Superlotação da emergência: Sesa diz que HGF não fechou emergência e que qualificou triagem

Pasta ressalta que 60% dos pacientes atendidos na emergência da unidade "não têm o perfil do HGF"

Na noite da última terça-feira, 28 de fevereiro, o serviço de emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) passou por uma qualificação da triagem dos pacientes. É o que informa em nota a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). De acordo com a pasta, a medida foi tomada "com objetivo de diminuir a quantidade de pessoas fora do perfil da emergência".

No entanto, conforme O POVO apurou, a emergência foi fechada por volta das 17h30min de ontem, com apenas pacientes em janela (termo utilizado para pacientes que tiveram AVC) sendo liberados. As portas foram abertas após a denúncia, no começo da noite. Ainda assim, pacientes saíram sem ser atendidos.

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Em nota, a Sesa informa que o serviço de emergência do HGF funciona na modalidade porta aberta, ou seja, não nega atendimento aos pacientes do perfil da unidade. Somente na terça-feira, foram admitidos 92 usuários na emergência, garante a pasta. 

No comunicado divulgado nesta quarta-feira, 1º, a Sesa ressalta que 60% dos pacientes atendidos na emergência da unidade "não têm o perfil do HGF". Segundo a pasta, esses pacientes, que são majoritariamente moradores de Fortaleza, "deveriam ter procurado atendimento em outras unidades de saúde, como UPAs e hospitais municipais".

A pasta contabiliza que a emergência do HGF atendeu 6.391 pacientes neste ano. "Só em janeiro, foi registrado um aumento de 23% nos acolhimentos em comparação ao mesmo período do ano anterior", aponta. 

O HGF é o maior hospital da rede estadual e um centro de referência para o Norte e Nordeste em assistência de alta complexidade. Ao todo, são 33 especialidades médicas e 64 subespecialidades. Entre os serviços que se destacam estão Neurologia, Neurocirurgia, Oncologia, Cirurgia Vascular, Oftalmologia, Reumatologia, Nefrologia, Ortopedia e Obstetrícia de alto risco.

A Sesa completa que o HGF "está realizando 200 cirurgias a mais por mês". Nos últimos dez dias, 12 transplantes (renais e de fígado) foram realizados na unidade.

Memorando orientou restrição de atendimento

A situação de restrição do atendimento de livre demanda foi apontada ainda durante a tarde dessa terça-feira, quando foi publicado um memorando com o assunto "Restrição de atendimento da emergência por 12 (doze) horas - superlotação".

"Vimos, por meio deste, informar que diante da superlotação da emergência do HGF, orientamos que no dia de hoje, 28 de fevereiro de 2023, restringiremos o atendimento de livre demanda da emergência, do momento da expedição deste documento, às 17h30min, até às 7 horas do dia 1º de março de 2023", diz trecho do memorando, assinado pela coordenadora de gestão do cuidado médico do HGF, Mariana Ribeiro Moreira.

O documento continua: "Receberemos, portanto, somente pacientes em 'vaga zero' e pacientes referenciados de outros hospitais da rede via regulamentação da Sesa. Reavaliaremos o seguimento do atendimento às 7h da manhã no dia 1º de março de 2023".

Questionado ainda na noite dessa terça-feira, 28, o HGF informou por nota encaminhada pela Sesa que o serviço de emergência porta aberta seguia em funcionamento, "com atendimento a casos de alta complexidade, de acordo com o perfil terciário da unidade".

"Ressaltamos que os pacientes cujos casos não se enquadram no perfil de assistência da emergência passam por triagem e são orientados a buscar as unidades de saúde mais adequadas para atendimento de menor complexidade", informou a unidade.

O HGF é uma unidade de saúde de nível terciário, ou seja, de grande porte e voltado para atender casos de alta complexidade. O sistema de saúde no Brasil conta ainda com unidades de nível primário, os postos de saúde, e de nível secundário, como as policlínicas, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais de menor porte.

Memorando suspenso durante a noite

"No fim da tarde, recebemos a denúncia através de médicos. Após isso, me desloquei ao HGF junto a quatro deputados estaduais", explica Leonardo Alcântara, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará.

"Conseguimos conversar com a superintendente do hospital e naquele momento ela suspendeu os efeitos desse ofício", continua Alcântara, indicando que a suspensão aconteceu por volta das 21 horas.

O médico ressalta que triagens fazem parte dos procedimentos cotidianos dos hospitais. "Mas vimos pacientes sendo barrados na porta pelos seguranças, sem sequer passar por uma triagem por um profissional de saúde", diz.

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