Fortaleza: ação orienta foliões sobre cuidados com excessos durante período carnavalesco

Estimativa é que cerca de dois mil insumos como água, biscoito e camisinha tenham sido distribuídos nos polos da Praça do Ferreira e do Mercado do Pinhões — contemplando aproximadamente 500 foliões

23:24 | Fev. 10, 2023

Por: Gabriela Almeida
FORTALEZA, CEARA, BRASIL, 10.02.23: Pre-Carnaval. Ação para prevenção com entregas de preservativos masculinos e femininos, doces e aguas, para conscientização. (Foto: Aurelio Alves) (foto: AURÉLIO ALVES)

Buscando garantir que a folia seja aproveitada de forma saudável, o Centro de Referência sobre Drogas (CRD) realizou, nesta sexta-feira, 10, uma ação para conscientizar populares da importância de manter cuidados básicos e de evitar excessos durante o período carnavalesco em Fortaleza. A estimativa é que cerca de dois mil insumos como água, biscoito e camisinha tenham sido distribuídos nos polos da Praça do Ferreira e do Mercado do Pinhões — contemplando aproximadamente 500 foliões.

Ação do órgão, que é vinculado à Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), ocorre quatro dias depois de um vídeo em que uma mulher e dois homens aparecem mantendo relação sexual no espigão da Praia de Iracema ter viralizado nas redes sociais, ganhando repercussão nacional. Caso inflamou o debate sobre o excesso da população nesse período de festas.

"Nós pensamos nessa ação de prevenção e redução de danos antes desse fato (circulação do vídeo) acontecer, justamente lembrando que nesse período de Carnaval, principalmente por estarmos a dois anos sem Carnaval, as pessoas acabam se excedendo", afirma. "Essa ação foi pensada pra gente conscientizar as pessoas de que a gente deve intercalar a água com a bebida, deve se manter hidratado, se alimentar bem (...) Esses cuidados básicos que fazem diferença", frisa Amanda Albuquerque, gerente do CRD.

Ação contou com uma equipe multidisciplinar, formada por assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos. Em cada praça, os profissionais atuavam tanto nas estações como também circulavam pela festa, distribuindo preservativos, água, doces e informativos para os foliões e pessoas em situação de rua. 

Darlen Amaro, 42, mora perto do Mercado dos Pinhões e conta que já viu muita gente se exceder na bebida alcoólica durante os finais de semana na região. "É ótimo dar uma água pro pessoal se hidratar, (dar) um chocolate, biscoito. É muito bom isso, pra evitar que o pessoal se exceda no álcool", pontua o autônomo, que aproveitou para pegar uma água com as profissionais.

Quem também garantiu sua água e um biscoito foi Francialdo Gondim, 63, que sempre aproveita as festas no Mercado. "Não tem melhor bebida que a água. Você pode beber cerveja, tudo, mas não passa a sede. E quando a gente tá bebendo, principalmente no Carnaval que a gente bebe muito, tem que sempre ter a água, e com esse lanchinho melhor ainda", brinca o servidor público.

A ação impressionou até quem estava curtindo o pré-Carnaval na Cidade pela primeira vez, como a costureira Paula pereira, 39, que foi ao polo dos pinhões ao lado do companheiro. Ao ser abordada pelas profissionais, ela optou por receber uma água e um biscoito. "Acho (ação) muito importante", destaca.

Profissionais orientam e combatem desinformação nas praças

Além da distribuição de água e comida, equipe também atuou distribuindo camisinhas masculinas e femininas. Como observado pelo O POVO, muita gente se recusou a receber os preservativos no Mercado dos Pinhões e alguns foliões ainda transformavam materiais em balões, brincando com eles. 

Conforme equipe da CDR, recusa aconteceu em grande parte devido ao fato de que foliões já haviam recebido camisinhas em outras ações da Prefeitura. No entanto, muitos dos populares mostraram resistência afirmando que não se protegiam na hora do sexo ou que companheiros "não gostavam" da proteção.

Emily Ribeiro, enfermeira que esteve na ação do polo dos pinhões, atuou conscientizando as pessoas sobre a importância da camisinha. Toda vez que entregava um preservativo feminino ela precisava ensinar para as foliãs como se usava o material. "Não existe instrução (para uso da camisinha feminina), as pessoas têm dificuldade", conta a profissional.

Renata Mendes, 25, se surpreendeu quando descobriu que ação estava entregando preservativo voltado para mulheres, e ainda do modelo de fabricação mais recente. A enfermeira relata que é difícil ter acesso a camisinhas femininas e por essa razão há muito pouco conhecimento sobre esse tipo de produto.

"É uma oportunidade da galera conhecer o preservativo (feminino), até porque é o novo, não é o antigo. E dá a possibilidade de além de conhecer, de usar não somente o masculino mas também o feminino", pontua.

A profissional, que leciona em cursos de enfermagem no interior do Ceará, aproveitou para pegar algumas camisinhas femininas com a equipe e garante que vai mostrar modelos aos alunos durantes as aulas, para passar a informação sobre o uso adiante.