Professor de futsal preso em Fortaleza assediava alunas durante massagens, aponta investigação

O homem atuava na área há mais de dez anos, dando aulas em comunidades e escolas. Até o momento, sete vítimas foram ouvidas

Um professor de futsal, de 43 anos, foi preso preventivamente em Fortaleza. A prisão aconteceu na casa do suspeito, no bairro Praia de Iracema, na noite dessa quinta-feira, 16. O homem está indiciado por assédio, estupro de vulnerável e estupro.

A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) tomou conhecimento do caso a partir de denúncias espontâneas de uma das vítimas, que foi até a Casa da Criança e do Adolescente acompanhada de um responsável e uma colega. A partir daí, as investigações se iniciaram e outras vítimas surgiram.

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Até o momento, a Delegacia de Combate a Exploração da Criança e Adolescente (Dececa) ouviu sete jovens. Uma delas tinha menos de 14 anos na época dos assédios relatados.

Conforme as investigações, os assédios e estupros aconteceram durante massagens que o educador físico realizava nas jogadoras. Alguns desses momentos teriam acontecido na casa do suspeito.

"Ele nega a questão dos abusos. Ele conseguia chegar nessas vítimas (para ter) uma relação mais íntima através de uma 'massagem de liberação' que era feita. Esse protocolo era feito com todas", afirma Carlos Alexandre, delegado titular da Dececa.

O delegado explica que não há notícia, até o momento, por meio do relato das vítimas, de que o homem tenha produzido conteúdos de caráter erótico — como vídeos e fotos. Por isso, não foi emitido mandado de busca e apreensão.

Ainda segundo o suspeito, que foi ouvido na prisão preventiva, ele dava aulas de futsal há mais de dez anos para o público masculino e feminino, tanto juvenil quanto adulto. "É um profissional já conhecido. Segundo informações colhidas, já foi técnico de clube esportivo grande no Ceará", aponta o delegado.

A identidade do homem não será informada a fim de preservar as jovens. As investigações continuam a fim de identificar e ouvir outras vítimas.

Novas denúncias

"Nesse tipo de investigação, o relato da vítima é importantíssimo. É um crime clandestino; feito às escondidas e, muitas vezes, mediante uma relação de autoridade", enfatiza o titular da Dececa, Carlos Alexandre. "A palavra das vítimas é uma prova fundamental, e elas podem procurar a delegacia."

A PC-CE entende que pode ser que haja várias vítimas do professor de futsal. Algumas delas já foram identificadas e serão ouvidas. "Foram dez anos de profissão em que ele segue um modus operandi muito característico de chegar ao abuso através das massagens. Então, a Dececa está à disposição."

A Delegacia de Combate a Exploração da Criança e Adolescente em Fortaleza está localizada na rua Capitão Melo, 3883, no bairro São João do Tauape.

Abuso contra crianças e adolescentes: sinais de alerta

"Em casos de abuso, há alteração comportamental das vítimas. Uma criança que era espontânea e ficou mais reclusa, aversão ao contato físico e automutilação, por exemplo, são sinais de algum tipo de sofrimento psicológico", expõe Yasmin Ximenes, delegada-adjunta da Dececa.

Ximenes aponta a importância de acreditar nas palavras de crianças e adolescentes em meio a uma sociedade "muito adultocêntrica". "Outra coisa, o abusador não tem cara, ele veste uma máscara social. Ele se coloca onde está o público alvo e vai estar como alguma figura de autoridade, como guia espiritual ou professor."

Segundo ela, cabe aos responsáveis ficar atento aos sinais. "O abuso sexual existe, e a gente tem que falar dessa temática que é muito tabu em todos os locais", enfatiza. "A gente tem que ensinar às nossas crianças que o corpo é delas e explicar o que é um toque aceitável e o que não é um toque aceitável."

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