Trabalhadores de aplicativos: paralisações em Fortaleza continuam durante a tarde
A av. Antônio Sales chegou a ser bloqueada por alguns minutosFogos, reivindicações e muitas motos: trabalhadores de aplicativos de diversas empresas realizaram paralisações em três pontos de Fortaleza na manhã desta segunda-feira, 15. Atos devem continuar durante a tarde, conforme a categoria. A principal concentração aconteceu na Praça da Imprensa, no bairro Dionísio Torres, onde os trabalhadores cobraram a regulamentação da categoria, o aumento de tarifas, o fim das multas abusivas, não precisar subir mais em condomínios durante entregas, etc.
“[A regulamentação] é super importante. É bom até para o Município”, diz Douglas Sousa, presidente da Associação dos Trabalhadores por Aplicativo de Fortaleza (Ataf).
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“Algumas dessas regras são: cursos de pilotagem, direção defensiva, de mototaxista, pessoas só (poderem) entrar na plataforma se forem maiores de 21 anos e com, no mínimo, dois anos de habilitação. Isso é importante para a categoria porque vai filtrar os profissionais.”
Apesar de ser a favor da regulamentação, Douglas e muitos outros motoristas presentes no protesto não são a favor do desenvolvimento de um vínculo trabalhista. Eles acreditam que a CLT limitaria o ganho, por conta do estabelecimento de um salário fixo, e tiraria a liberdade da escolha do tempo da jornada de trabalho.
Ele, no entanto, reconhece que o trabalho CLT tem benefícios. “Vai diminuir os ganhos, embora a gente possa ter um pouco de direitos. A previdência social, a de se aposentar, as férias, décimo terceiro e férias semanais”, diz o presidente. “O trabalhador autônomo não gosta disso. Ele saiu da CLT para vir para o trabalho autônomo justamente por conta dessa pressão.”
Os trabalhadores também fazem pressão para que o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), assine um Projeto de Lei (PL) contra a subida de entregadores de até a porta dos apartamentos.
“(Subir) é problemático porque a moto fica do lado de fora. Se passar uma viatura da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), eles vão e aplicam uma multa. O tempo que a gente leva para subir até os apartamentos e voltar é o tempo de a AMC aplicar uma multa. E também tem a questão do tempo para pegar uma outra entrega”, diz Yago Marques, 25, que trabalha com aplicativos há cerca de três anos.
Entrar nos condomínios, principalmente nos mais luxuosos, também gera certo preconceito contra a categoria, conforme Douglas. “Você só sobe se entregar um documento de identificação. Você é obrigado a deixar a bag [bolsa utilizada para carregar as entregas], pegar só a entrega e subir com ela na mão. Se subir com a bag eles desconfiam que o cara vai roubar alguma coisa.”
Outra reclamação é a questão das multas por viseira de capacete levantada, que os motociclistas consideram abusiva. “Uma viseira levantada em pleno meio-dia. No Centro de Fortaleza, com o sol escaldante. A AMC está multando com força, tenho um colega que já tem cinco multas por conta disso”, diz Antonio Cleiton, 27, que trabalha em duas plataformas: Uber e 99.
“O que mais revolta é que, além deles multar o motorista com a viseira levantada, eles também multam se o passageiro estiver. O motociclista é multado porque o passageiro está com a viseira levantada. Não tem como ficar fiscalizando para ver se ele está com a viseira baixa ou levantada”, completa.
Além disso, os trabalhadores pedem pelo aumento do valor que recebem por cada corrida. “As taxas são os valores que os aplicativos pagam, seja por entrega ou por corrida, que geralmente não chega nem a R$ 1 por quilômetro rodado”, explica Yago. “Isso é o que a gente recebe no valor final da corrida.”
Em Fortaleza, a paralisação aconteceu em três pontos da cidade: no Castelão, no Centro de Eventos e na Praça da Imprensa, onde os manifestantes chegaram a fechar um trecho da av. Antônio Sales por alguns minutos. Os protestos tiveram início às 8 horas da manhã e devem continuar até as 16 horas.
Em nota, o Ifood disse que respeita o direito à manifestação e à livre expressão dos entregadores e afirmou estar disponível a dialogar com os trabalhadores e representantes da categoria para “o aprimoramento de iniciativas que garantam mais dignidade, ganhos e mais transparência para estes profissionais”.
A AMC também afirmou estar aberta ao diálogo com os motociclistas e ratifica que toda fiscalização tem caráter preventivo com o objetivo de preservar vidas. “O órgão desenvolve, diariamente, um conjunto de intervenções para reduzir o número de mortes no trânsito envolvendo motociclistas, que são os mais vulneráveis a acidentes e correspondem a quase metade das mortes nas vias em 2022.”
“Como resultado, a Autarquia registrou uma redução de quase 13% das mortes entre motociclistas entre 2021 e 2022”, continua o documento.
O POVO entrou em contato com a Uber e a 99 para ter mais informações sobre o posicionamento das plataformas sobre a paralisação, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O texto será atualizado assim que a demanda for respondida. (Colaborou Kleber Carvalho/ Especial para O POVO)
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