Matrículas para estudantes com deficiência ainda podem ser feitas na rede municipal de Fortaleza

Este estrato estudantil pode ter acesso a salas de aula com profissionais que atuam como vetores da inclusão

11:23 | Fev. 18, 2023

Por: Carlos Enrique Correia
Estudantes com deficiência precisam de acompanhamento profissional durante atividades escolares (foto: FAE Business School)

Pais ou responsáveis de crianças e adolescentes com deficiência ainda podem efetuar as suas matrículas na rede municipal de ensino de Fortaleza. Os interessados podem procurar a escola mais próxima para que a Secretaria de Educação de Fortaleza (SME) possa realizar o encaminhamento necessário.

Segundo a pasta, o mapeamento das necessidades especiais dos alunos e o estabelecimento do suporte necessário são algumas das medidas realizadas. Até o fim de janeiro, 10.526 matrículas de estudantes com deficiência foram realizadas na esfera municipal.

Ao O POVO, o secretário adjunto da SME, Jefferson Maia, afirma que o departamento tem tomado medidas que vão ao encontro de uma maior inclusão deste público no ambiente escolar. “Primeiro, a educação inclusiva é muito importante. Temos visto um crescimento das matrículas na nossa rede. Estamos desenvolvendo ações que buscam fortalecer o processo de inclusão, como o fortalecimento da estrutura das escolas e do corpo técnico”.

Um dos trunfos da secretaria é a implementação de salas com Atendimento Educacional Especializado (AEE). Nelas, profissionais identificam, elaboram e organizam ações pedagógicas com o intuito de agregar os estudantes com algum tipo de deficiência a todo o ecossistema educacional.

“A intenção é universalizar a educação. As salas com Atendimento Educacional Especializado (AEE) são primordiais para que possamos alcançar os resultados que buscamos. Queremos garantir que todos os alunos tenham acesso a um bom ensino”, aponta Maia.

O catálogo de implementações da pasta conta com 252 salas com recursos multifuncionais, onde materiais de cunho didático e pedagógico são usados e equipamentos para o atendimento dos estudantes podem ser utilizados. Além disto, 515 profissionais de apoio escolar e 571 assistentes de inclusão fazem parte do esforço educacional direcionado ao público com deficiência.

Os profissionais de apoio atuam junto com os estudantes quando questões relacionadas à higiene, alimentação e locomoção se tornam elementos impeditivos para o aprendizado. Já os assistentes de inclusão não estão vinculados a nenhum estudante com deficiência de forma exclusiva, atuando de forma mais abrangente. Eles vão trabalhar em momentos específicos, onde determinada ajuda é necessária.

Necessidade da inclusão

A neuropsicóloga Clarissa Leão, especialista no atendimento de autistas,
aponta que a inclusão precisa ser imposta não somente às crianças ou adolescentes portadores de algum tipo de deficiência, mas a todo o público infantojuvenil neurotípico.

“A criança que não tem a necessidade vai aprender muito convivendo com quem é diferente. Isto faz todo sentido para o desenvolvimento infantil e para todas as idades. É importante conviver com o diferente e aceitá-lo. Na minha opinião, este é o maior dos ganhos”, afirma a neuropsicóloga.

Ela lista um recheado cardápio de movimentos que podem ser tomados para que este público seja mais atendido em sala de aula. “A escola pode contribuir oferecendo adaptação de material didático e de provas. Os acompanhantes terapêuticos também são muito necessários, já que ficam auxiliando a criança durante o processo de aprendizagem”.

O acompanhante, ressalta Clarissa, pode ajudar a criança ou o adolescente em momentos coletivos, como em atividades nos ginásios e nos parques de recreação, auxiliando-os durante todo o processo de aprendizagem e inclusão.

A neuropsicóloga também aponta que a realidade brasileira está aquém do ideal, principalmente no tocante à infraestrutura das escolas que recebem este público e à qualificação dos professores. “Muita coisa precisa ser melhorada. É importante apontar que a maioria das escolas não conta com estrutura para receber estas crianças e jovens, nem com profissionais treinados para lidar com eles”.

Clarissa ainda afirma que o número de profissionais disponibilizados para atender ao público na rede municipal é muito pequeno, resultando em uma debandada de muitos para a rede privada de ensino. "Em linhas gerais, considerando o número de crianças com necessidades especiais em nosso estado, é, infelizmente, ainda muito baixo [a quantidade de profissionais]".

Parecer

Em nota, a SME afirma que os profissionais da AEE realizam um relatório pedagógico individualizado, em que as necessidades de cada estudante matriculado são examinadas. Depois disto, se necessário, a rede municipal disponibiliza o profissional para o aluno.

Em 2013, aponta a secretaria, a rede educacional da cidade contava com 15 profissionais que atendiam estudantes com deficiência. Neste ano, a pasta espera que 44 pessoas incrementem a equipe que presta auxílio ao público relativo à educação inclusiva.

A SME ainda afirma que está realizando levantamento para identificar os alunos que estão precisando de acompanhamento dos profissionais de apoio.