Evento na Uece celebra o ano-novo lunar, tradição asiática
Com presença de professores e apresentações de artes marciais, evento foi realizado por Lepo e Instituto Confúcio; ano do coelho começou em 22 de janeiroNa cultura ocidental, a passagem do tempo é contada por ciclos solares. Um ano, 365 dias, correspondem a uma volta do planeta ao redor do Sol. Outros povos, no entanto, adotam o ciclo lunar para esta medição.
O exemplo mais difundido é o da China. No país asiático, a passagem do ano ocorre entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, sendo uma das celebrações mais importantes em todo o continente.
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O ano-novo lunar de 2023 ocorreu em 22 de janeiro. Para marcar a data, o Laboratório de Estudos e Pesquisas Orientais (Lepo), da Universidade Estadual do Ceará (Uece) organizou uma celebração que ocorre desde a semana passada.
O último evento foi na manhã deste sábado, 28, no Centro de Humanidades da Uece. A celebração foi aberta por uma palestra com os professores Antônio Guerra, diretor do Lepo, Laura Tey, do Nihongô Lab, que estuda a cultura japonesa, e Sianhua Su, diretor do Instituto Confúcio em Fortaleza.
Os professores contaram a origem do ano-novo lunar no leste asiático. A comemoração se baseia no mito de um monstro que, no fim do inverno, passava por diversas aldeias e comia moradores. Uma divindade teria, então, ensinado as populações da época a afastar a ameaça, com o uso de objetos vermelhos e fogos de artifício.
Encerrando o evento, apresentações de artes marciais trouxeram diversos grupos que atuam em Fortaleza. Foram feitas exibições de kung fu, hapkido e tai chi ch'üan.
Ano-novo lunar é celebrado em diversos países
A lenda deu origem a uma série de costumes, que são seguidos na China há milênios. Os hábitos se espalharam por outros países da região, sendo uma das comemorações mais relevantes a nível mundial.
A época equivale, de modo aproximado, a uma junção das celebrações de Natal e Réveillon na cultura cristã. São costumeiros, no período, hábitos seguidos pelos ocidentais em ambas as datas.
Um deles é a reunião familiar. Segundo o professor Su, é tradição que as pessoas voltem às suas cidades natais para passar o ano-novo com a família, algo que ocorre há mais de 3 mil anos.
Outro traço característico é a troca de presentes. Um dos costumes é que parentes mais velhos ofereçam aos mais novos quantias em dinheiro, que são entregues dentro de um envelope vermelho.
A cor também é usada na decoração, com cartazes e adereços vermelhos sendo pendurados nas casas. Por fim, os fogos de artifício — inventados pelos chineses milênios antes do seu uso por países ocidentais — também são habituais no período.
Os ciclos de 12 anos, usados para facilitar a contagem dos anos na época em que grande parte das pessoas não tinha acesso à educação, montam o chamado horóscopo lunar, ou horóscopo chinês. A medida permite um cálculo aproximado da idade de uma pessoa, ao inferir quantos anos temáticos de determinado animal se passaram desde o nascimento.
Em 2023 celebra-se o ano do coelho. Su pontua que os animais trazem consigo determinadas características. Em 2022, por exemplo, celebrou-se o ano do tigre, que, por sua natureza feroz, indica um período conturbado. Para o coelho, no entanto, espera-se um período tranquilo e de alegrias.
O professor também pontua que os termos "ano-novo chinês" e "ano-novo lunar", usados frequentemente como sinônimos, remetem ao calendário usado historicamente pela China. O método de contagem se espalhou por diversas partes da Ásia, com adaptações: no Japão, por exemplo, o javali ocupa o lugar do signo de porco, enquanto no Vietnã o coelho é substituído pelo gato.
Por fim, Su indica que interessados nos idiomas e na cultura chinesas podem procurar o Instituto Confúcio. Em Fortaleza, ele funciona na Universidade Federal do Ceará (UFC), e abre matrículas semestralmente. Não é necessário conhecimento prévio da língua: as aulas dos primeiros níveis são ministradas em português.
O Japão celebrava o ano-novo lunar até 1873, quando o imperador determinou a adoção do calendário gregoriano para aproximar o país do Ocidente. Embora as festividades sejam feitas majoritariamente em 1º de janeiro, em muitos locais ainda há celebrações nas datas chinesas.
A professora Laura Tey, que coordena o curso de japonês no Núcleo de Línguas da Uece e o laboratório Nihongô, indica que, ainda assim, há semelhanças entre as culturas. O zodíaco e os próprios costumes na virada do ano são alguns exemplos, embora as datas sejam distintas entre os países.
Para pessoas interessadas no idioma e na cultura japonesas, a professora Tey indica o curso no Núcleo de Línguas, que abre provas de ingresso duas vezes ao ano. Em 2023, o ensino de japonês na Uece celebra 30 anos.
O laboratório Nihongô, originado do curso, é aberto a estudantes de quaisquer instituições. Nele pesquisam-se o idioma, a cultura e a história do Japão. Para este ano, estão previstas uma série de palestras, culminando na comemoração de 30 anos do curso, em outubro.