Um mês do aumento das passagens em Fortaleza: como os usuários avaliam
Atualmente, 227 ônibus estão operando com o ar-condicionado ligado, de acordo com dados da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor)Nesta quarta-feira, 19, faz um mês desde a implementação do reajuste que aumentou o preço das passagens de ônibus em Fortaleza, tornando a Cidade a quarta capital com a tarifa mais cara do Nordeste. A justificativa da Prefeitura, na época, foi a ampliação da frota de coletivos e o religamento dos ares-condicionados. Muitos passageiros, no entanto, reclamam que o aumento do preço não se refletiu na melhora do serviço.
“No Antônio Bezerra/Mucuripe — linha 071 —, quando chove, inunda. As cadeiras estão todas quebradas, não vejo a justificativa desse aumento” diz Joana Lima, 50, que complementa: “sinceramente, às vezes eu vou para Caucaia e prefiro aqueles ônibus de lá. São mais confortáveis, não tem essa lotação e são bem mais limpos”.
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Joana trabalha como assistente social e leva mais de uma hora para se deslocar para o trabalho. “Tudo bem que aumentasse, mas que (pelo menos) melhorassem os ônibus. O aumento, por enquanto, não está se justificando.”
Na época do aumento, a Prefeitura de Fortaleza anunciou que “com a nova tarifa, as empresas concessionárias de transporte deverão ampliar a frota de ônibus em circulação e ainda retomar o uso dos ônibus com ar-condicionado, oferecendo mais conforto aos passageiros”.
O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, ressalta que o processo de reajuste e de revisão de contratos — que definem se irá, ou não, ter uma mudança no preço da passagem — é feito todos os anos e não necessariamente implica em mudanças no funcionamento do sistema de transportes públicos.
Ele ainda adiciona que a grande dificuldade do transporte público de Fortaleza, no momento, é a diminuição da quantidade de usuários. “Na pandemia, para você ter uma ideia, a gente ficou com 65% da demanda que a gente tinha em 2019. Então, isso obrigou o sistema a fazer uma série de mudanças (sendo o aumento da passagem uma delas) para se manter estável e segura, por questões de sustentabilidade financeira.”
Com o reajuste, o preço da tarifa aumentou de R$ 3,90 para R$ 4,50 em dias comuns, o que tornou Fortaleza a capital com a quarta passagem mais cara do Nordeste. Veja o gráfico:
Mesmo com a diminuição da demanda, as lotações continuam
Emiliana Silva de Sousa, 41, trabalha no Terminal do Antônio Bezerra como vendedora ambulante há cerca de sete anos. Todos os dias ela pega pelo menos dois ônibus: um às 4h30 para ir ao terminal e outro às 16h para voltar para casa.
Ela conta que, além do aumento das tarifas impactar diretamente no orçamento familiar, ela não viu nenhuma melhora no serviço. “Muita gente reclama porque aumentou e não teve melhoras", diz a trabalhadora.
Os ares-condicionados foram religados no dia 9 de março, depois de quase três anos desligados por conta da pandemia. Hoje, 227 dos 1.300 ônibus que funcionam nos dias úteis estão com o equipamento ligado, de acordo com dados da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor).
A previsão da Prefeitura é que o serviço volte a funcionar integralmente até agosto deste ano, em todos os veículos que possuam o equipamento. A implementação, no entanto, está sendo feita de forma gradual por que, segundo o presidente do Sindiônibus, como os aparelhos ficaram desligados por muito tempo estão precisando passar por manutenções.
Outra mudança foi a diminuição da passagem estudantil. “Ela passou a ser R$ 1,50, que era o valor da tarifa estudantil nos horários da tarifa social. Agora ela é sempre esse mesmo preço”, adiciona Barreira.