Santa Casa de Fortaleza: profissionais iniciam greve para cobrar salários atrasados

Segundo o hospital, o atraso acontece por conta da falta de transferências de recursos da Prefeitura de Fortaleza, que disse que o valor será depositado até esta sexta-feira, 14

Profissionais da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, no Centro, iniciaram uma greve por tempo indeterminado na manhã desta quinta-feira, 13, em razão de salários atrasados. Os trabalhadores deveriam ter recebido o valor até o quinto dia útil do mês — a última quinta-feira, 6 —, mas até o momento o soldo não foi depositado. De acordo com a gestão do hospital filantrópico, o atraso decorre de falta de transferências de recursos por parte da Prefeitura de Fortaleza.

“Nós estamos novamente com um atraso no funcionalismo da Santa Casa, porque, desde o ano passado, a Prefeitura passou a atrasar sistematicamente a transferência de recursos. Para você ter uma ideia, embora os recursos de janeiro já estejam na Prefeitura a muito tempo, até hoje eles não liberaram”, declara Vladimir Spinelli Chagas, novo provedor da Santa Casa.

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De acordo com Vladimir, a falta da verba referente ao mês de janeiro inviabiliza o pagamento de salário e de benefícios dos trabalhadores. “Infelizmente, esse atraso sistemático da Prefeitura foi corroendo todos aqueles recursos que nós ainda dispúnhamos para que a gente mantivesse o funcionalismo em dia. Quando chegou o mês de dezembro já não havia mais recursos para isso (o pagamento)”, completa.

Ao O POVO, o secretário municipal da saúde, Galeno Taumaturgo, declarou que “amanhã (quarta-feira, 14) o pagamento já deve estar sendo concluído”. Ele, no entanto, não explicou a razão do atraso.

Marta Brandão, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Ceará (Sindsaúde), explica que o atraso nos pagamentos vem acontecendo desde dezembro.

“No mês de fevereiro, nós decidimos, por meio de uma assembleia, que caso esse salário atrasasse novamente no mês de março, os trabalhadores estariam autorizados a fazer uma paralisação por tempo indeterminado.”

A sindicalista, no entanto, conta que, por mais que exista a falta de repasse da Prefeitura, também existe uma pressão da gestão do equipamento para que os funcionários não parem de trabalhar. “Eles pressionam, fazem reunião para ameaçar quem cruzar os braços, ameaçam de demissão, querem o nome. Então, tem todo esse terrorismo que tem trazido outras dificuldades para esses profissionais.”

Grave na Santa Casa: como ficam os profissionais?

Gabriela Sousa, 27, é técnica de enfermagem e trabalha na Santa Casa há cerca de 6 anos. “É sempre a mesma fala que o provedor dá, sempre a mesma resposta”, diz a profissional que complementa: “(A situação) é de mal a pior, não tem o que fazer a não ser greve.”

Ela trabalha no turno da noite — das 19h às 7h — e, durante o dia faz graduação em enfermagem. “Desde janeiro estou pagando (o curso) com atraso, se não fossem os meus pais me ajudando a pagar… Eu tenho uma bolsa de 46% e tenho até o dia 10 (de cada mês) para pagar com o valor da bolsa. Passando do dia, tenho que pagar o valor integral”, explica.

O atraso do salário também afeta o recebimento de benefícios. Segundo os trabalhadores, o dinheiro da carteira de transporte não cai no dia exato e os planos de saúde estão bloqueados. “O pessoal vai ser atendido na emergência ou fazer algum outro exame e, chegando lá, tem um entrave. Não conseguem realizar”, diz Maria Duarte, 43, que trabalhou no hospital por mais de 12 anos como técnica de enfermagem e, hoje, atua no Sindsaúde.

Leandre Nobre, 30, trabalha no hospital há dois anos e já teve de descer do ônibus porque a carteira de transporte não havia sido recarregada. “Eu não tinha dinheiro, aí liguei para cá para dizer que não vinha e eles colocaram duas faltas para mim”.

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