Seis linhas de ônibus permanecem na Visconde do Rio Branco após reforma na praça Coração de Jesus

Segundo a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), linhas permanecem com parada final na avenida, pois terminal da Praça Coração de Jesus tem capacidade limitada

Após a conclusão das obras no Terminal da praça do Sagrado Coração de Jesus, localizado na rua Solon Pinheiro, no bairro Centro, em Fortaleza, as linhas de ônibus que trafegavam temporariamente na avenida Visconde do Rio Branco foram transferidas de volta. Agora, apenas seis linhas permanecem com parada final na avenida.

De acordo com o vice-presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Raimundo Rodrigues, foram mantidas na Visconde do Rio Branco as linhas 022 - Jardim das Oliveiras/Centro; 610 - Cidade Func/Cj Alvorada/Centro; 611 - Cidade Func/Cofeco/Lago Jacarey/Centro; 613 - Barroso/Jardim Violeta/Centro; 638 - Pedras/BR 116/Centro; e 906 - Caça e Pesca/Serviluz/Centro. As linhas que realizam o embarque e desembarque na avenida seguem em direção à BR 116.

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“As linhas que atualmente operam na Av Visconde do Rio Branco devem permanecer. A justificativa é que o novo terminal tem capacidade limitada. Desta forma, o objetivo é avaliar o fluxo de ônibus e de passageiros de forma que o terminal não fique saturado, ou seja com muitos ônibus e passageiros prejudicando o atendimento e o trânsito do entorno”, destaca Raimundo.

A diarista e passageira da linha 613, Rita Moisés, de 63 anos, conta que, apesar da mudança ter alterado o número de pessoas que passavam pela avenida para pegar ônibus, ela prefere continuar esperando na parada da Visconde, do que ir ao terminal. “Aquele ponto de terminal ali não tem nem [fila] preferencial. É a lei do mais forte. Se você tiver peito para enfrentar, você entra e pega uma cadeira. Se não, você vai em pé até chegar no ponto que for descer e os mais novos vão todos sentados”, afirma a idosa.

Ela menciona ainda que a linha que ela pega para voltar de casa para o trabalho costuma atrasar. “A gente que é dona de casa, sai do trabalho cedo para chegar em casa cedo também, e perde um tempo medonho nesses pontos de ônibus. É impressionante, a passagem cara demais e o transporte cada vez pior”, diz.

Já a vendedora de vestuário infantil e passageira da linha 612 - Conjunto Tancredo Neves/Centro, Paulina Darc, pontua que a volta da linha para o Terminal fez com que ela precisasse alterar a rotina. Mudando até mesmo o ônibus que ela pega para retornar do trabalho. Agora a vendedora desce no bairro vizinho e precisa pegar outra condução para só então conseguir chegar em casa.

“Venho ao Centro buscar mercadorias, mas sempre fico aqui nesse ponto (na avenida). Antigamente, passava a linha 612, o Tancredo Neves, por aqui. Mas agora que mudou para o terminal, eu pego o 610, Cidade dos Funcionários. Como esse ônibus não passa pelo Tancredo Neves, onde eu moro, tenho que pegá-lo para descer no bairro seguinte”, explica a comerciante.


Falta de notificação da Prefeitura e insegurança prejudica ambulantes cadastrados

Com a retirada de grande parte das linhas de ônibus que circulavam na Visconde do Rio Branco, os vendedores ambulantes que permaneceram no local têm se sentindo prejudicados tanto pela queda no movimento de clientes, que frequentavam as paradas, quanto pela insegurança, devido alguns casos de assaltos que estão acontecendo por conta do pouco movimento na rua.

Um dos vendedores é Francisco Anterino Batista, que tem cadastro para permanência de comércio ambulante pela Prefeitura há 30 anos. Ele trabalha com a venda de lanches em um carrinho, de segunda a sábado em horário comercial, na avenida. Nas últimas semanas, o senhor conta que a falta de clientes tem o feito considerar desistir do trabalho.

“Para o pedestre até melhorou, porque diminuiu mais [o fluxo de pessoas nas paradas]. Só que o movimento caiu. Enquanto esses últimos vendedores continuarem por aqui, eu também continuo, mas se eles saírem, eu vou ter que sair também”, relata Francisco.

