Fortaleza tem dez postos de saúde em reforma; atendimentos são realocados
No bairro Pedras, moradores relatam dificuldades de deslocamento para novo endereço de atendimentos médicos enquanto o posto da região ainda não é reformadoFortaleza tem pelo menos 10 unidades básicas de saúde passando por reformas, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Enquanto os postos são requalificados, os atendimentos foram redistribuídos para outras unidades, prédios alugados ou espaços pertencentes a parceiros privados da Prefeitura. Durante este período, a população precisa se deslocar para esses novos endereços.
Uma mulher, que terá a identidade preservada por medida de segurança, frequenta o posto José Barros Alencar, no bairro Pedras, para consultas de rotina para ela e para o filho. Quando o posto ficou sem médicos após uma interdição ética realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec), ela afirmou que não foi bem informada sobre onde conseguir atendimento.
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Atualmente, as atividades médicas não podem ser realizadas no local, apenas serviços de enfermagem, vacinas, farmácia, exames, entre outros. Enquanto isso, os atendimentos estão sendo realizados no posto Maria Grasiela Teixeira Barroso, no bairro Ancuri.
No entanto, ela conta que não sente segurança em ir devido a questões territoriais envolvendo facções criminosas da região. Segundo ela, o sentimento é dividido com outras pessoas da comunidade. “A gente fica sem saber o que fazer”, afirma.
A moradora ainda vai ao posto para outros tipos de serviço, como a aplicação de vacinas. Ela também conta que alguns enfermeiros atendem “da criança ao idoso”.
A mulher sabe que o posto passará por uma reforma, anunciada pela Prefeitura junto de um pacote de investimentos em unidades de saúde de Fortaleza, mas não tem noção de quanto tempo levará para a conclusão das obras. “A gente gostaria de um reforço. A população precisa dos atendimentos, muita gente depende do posto”, diz.
O posto Maria Grasiela fica a 6,7 km do posto José Barros. Segundo o comerciante da região José Augusto de Souza, 65, a distância também é um empecilho para a população. “O pobre não tem dinheiro pra comprar nem um comprimido, como vai pagar R$ 9 de passagem?”, questiona. José relembra a época em que o posto era novo, com boas estruturas. No momento, é perceptível a necessidade da reforma.
A unidade de saúde localizada no Ancuri também está recebendo a demanda e os funcionários de outro posto, o Fausto Freire, que funciona no mesmo bairro. Conforme a SMS, o posto Fausto Freire também passa por reforma. A SMS foi questionada sobre quantas unidades aglutinaram a demanda de outras em reforma, mas não informou um número específico.
No bairro Rodolfo Teófilo, o posto Anastácio Magalhães foi outro equipamento interditado pelo Cremec em abril, ficando sem médicos disponíveis no local. Os atendimentos médicos foram transferidos para a Fundação Silvestre Gomes (rua Frei Marcelino - 1511, Rodolfo Teófilo) e no Caps Infantil Estudante Nogueira Jucá (rua Porfírio Sampaio, 1905 - Rodolfo Teófilo).
Já os atendimentos de enfermagem foram realocados para o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) Rodolfo Teófilo e Posto de Saúde Santa Liduína. O Anastácio Magalhães também passará por requalificação completa que custará cerca de R$ 5,3 milhões. Durante as obras, ele será totalmente desativado, segundo a pasta.
A coordenadora da Atenção Primária e Pisicossocial de Fortaleza, Luciana Passos, garante que os atendimentos não serão interrompidos durante as intervenções na estrutura dos postos. "É feita uma busca no território para encontrarmos locais possíveis para atendimento, seja com parceiros, seja com locação de imóveis ou redistribuição dentro da própria rede, nos postos mais próximos", explica.
A população precisa procurar o posto de saúde mais próximo para atendimentos eletivos, exames, vacinas, acompanhamento de pré-natal, entre outros. Apesar disso, a coordenadora afirma que, caso a demanda seja aguda e urgente, qualquer unidade pode receber o paciente.
Sobre as questões relacionadas aos conflitos territoriais da cidade, Luciana afirma que a decisão da mudança do endereço dos serviços é tomada junto dos conselhos locais de saúde para gerar “menor impacto para nossa população”.
A SMS informou, por meio que nota, que os atendimentos do Caps do bairro Sapiranga seguem sendo realizados no Núcleo de Atenção Médica Integrada (Nami), na Universidade de Fortaleza (Unifor). Já as consultas de saúde com outros profissionais (psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais) estão sendo encaminhadas para outros equipamentos públicos da cidade.
A pasta afirma que o contrato de locação para a nova sede do Caps da Sapiranga está em fase de tramitação e que a mudança será imediata após a conclusão.
Pacote de investimentos
Em 13 de abril passado, o prefeito José Sarto (PDT) anunciou um pacote de investimentos de R$ 130 milhões para a construção de 16 novos postos de saúde, a reforma de outros 96 e a total requalificação de 8 unidades, além da construção de novos quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). (Colaborou Luciano Cesário)