materiais.

“A bonificação tem um cunho social e, ao mesmo tempo, evita com que esses materiais sejam descartados de maneira irregular nas ruas. Atualmente, o carroceiro recebe R$ 0,02 pelo quilo de entulho e R$ 0,04 pelo quilo de poda e volumoso”, explica.

Descarte do lixo: para onde vão os materiais coletados

Entre janeiro e abril de 2023, a Prefeitura de Fortaleza recolheu 320 toneladas de materiais recicláveis apenas nos pontos de entrega voluntária e nos comércios e nas residências cadastrados na coleta seletiva.

Segundo a gestão municipal, houve aumento na comparação com 2022, quando foram registradas 244 toneladas coletadas.

No geral, além de serem vendidos pela concessionária responsável, parte dos resíduos é reciclado e reaproveitado. Os restos de poda que vão para o aterro sanitário, por exemplo, são transformados em briquetes e, posteriormente, comercializados.

O material dos entulhos também é reaproveitado na construção do próprio aterro sanitário. Os resíduos sólidos passam por um processo de trituração e podem ser utilizados como base das vias de acesso do próprio local.

Como descartar lixo de grande porte

Parte da população conta com móveis e eletrodomésticos que não funcionam mais, porém não sabe como realizar o descarte correto desses itens de grande porte. Esse é o caso da professora Carmem Célia, de 53 anos.

A moradora do bairro Joaquim Távora tem uma geladeira e uma máquina de lavar que não funcionam mais e precisa descartar há meses.

Segundo Carmem, a dificuldade no transporte dos objetos e a escassez de informações são alguns dos principais pontos que adiaram o descarte. Ela conta que não sabe se há um órgão ou um projeto da Prefeitura destinado apenas para a coleta desse tipo de resíduo.

Em março deste ano, a operação Tira Trecos foi lançada pela Prefeitura de Fortaleza em uma fase de teste. O objetivo era destinar uma rota para coletar descarte de volumosos, priorizando áreas periféricas e com rios, canais e pontos de alagamento. Atualmente, o projeto está paralisado, e a Prefeitura informa que a previsão é que seja retomado em junho, em data a ser divulgada.

“No momento, a operação está paralisada porque a gente está fazendo um realinhamento dos equipamentos e das ações novas. Estamos fazendo algumas melhorias, mas a ideia é que volte a partir de junho. A gente ainda não tem as rotas preestabelecidas, mas o projeto vai deixar de ser piloto e vai passar a ser fixo”, disse.

Lixo eletrônico: qual o descarte correto?

Também é comum que a grande maioria das pessoas acumule aparelhos celulares ou outros equipamentos eletrônicos antigos por não saber onde descartar esses itens.

A professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) do Campus Crateús e doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Luana Silva, explica que o descarte inadequado do lixo eletrônico pode gerar inúmeras consequências, tanto para o meio ambiente quanto para as pessoas que fazem o manejo desses resíduos.

“Um computador, por exemplo, possui inúmeros metais pesados na constituição e, ao colocá-lo no lixo tradicional, que é recolhido pela Prefeitura, esses metais pesados, junto com o chorume do lixão, vão contaminar solos, rios e mananciais, além das pessoas que fazem a catação de materiais nesses lixões”, explica.

Segundo a especialista, a UFC do Campus Crateús também está desenvolvendo um aplicativo voltado para a gestão dos resíduos eletrônicos, com mapas que identifiquem os pontos de coleta e quais materiais podem ser direcionados para esses locais.

“A gente está com uma grande expectativa para que a implementação desse aplicativo possa facilitar a gestão adequada desses resíduos. A priori, a gente vai fazer um teste, em uma escala piloto, no município de Crateús, e depois a gente pretende estender e ampliar o projeto para mais municípios do Ceará”, disse.

Pelo site da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletrônicos e Eletrodomésticos (Abree), é possível encontrar pontos de recebimento desses produtos a partir do CEP e do tipo de aparelho que será descartado.

Em Fortaleza, o Centro de Recondicionamento Tecnológico, localizado na Praia de Iracema e gerido pela Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova), realiza o recebimento desse itens.

Além de ser um local para descarte dos aparelhos — como celulares, tablets, notebooks, CPUs, monitores, teclados e mouse — o Centro promove cursos gratuitos para jovens, como o de manutenção de computadores.

A partir do programa Mais Fortaleza, que tem como um dos objetivos a melhoria na gestão de resíduos sólidos, a gestão municipal busca ampliar as ações já existentes.

De acordo com Thiago Mafra, a Prefeitura de Fortaleza instalará mais quatro ecopontos na Capital e planeja, no total, implantar mais 40 novos pontos até o fim da atual gestão.

“Nós estamos ampliando os ecopontos, mini ecopontos, lixeiras subterrâneas, ilhas ecológicas e ações de educação ambiental. A ideia é que a gente consiga chamar a população, mostrar para ela que a Prefeitura incentiva essas ações e fornece equipamentos para que ela possa realizar o descarte correto”, completa.

Programa Re-ciclo Fortaleza

Bairros: Aldeota, Centro, Dionísio Torres, Meireles, Mucuripe e Praia de Iracema.

WhatsApp: (85) 99767 6220

Sitehttps://www.reciclofortaleza.com.br/

 

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