Músicos fazem manifestação em repúdio a agressões sofridas por artistas no Carnaval
Manifestantes também relembram propostas e solicitações feitas à Prefeitura que não foram discutidas com a gestãoO Sindicato dos Músicos Profissionais do Ceará (Sindimuce) organizou uma manifestação nesta segunda-feira, 27, em frente ao Paço Municipal, para demonstrar repúdio às agressões sofridas pelos músicos Cainã Cavalcante e Tiago Pikachu em um dos polos do Carnaval de Fortaleza. Além disso, os artistas pediram mais diálogo com a Prefeitura da Capital e melhores políticas públicas para fomento da cultura.
O protesto reuniu cerca de 12 pessoas. Segundo o presidente do Sindicato, o guitarrista Amaudson Ximenes, a pouca quantidade de manifestantes mostra que a classe está “desanimada” e com expectativas frustradas depois do período difícil vivido em meio a pandemia. “Esse era um momento crucial do poder público apoiar com políticas, com trabalho”, afirma.
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Para Amaudson, as agressões sofridas pelos músicos no Carnaval, cometidas por seguranças de empresa contratada pela Prefeitura, foram a “gota d'água” para a realização do movimento. No entanto, reivindicações da categoria que não foram acatadas pelo poder público também influenciaram na decisão de se manifestar.
“A gente entregou um documento em junho do ano passado com 30 propostas [para a Cultura]. Tivemos uma reunião e outras três desmarcadas, uma delas a gente já estava na sala. Não é só a música, mas com todas as linguagens [artísticas]”, relata o presidente do Sindimuce. “O secretário de cultura tem que dialogar com a Cidade. Chega a ser patética essa miopia da gestão com a Cultura”, afirma.
Entre as propostas e pedidos, os músicos solicitam maior clareza nos critérios de seleção de músicos para os eventos da Cidade e mais espaço para artistas locais nos festivais, com a diminuição da disparidade de cachês entre as atrações de Fortaleza e as de fora. A Prefeitura respondeu o ofício em setembro de 2022, com respostas que não foram consideradas “suficientes” pelo Sindicato.
Heriberto Porto, membro da diretoria do Sindimuce, comenta ainda sobre demandas antigas da categoria, como a criação de uma escola de música municipal e de uma orquestra oficial de Fortaleza. “O poder público precisa investir na educação musical. Fortaleza não tem uma orquestra, enquanto Teresina, Natal e João Pessoa, capitais próximas, tem orquestras profissionais”, diz.
Através de nota, a Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) afirmou que é pautada "pelo diálogo com a classe e respeito a todas as manifestações artísticas". O Conselho de Cultura, segundo a pasta, é onde as discussões acontecem, sendo composto por representantes do poder público e da sociedade civil.
"A mesma política tem sido adotada nas tratativas com o Sindicato dos Músicos do Ceará, nos últimos meses. Além de duas reuniões com os titulares da pasta, a entidade já teve uma resposta à pauta de reivindicações inicial. Um terceiro encontro não ocorreu pela ausência dos representantes do sindicato e apenas uma data precisou ser desmarcada, por coincidir com a realização da reunião do Conselho Municipal da Cultura, que é presidido pelo secretário Elpídio Nogueira", transcreve a nota da Secultfor.
Sobre a violência sofrida pelos músicos, a Secultfor também enviou nota, a mesma já emitida pela pasta anteriormente. A Secretaria repudia o ocorrido e afirma que o secretário Elpídio Nogueira entrou em contato com o artista Cainã Cavalcante e outra pessoa entrou em contato com o artista Tiago Pikachu.
"Foi determinada a apuração dos excessos denunciados, acontecidos na última terça-feira. O titular da secretaria reuniu a organização do evento para definir medidas e encaminhamentos a fim de que situações como as registradas não mais se repitam, incluindo uma melhor capacitação dos profissionais de segurança. A empresa responsável pela segurança já foi notificada", finaliza a nota.
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