Lançamento de documentário homenageia profissionais que trabalharam no enfrentamento à Covid
Produção, que documenta trabalhadoras da saúde no enfrentamento à pandemia, foi promovida no equipamento cultural como homenagem aos "heróis" que atuaram na rede estadual
23:11 | Mai. 03, 2023
Olhos cheios de lágrimas, vozes embargadas e histórias de resistência. Na noite desta quarta-feira, 3, o Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, foi dominado pela emoção durante o lançamento do filme "Quando Falta o Ar". Produção, que documenta trabalhadoras da saúde no enfrentamento à pandemia da Covid-19, foi promovida no equipamento cultural como homenagem aos "heróis" que atuaram na rede estadual.
Lançamento do documentário é uma realização da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-Ce) em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). A obra mostra a atuação de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como personagens principais mulheres que trabalham na área.
De acordo com Ana Petta, que assina a direção do documentário ao lado de Helena Petta, a escolha por colocar a produção sob um olhar feminino se deu pelo fato de que "70% dos trabalhadores do SUS" são do sexo feminino, desde profissionais da limpeza à médicas. Uma maioria absoluta que tem peso.
"Nosso objetivo é que a gente consiga de alguma forma contribuir na construção da memória desse momento que foi tão difícil, a partir do olhar dessas trabalhadoras (...) A gente achou que era muito importante mostrar, deixar registrado o papel dessas mulheres no enfrentamento a pandemia", frisa.
Esse registro chega de forma "crua", carregado de memórias que nunca serão esquecidas. Logo no início do filme, uma profissional aparece dando assistência à uma idosa. O ano é 2020 e Rafaela Pacheco, médica da família e comunidade, dá instruções para que a senhora não se contamine com o novo vírus do qual, à época, ninguém sabia de onde havia surgido e nem o desastroso número de óbitos que causaria.
"Me sinto profundamente honrada. Eu sei que isso não é sobre mim enquanto profissional, é sobre um conjunto gigantesco de milhares de trabalhadores e trabalhadoras do SUS. Nós (mulheres) somos uma imensa maioria desse conjunto de cuidados", destacou a cearense, que frisou ainda a importância de poder mostrar o trabalho das equipes de atenção primária, que geralmente é "invisibilizado".
Embora tenha como personagens principais mulheres, o filme nacional, vencedor do 27º Festival É Tudo Verdade, homenageia todos os trabalhadores que precisaram se arriscar para salvar vidas durante a pandemia. Seu lançamento lotou a sala de cinema do Cineteatro São Luiz de representantes estaduais e de profissionais da saúde, que usavam com orgulho faixas e camisas em alusão ao SUS.
Emoção toma conta do cinema
Cerca de 40 desses profissionais foram homenageados pela Sesa antes do filme ter início. Dentre eles, representantes dos: psicólogos, farmacêuticos, maqueiros, médicos infectologistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, motoristas, nutricionistas, bioquímicos, técnicos em laboratório, terapeutas ocupacionais, representantes administrativos, vigilantes, enfermeiros e comunicadores da saúde do Ceará.
Vanuza Batista, que atua na área administrativa da Superintendência da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), não acreditou quando recebeu o e-mail que a convidada para receber a homenagem durante o lançamento. Na pandemia, enquanto muitos passaram a trabalhar de casa, ela permaneceu atuando presencialmente, assumindo funções diversas para que o trabalho não deixasse de ser executado.
"Todo dia eu digo 'obrigada senhor, passei por uma pandemia'. Agradeço por estar viva, por estar bem e passando por essa etapa tão linda que é ser contemplada, que é ser homenageada. Isso é o maior termo de consideração, de gratidão que as pessoas têm a quem fez esse serviço", diz com a voz baixinha, carregada de emoção ao lembrar de tudo que passou antes de estar ali.
Momento foi emocionante também para Fátima Holanda, que atuava na comunicação da Sesa quando a pandemia teve inicio. Na memória da jornalista ainda permanece viva a lembrança de quando recebeu uma ligação da supervisora dizendo que haviam identificado os primeiros casos do vírus no Ceará.
Na época em que não existia IntegraSUS, plataforma que mostra os dados da doença no Estado, era ela que atualizava a imprensa, cotidianamente, sobre o número de casos e de quantas vidas o vírus tinha levado. Fátima aprendeu muito no período, mas confessa, emocionada, que chegou a pensar em desistir.
"Eu digo que o 15 de março, 22h30min (quando os primeiros casos de Covid foram anunciados no Estado), nunca vai sair da minha cabeça. Eu divido a homenagem com toda a classe jornalística, principalmente com meus colegas da Sesa, porque ninguém faz nada sozinho", pontua.
Além delas, foram homenageados gestores de hospitais e o ex-governador Camilo Santana, que não esteve presente, mas teve o trabalho lembrado pela secretária da Saúde Tânia Mara Coelho. "(Ele) jamais se eximiu de qualquer responsabilidade em relação a pandemia", frisou a representante.
Cada profissional homenageado subia ao palco para receber um certificado, representando sua classe. Cada vez que o nome de um trabalhador era dito, fortes aplausos eram ouvidos na plateia, lotada por pessoas que compartilham e sentiram na pele o esforço que é preciso fazer para manter o outro vivo.
Sessões no Cineteatro São Luiz:
Quando: quinta-feira, 4, às 16h50min e 19 horas | sexta-feira,5, às 16h45min | sábado, 6, às 14h e 16h.
Ingressos: R$ 14,00 (inteira) e R$ 7,00 (meia) para o público geral. Valor especial de R$ 8,00 para trabalhadores da saúde (à venda apenas na bilheteria física, com comprovação de vínculo empregatício)
Horários de funcionamento da bilheteria: Terça a Sexta – 9h30min às 18 horas | Sábado – 9h30min às 17 horas
Telefone para contato: (85) 3252.4138
O Cineteatro São Luiz terá mais cinco sessões do documentário. Posteriormente, o filme segue para as salas do Cinema do Dragão, do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.