Bom Jardim: 62,2% dos alunos da rede pública afirmam ter visto pessoas armadas, diz pesquisa

Dado é de pesquisa sobre a percepção dos estudantes sobre a violência no Grande Bom Jardim lançada nesta segunda, 22

A percepção de estudantes acerca da violência no Grande Bom Jardim é tema de pesquisa lançada nesta segunda-feira, 22, na Escola de Ensino Médio Dona Júlia Alves Pessoa. Um dos dados alarmantes revelado é que 62,2% dos alunos afirmam já ter presenciado pessoas armadas em seus territórios.

O estudo tem como objetivo analisar a percepção de adolescentes e jovens de 14 a 24 anos sobre a segurança em seus bairros e como a violência repercute na vida educacional nas escolas públicas de ensino médio. Pesquisa é intitulada "Violência no Grande Bom Jardim sob a perspectiva de estudantes de escolas públicas de ensino médio: vitimização, percepções sobre segurança e repercussões educacionais". 

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Segundo Caio Feitosa, sociólogo e coordenador-adjunto do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS), uma das entidades responsáveis pela produção da pesquisa, a ideia de desenvolver o estudo partiu do interesse em entender os impactos da violência na vida escolar de jovens moradores do bairro. 

O estudo foi realizado com 497 alunos de 12 escolas públicas de ensino médio do Grande Bom Jardim. Os alunos responderam questionários aplicados em setembro de 2022, onde forneceram dados acerca da percepção da violência sobre discentes considerando uma variedade de marcadores sociais, como idade, raça, gênero e orientação sexual.

“Então, a pesquisa nasceu motivada a entender as percepções dos adolescentes e jovens sobre os impactos desse cenário de violência e como isso poderia estar reverberando no processo de aprendizado, bem como no entendimento dos estudantes sobre seu bairro e sobre sua relação com o direito à educação”, conta.

De acordo com os dados levantados pelo primeiro relatório da pesquisa, para metade dos estudantes que participaram da pesquisa, a violência territorial atrapalha o ambiente escolar. Para 65,5% dos alunos, o comprometimento de um ambiente de paz e o medo são impeditivo para as condições emocionais adequadas para aprendizagem.

Além disso, cerca de oito a cada dez participantes consideram o bairro como inseguro ou totalmente inseguro, sendo que 62,2% afirmam já ter presenciado pessoas armadas em seus territórios e quase 46% apontam que a própria circulação pelo bairro já foi afetada pela ação de grupos armados.

Quanto à escolha do Grande Bom Jardim como recorte temático da pesquisa, Caio explica que um fator importante foi a presença do Centro de Defesa da Vida (CDV), uma organização de direitos humanos que atua no bairro.

“A gente já estava com esse interesse, tentando compreender esse fenômeno da violência no bairro e há muitos anos o CDV trabalha com esse tema. Estava nos preocupando esse acirramento, essa transformação da violência, com a presença dos grupos armados. Cada vez mais a gente vinha sentindo que esse contexto de violência batia à porta das escolas”, destaca Caio.

Os pesquisadores acreditam que os resultados podem colaborar na compreensão dos efeitos psicossociais da violência no Grande Bom Jardim e contribuir para o fortalecimento de aspectos protetivos que garantam a permanência dos jovens na escola.

Além disso, podem ser úteis para a prevenção e construção de indicadores para monitoramento, bem como exigir a atuação direcionada e urgente do Poder Público.

A pesquisa completa ficará disponível no site do CDVHS e do Grupo de Pesquisa Violência, Exclusão Social e Subjetivação da Universidade Federal do Ceará (VIESES-UFC) no mês de junho.

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