Ex-PM é condenado a 37 anos de prisão por homicídio em frente à Igreja de Fátima

Wandson Luiz da Silva foi considerado culpado pelo assassinato de Alisson Rodrigo da Silva Rodrigues. Caso seria retaliação ao homicídio de três PMs na Vila Manuel Sátiro

18:56 | Abr. 21, 2023

Por: Lucas Barbosa
Fórum Clóvis Beviláqua. Imagem meramente ilustrativa (foto: MAURI MELO, em 6/11/2019)

O ex-policial militar Wandson Luiz da Silva foi condenado a 37 anos de prisão pelo assassinato de Alisson Rodrigo da Silva Rodrigues, crime ocorrido em 24 de agosto de 2018 na praça localizada em frente à Igreja de Fátima, em Fortaleza. A pena foi imposta pelo 5º Tribunal do Júri após sessão ocorrida nessa quinta-feira, 20.

Wandson foi condenado por homicídio qualificado (uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e constituição de milícia privada. Ele, que já estava preso, não poderá recorrer em liberdade, conforme decisão da juíza Valencia Maria Alves de Sousa Aquino.

Alisson Rodrigo foi morto após circular em redes sociais informações que o apontavam como partícipe do assassinato de três policiais militares, um dia antes, no bairro Vila Manoel Sátiro, também em Fortaleza. Ele havia ido espontaneamente até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ainda na noite do dia 23, para negar o envolvimento na ação. O inquérito que investigou as mortes do PMs não o incluiu como suspeito do crime. 

Alisson, porém, não foi ouvido, pois o delegado responsável pela investigação estava em diligências externas para capturar os suspeitos do triplo homicídio. A vítima chegou a passar a noite no DHPP, até que, já no dia 24, ainda sem conseguir prestar depoimento, decidiu ir almoçar na praça, momento em que foi morto. Dezesseis tiros foram disparados contra Alisson. Ele deixou três filhos.

A investigação apontou que o crime foi uma retaliação aos assassinatos dos PMs na Vila Manoel Sátiro. Wandson integraria um grupo de extermínio formado por agentes de segurança. Os demais envolvidos no assassinato de Alisson não foram identificados.

Conforme o inquérito policial, a moto utilizada no crime pertenceria, "ainda que informalmente", a Wandson e também foi usada em uma outra execução em que o ex-PM é suspeito, ocorrida em dezembro de 2018 no bairro Jardim América — Wandson foi denunciado por este homicídio em março último. Além disso, uma testemunha o reconheceu como o autor do assassinato.

Durante a fase de instrução, a defesa de Wanson negou que ele tenha envolvimento com a morte de Alisson. Foi apresentado, inclusive, um documento mostrando que ele se encontraria de serviço nas dependências do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) no momento do crime.

Além desses dois assassinatos, Wandson responde por dois casos de extorsão ocorridos em 2019 e em 2021 — neste último, ele chegou a ser preso em flagrante. Wandson havia sido expulso da PM após ser autuado em flagrante em 2017 por porte ilegal de arma de fogo, receptação, estelionato e desacato.