Facção que atua no Vicente Pinzón é mais uma a ter racha; 5 homicídios são registrados

Cisão teria relação com série de homicídios ocorrida no bairro. Em seis dias, cinco assassinatos foram registrados na região

A facção criminosa que atua na região do Grande Mucuripe foi mais uma a registrar um racha em suas fileiras. A ruptura é pano de fundo de uma série de homicídios ocorridos no bairro nos últimos dias: de quarta-feira, 5, até segunda-feira, 10, pelo menos, cinco assassinatos foram registrados no Vicente Pinzón, conforme levantamento de O POVO.

O primeiro assassinato ocorreu no residencial Alto da Paz e vitimou um jovem de 16 anos, morto a tiros. Em seguida, a violência se concentrou na Comunidade das Placas. Na sexta-feira, 6, uma jovem de 18 anos foi morta na comunidade. No sábado, 8, um duplo homicídio: dois homens, um de 25 anos e outro que não teve a idade divulgada, foram assassinados a tiros.

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Por fim, na segunda, um homem de 26 anos foi morto à bala também nas Placas. Além disso, na sexta-feira, 7, uma pessoa não identificada formalmente foi baleada no bairro e encaminhada a uma unidade de saúde.

A principal linha de investigação sobre os homicídios aponta que os crimes têm relação com o conflito entre as facções criminosas Guardiões do Estado (GDE) e Massa Carcerária, esta última dissidência da primeira. Apesar do conflito ter se acentuado nos últimos dias, O POVO apurou que o racha ocorreu em janeiro deste ano e já havia motivado outros crimes.

Conforme investigação do 9º Distrito Policial (9ºDP), o conflito entre os grupos teve como marco uma tentativa de homicídio contra Daniel Júnior dos Santos Batista, conhecido como Júnior Play, em 29 de janeiro.

Ele, que é apontado como liderança da GDE no Vicente Pinzón, teria sido baleado a mando de Felipe Pereira Silva, o “Cabeça”, que também seria uma liderança da GDE no bairro, mas que rompeu com o grupo e passou a ser considerado “Massa”. Dois homens são investigados como executores da ação.

Dois dias após o crime contra Júnior Play, um familiar de Cabeça teria sido alvo de uma tentativa de execução. Um dos suspeitos por este último crime foi preso em 27 de fevereiro: Pedro Eduardo Oliveira Sousa, de 21 anos.

Conforme Auto de Prisão em Flagrante (APF), Pedro foi preso após campana policial identificar uma “Intensa movimentação de suspeitos” dentro de uma casa, sendo que os agentes de segurança haviam recebido informações de que “que membros do conselho da Massa iriam se reunir para articular novos ataques”. Ao APF, foram anexados publicações nas redes sociais em que Pedro aparecia fazendo alusão à GDE e proferindo ameaças aos rivais da Massa.

“Constatou-se, de pronto, que, no perfil do Instagram então analisado, que havia várias publicações de armas e de conteúdo fazendo menção à ‘Tropa do Robô’, braço criminoso da GDE, capitaneado por DANIEL JÚNIOR DOS SANTOS DA SILVA, o ‘JÚNIOR PLAY’, na região do Castelo Encantado, no bairro Vicente Pinzon”, afirmou denúncia do MPCE contra Pedro datada de 9 de março.

Nessa segunda-feira, 10, em entrevista coletiva, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social Samuel Elânio afirmou que suspeitos de integrar as facções que atuam no bairro já foram identificados.

“Existe um trabalho sendo executado para, em breve, executarmos as prisões. Em outros cantos, já conseguimos êxito na redução de crimes, a gente vai fazer isso, sem dúvida nenhuma, na área do Vicente Pinzón também”.

Na noite da segunda-feira, uma operação foi deflagrada no bairro, que contou com apoio de helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer). Na Comunidade das Placas, a Polícia Militar apreendeu em uma casa drogas, rádios de comunicação e capas de colete balístico. Não houve prisões.

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