Após quatro meses, nenhum suspeito de duplo homicídio na Praia do Futuro foi preso

Crime teria ocorrido durante um ataque da facção criminosa Guardiões do Estado à Comunidade dos Cocos. Vítimas, porém, foram mortas apenas por morarem na comunidade

22:40 | Fev. 28, 2023

Por: Lucas Barbosa
Foto de apoio ilustrativo. Caso é investigado pela 9ª DHPP (foto: Divulgação/SSPDS)

O Ministério Público Estadual (MPCE) prorrogou por mais 120 dias, na última quinta-feira, 23, o prazo para conclusão do inquérito que investiga os assassinatos de Donatha da Silva Oliveira, de 17 anos, e Kaio Ferreira dos Santos, de 18 anos. O duplo homicídio foi registrado no dia 9 de outubro último na Comunidade dos Cocos, localizado no bairro Praia do Futuro.

Quatro meses após o crime, não há suspeitos presos. Testemunhas ouvidas até o momento apontam que o duplo homicídio ocorreu durante um ataque de criminosos ligados à facção Guardiões do Estado (GDE) à Comunidade dos Cocos, que tem atuação da facção Comando Vermelho (CV).

As testemunhas também disseram que, conforme comentários na comunidade, o objetivo da ação seria praticar uma chacina em um estabelecimento comercial da região. Antes disso, porém, eles se depararam com as vítimas em um dos becos da comunidade e os assassinaram. Os depoimentos também apontam que Donatha e Kaio não tinham envolvimento com atividades criminosas, tendo sido mortos apenas por serem moradores da comunidade.

Uma das testemunhas ainda afirmou ter ouvido de moradores que cerca de 15 homens participaram da ação. Outro relato descrevia que os executores utilizavam roupas camufladas e balaclava no rosto.

Conforme O POVO mostrou à época do crime, após o duplo homicídio, começaram a circular nas redes sociais mensagens atribuídas ao CV determinando que, a partir de então, motoristas que fossem entrar na comunidade deveriam retirar o capacete ou baixar os vidros dos carros quando entrassem no local.

"Estamos pedindo humildemente a todo que colaborem, caso contrário, quem desacreditar, vai ser cobrado, pode ser quem for" (SIC), diz a mensagem, datada de 10 de outubro, um dia após o crime.

Apesar de Kaio ser um homem trans, ele foi descrito nas estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) como do sexo feminino.