Seis homens se tornam réus por chacina que deixou quatro mortos no Lagamar
Denúncia foi aceita na última sexta-feira, 17, um dia antes do crime completar um ano. Apenas um dos acusados está preso, porém
09:42 | Fev. 23, 2023
Seis homens viraram réus acusados de matar quatro pessoas na comunidade do Lagamar, no bairro São João do Tauape, em 18 de fevereiro de 2022. A denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) foi aceita pela 5ª Vara do Júri nessa sexta-feira, 17, um dia antes da chacina completar um ano.
São acusados pelo crime: José Paulo Carneiro de Moraes, conhecido como Preto, de 38 anos, apontado como mandante do crime; Claudeonor da Silva Nascimento, conhecido como Cara de Cavalo, de 30 anos; Denilson Martins Gadelha, conhecido como Ratinho, de 21 anos; Ítalo Hugo da Silva Cury, conhecido como Itinho, de 28 anos; Paulo Victor Carneiro de Morais, conhecido como Vitim, de 36 anos; e Rafael Barros dos Reis, conhecido como Tuché, de 39 anos. Estes cinco últimos seriam os executores do crime.
Conforme a investigação da 7ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (7º DHPP), a chacina foi motivada por um ruptura dentro da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). A denúncia do MPCE narra que a comunidade do Lagamar era dominada pela facção GDE e tinha dois chefes: Preto, acusado de ser o mandante da chacina, e Bruno Felipe Nunes Pereira, conhecido como Boladão ou Playboy, que é foragido da Justiça.
Este último, entretanto, teria se aliado à facção carioca Terceiro Comando Puro (TCP), sem o consentimento da cúpula da GDE. O “estopim” para o crime, diz o MPCE, foi uma viagem feita por uma das vítimas, Yuri da Silva Souza, conhecido como Testa, ao Rio de Janeiro, onde ele encontraria Bruno Felipe. "A atitude foi interpretada como de 'leva e traz' pelos membros da GDE", consta na denúncia, assinada pelo promotor Ythalo Frota Loureiro.
As vítimas seriam ligadas a Bruno Felipe. Os quatro homens foram mortos em pontos diferentes do Lagamar. Os executores chegaram de carro a rua José Buson e passaram a perseguir as vítimas, que foram atingidas nas ruas do Canal e Sousa Pinto e na Travessa Capitão Aragão, conforme mostrado na imagem abaixo:
No crime, além de Yuri, foram mortos: Cauê Silva da Paz, Eduardo Beserra do Nascimento, conhecido como Dudu, e Airton da Silva Delfino, conhecido como Boca. Eles foram atingidos, respectivamente, por 17, 9, 18 e sete tiros.
Os réus responderam por quatro homicídios triplamente qualificados (motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa) e pelo crime de integrar organização criminosa.
O POVO apurou que um pedido de prisão temporária em desfavor dos acusados foi requerido pela Polícia Civil à Justiça ainda em 4 de maio de 2022. Entretanto, atualmente apenas Denilson foi preso, conforme informações da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Ele foi autuado em flagrante portando uma arma de fogo em 29 de janeiro último no bairro Papicu.
Entre os argumentos utilizados pelos delegados para pedir a prisão, está o depoimento de um morador da comunidade que afirmava que "todos os envolvidos na Chacina do Lagamar estão transitando normalmente na comunidade e continuam impunes pelo que fizeram".
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