Síndromes gripais: atendimentos nas UPAs de Fortaleza voltam a patamares de 2020

Meses de fevereiro e março são caracterizados pelo aumento de quadros gripais. Registros deste ano indicam queda de 60% em relação a 2021 e a 2022

O total de fortalezenses com sintomas gripais que buscam as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) neste início de 2023 se aproxima do registrado há três anos. Conforme dados disponíveis na plataforma IntegraSUS, de 1º de janeiro a 12 de março, as 12 unidades da Capital atenderam 20.447 casos de síndrome gripal. No mesmo período de 2020, foram 20.071 atendimentos.

Os registros atuais indicam uma queda de cerca de 60% nos casos de síndromes gripais quando comparados ao mesmo período de 2021 e de 2022. As mortes em decorrência dos quadros gripais também caíram: foram 107 em 2021, 53 em 2022 e 28 neste ano.

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Outro indicador que vem caindo é a porcentagem de diagnósticos de Covid-19 entre os casos de síndrome gripal atendidos nas UPAs. Em 2021, 9 em cada 10 atendimentos foram de quadros causados pelo coronavírus. No ano seguinte, foram 79%; e neste ano são 75%.

Na manhã dessa sexta-feira, 17, na UPA Edson Queiroz, pelo menos 30 pessoas aguardavam na triagem por volta das 10 horas. Desde crianças de colo até idosos apresentavam sintomas respiratórios, como tosse seca, espirro e coriza.

Ana Maria Barbosa, 30 anos, levou a filha Alice, de 3, para ser atendida. “O atendimento foi rápido. Fomos atendidas em cerca de 30 minutos, acho que pela idade dela, que coloca a gente como preferencial”, diz a mãe. “Ela tem tido febre, coriza, dor no corpo e tosse. A médica que nos atendeu disse que é comum para essa época do ano.”

Entre os pacientes também estava Tereza Sousa, 63. A aposentada conta que desde o início da semana começou a sentir desconforto respiratório, fraqueza e uma tosse seca que se tornou persistente.

“Vim atrás de fazer teste para ter certeza se é Covid-19 ou não. O doutor disse que pode não ser, que essa época das chuvas tem muita gripe. (Ele) Me passou uns remédios e agora vou esperar o resultado do exame”, diz.

A procura por atendimento de síndromes gripais na unidade passa por "aumento considerável nos últimos meses", aponta Gabriella Rocha, chefe de equipe na UPA Edson Queiroz. "Mas todos casos leves: febre, coriza, espirros, mal estar geral. Poucos são os que estão testando positivo para Covid-19. Depois da vacinação em massa, pouco vemos casos", detalha. 

Para a médica, o cenário atual é "bem semelhante ao que vivíamos antes da pandemia". "Época de chuvas e viroses, principalmente para o público infantil. Viroses de síndrome gripal e gastroenterite são bastante comuns nessa época do ano."

Covid-19 caminha para ser endêmica?

O infectologista Keny Colares explica que a tendência de estabilização do cenário das síndromes gripais se deve ao fato de que a variante do coronavírus predominante no momento circula desde o final de 2022.

“À medida que a Covid-19 está se transformando em uma doença endêmica, ou seja, que a gente vai tendo uma população cada vez mais protegida — seja por infecção passada, seja por vacina —, a gente vai tender a ter um equilíbrio maior entre as causas de síndrome gripal”, aponta.

Para Colares, o processo atual é de saída de uma fase epidêmica, em que o vírus causa muito mais casos e é imprevisível, para uma fase de endemia, em que a doença se repete ano a ano de forma mais previsível. Como um vírus respiratório, o coronavírus deve tender a “disputar espaço” com outros vírus comuns no primeiro semestre nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Ele ressalva que “não estamos livres ainda” do surgimento de novas variantes do Sars-Cov-2, as quais “podem voltar a desequilibrar esse jogo” em relação a outros vírus, como o influenza e o sincicial respiratório.

Viroses em alta na quadra chuvosa

“Esse período do ano é muito cheio de doenças; não só as síndromes respiratórias, mas também as arboviroses e viroses em geral. Normalmente há esse aumento por volta do final de fevereiro e durante março, coincidindo com a nossa quadra chuvosa, que propicia essa transmissão”, aponta Luciana Passos, gerente da Célula da Atenção Primária da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Fortaleza.

Segundo Luciana, as síndromes gripais afetam toda a população, mas as crianças, idosos e gestantes estão mais suscetíveis a complicações e têm um impacto maior.

Os dados do IntegraSUS mostram que a maioria dos pacientes com sintomas gripais que buscaram atendimento  nas UPAs de Fortaleza têm até 4 anos de idade: foram 2.804 crianças desta faixa etária. Em seguida, estão os fortalezenses com idades entre 20 e 24 anos (2.562 atendimentos) e aqueles de 25 a 29 anos (2.379 atendimentos).

“Os quadros gripais começam normalmente com sintomas nasais, nariz entupido, coriza transparente, espirros e uma tosse leve. O que chama a atenção da gente é a duração desses sintomas”, explica. Enquanto está no quadro gripal, é importante evitar locais públicos e com aglomeração, porque os vírus respiratórios são de alta transmissibilidade.

Os sintomas devem amenizar e passar em até três dias. “A recomendação é de que, nas primeiras 48 horas, 72 horas, as pessoas procurem o autocuidado, boa hidratação, boa alimentação e repouso. É importante não se automedicar. Se surgir uma febre alta, tosse persistente ou cansaço, procurar assistência médica”, orienta Luciana.

 

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