Crianças com TEA e síndrome de Down aprendem sobre preservação da Caatinga com fantoches

Exibição teve como pano de fundo a importância de se preservar a Caatiga cearense

21:41 | Abr. 18, 2023

Por: Carlos Enrique Correia
FORTALEZA, CEARÁ, 18-04-2023: Peça de fantoches voltado ao público infantil, como prática de inserir a educação ambiental sobre a caatinga, no cotidiano das crianças. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo). (foto: FERNANDA BARROS)

Crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e síndrome de Down e que recebem assistência especializada do Centro Inclusivo para Atendimento e Desenvolvimento Infantil (Ciadi) foram agraciadas, nesta terça-feira, 18, com uma apresentação de teatro de fantoches, promovida pela Associação Caatinga (AC).

Na exibição, cinco personagens — o tatu-bola, a onça-parda, um agricultor, uma criança e a jurema — conversaram com as crianças acerca da importância de se conservar a Caatinga cearense. A apresentação também ilustrou a vida no sertão aos presentes. Pais e mães dos pequenos também estavam presentes no evento.

O espetáculo foi tocado pelo projeto No Clima da Caatinga (NCC), vinculado a AC. O NCC tem como objetivo fomentar ações que visam a proteger e valorizar a Caatinga — no dia 25 de abril, a associação vai realizar, no auditório da Federação das Indústrias e Comércio (Fiec), a segunda edição do seminário “Incentivos econômicos para a conservação da natureza”.

Vani Monteiro, 45, mãe de Theo Lucca, de seis anos, afirma que a exibição deixou a criança impressionada. “Foi a primeira vez que ele participou de uma atividade desse tipo. Hoje, o Theo deixou a todos surpresos, já que ele não ficava muito em ambientes com outras crianças”, afirma.

Theo participa de sessões de terapia no Ciadi há cerca de um ano. Desde então, aponta a sua mãe, mudanças no comportamento da criança são perceptíveis. “A diferença para melhor foi gritante. Ele não falava, não andava, não interagia com crianças, e hoje está aqui no meio de todos”, pontua.

Já para Eliene, mãe de Pedro Henrique, também de seis anos e com síndrome de Down, o seu filho foi muito beneficiado pelos serviços do Centro Inclusivo desde que começou a terapia, em agosto de 2022. “Ele não falava muito e já está falando bem melhor. Ele só teve coisas boas aqui.”

A mãe do pequeno, que não conhecia o Ciadi, descobriu os serviços oferecidos pelo centro por meio da indicação de uma colega. “Vim para cá através de uma conhecida. O filho dela estava matriculado no Ciadi. Não tinha ciência da existência [do Ciadi]”, aponta.

Importância do evento

A apresentação, além do seu caráter lúdico, foi importante para germinar nas crianças o desejo de preservar a natureza, afirma a fisioterapeuta Walmar Menezes, vinculada a Ciadi.

“Foi uma forma bem lúdica, foi apresentado os animais, o clima, a fauna, coisas que, de repente, eles não têm tanto contato no dia a dia. E você enxerga a importância do trabalho multidisciplinar do Ciadi em um momento desses”, afirma a fisioterapeuta.

Walmar também sublinha que a apresentação foi benéfica para as crianças. “Você vê a concentração dessas crianças em uma apresentação dessas. Um tempo de espera maior, sentados, esperando a apresentação, e isso para a equipe é encantador. É de suma importância porque você vê que o trabalho realmente está sendo refletido nas crianças e nas famílias”, aponta.

Além da exibição realizada nesta terça-feira, 18, o Ciadi, prossegue Walmar, já fez atividades que transmitiam autonomia para os pequenos — “a gente sempre faz atividades externas com eles, já fomos em parques, como o Adahil Barreto”, lembra.

Atualmente, o Ciadi atende 68 crianças com TEA e com síndrome de Down. Todos os pequenos são filhos ou netos de funcionários do centro, além daquelas que vivem na comunidade localizada no seu entorno. (colaborou Rebeca Rodrigues/ Especial para O POVO)