Na manhã de segunda-feira, 23, ele chegou para trabalhar e se deparou com a porta do carrinho quebrada. Além de estar sem o cadeado, Francisco percebeu que algumas mercadorias tinham sido furtadas. Segundo ele, não é a primeira vez que situações como essa ocorrem na avenida após a transferência das linhas de ônibus para outros pontos do Centro, pois com a falta de movimento, o local torna-se propício para assaltos.

Entre as reclamações dos comerciantes, está ainda a falta de notificação da Prefeitura sobre a renovação do cadastro dos ambulantes daquela área. De acordo com os vendedores, eles deveriam ter sido transferidos para a praça ou para o Terminal Sagrado Coração de Jesus, mas não há nenhum tipo de retorno por parte das entidades competentes quando procuradas.

“Disseram que os ambulantes cadastrados iam poder voltar para dentro do terminal depois das obras serem finalizadas, mas não deixaram. O pessoal que está lá, fica só na hora que liberam. Se não, o rapa chega, aí eles têm que sair. Então, fica naquele ‘tira e bota’ e ninguém consegue vender direito”, afirma Francisco.

A vendedora ambulante Cilene Mendes, cadastrada pela prefeitura há 29 anos, explica que ela e outros comerciantes que estão na avenidas, são cadastrados, na verdade para atuar dentro da Praça do Sagrado Coração de Jesus, mas nada foi informado até agora.

“Nós, na verdade, somos cadastrados para trabalhar dentro da praça. Não aqui. Eles disseram que era provisório, aí foram tirando os ônibus, concluindo as obras e fomos ficando. O pior é que não vem ninguém falar com a gente, as bancas [dos ambulantes] estão sendo arrombadas. Não tem ninguém por nós, se você fica aqui pela manhã é tanto sol ou, às vezes, chove tão forte, que não tem quem aguente”.

Cilene diz que com a insegurança e o baixo número de clientes, ela também tem considerado abandonar as vendas no local. “O fluxo de clientes ficou muito pouco, muito mesmo. Inclusive, já estou pensando em sair daqui, vou ver se arranjo alguma coisa em outro local. Estou aqui desde de manhã e, até agora, às 15 horas, só consegui vender duas águas”, conclui.

Em nota enviada ao O POVO, a Secretaria Executiva Regional 12 (SER 12) informa que realiza um levantamento a fim de identificar e regularizar os vendedores ambulantes que hoje ocupam a Avenida Visconde do Rio Branco, no bairro Centro.

Simultâneo a isso, a SER 12 também realiza um estudo com o intuito de realocar os ambulantes. Atualmente, a Secretaria está mapeando espaços no território da Regional que tenham capacidade e viabilidade para receber os vendedores regularizados. Prazos não foram informados pelas entidades.

Saiba onde estão parando as linhas:



Av. Visconde do Rio Branco

022-Jardim das Oliveiras/Centro
610-Cidade Func/Cj Alvorada/Centro
611-Cidade Func/Cofeco/Lago Jacarey/Centro
613 - Barroso/Jardim Violeta/Centro
638-Pedras/Br 116/Centro
906-Caça e Pesca/Serviluz/Centro

Pedro I

605-José Walter/Br 116/Av. I/Centro
606-José Walter/Br 116/Av. N/Centro
625-Parque Manibura/Centro
670-Sítio São João/Centro
022-Jardim das Oliveiras/Centro
610-Cidade Func/Cj Alvorada/Centro
611-Cidade Func/Cofeco/Lago Jacarey/Centro
638-Pedras/Br 116/Centro
906-Caça e Pesca/Serviluz/Centro


Terminal Sagrado Coração de jesus

501-Bairro de Fátima/Rodoviária/Centro
600-Messejana/Frei Cirilo/Expresso/Centro
601-Aerolândia/Centro
602-Parque Pio XII/Ana Gonçalves/Centro
603-Jardim União/Centro
604-Dias Macedo/Centro
609-Cidade Func/Sítio São José/Centro
612-Cj Tancredo Neves/Centro
633-Passaré/Centro
649-Cidade Func/Sítio São José/CMR/Centro
650-Messejana/Centro/Br Nova/Expresso
660-Cj Palmeiras/Centro
665-Corujão/Messejana/Centro
666-Jardim Castelão/Centro
701-Parque Americano/Centro
702-Antônio Sales/Dionísio Torres/Centro
816-Edson Queiroz/Centro

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